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Embolia é ameaça à vida das plantas; estudo foi publicado nos Estados Unidos
UFPB e pesquisadores de nove países tentam salvar árvores centenárias
Recentemente, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) foi identificada como a 12ª instituição da América do Sul que mais pesquisa no campo das ciências naturais, segundo o Nature Index, banco de dados da Nature, uma das revistas científicas mais importantes do mundo. O levantamento monitora as contribuições para artigos de pesquisa publicados em um grupo de periódicos de ciências naturais de alta qualidade.
A Assessoria de Comunicação Social (Ascom) da UFPB realiza, a partir desta semana, uma série de reportagens para apresentar as pesquisas que ajudaram a alavancar a performance da instituição no ranking da Nature.
Um desses trabalhos é o do professor Rivete Silva de Lima, do Departamento de Sistemática e Ecologia da UFPB, que, juntamente com Mark Olson, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e pesquisadores da Austrália, Chile, Equador, Espanha, Estados Unidos, Itália, México e Nova Caledónia uniram-se, há dez anos, para estudar a morte de árvores centenárias no mundo e publicaram o resultado da pesquisa no jornal americano Proceedings of National Academy of Science, da Academia de Ciências dos EUA.
Segundo o artigo, as grandes perdas de vegetação nas florestas ao redor do planeta têm se tornado uma das alarmantes preocupações para ambientalistas e cientistas que estudam especificidades adjuntas ao meio ambiente. Uma das mais graves é a morte de árvores que possuem elevada contribuição para o equilíbrio ecológico. Nesse contexto, vários estudiosos do campo da botânica começaram a apurar o porquê das árvores estarem morrendo dentro das matas.
“As árvores têm um papel fundamental para o equilíbrio da vida. São elas que fornecem oxigênio e alimento para aves, primatas, roedores, insetos. A morte delas produz mudanças climáticas e desequilíbrios em cadeias alimentares. Então essas são nossas principais preocupações”, conta o pesquisador.
O professor Rivete explica que, ao longo dos últimos 200 anos, principalmente após a Revolução Industrial, o planeta vem sofrendo alterações climáticas que, dentre vários desarranjos no meio ambiente, fazem com que algumas regiões fiquem mais quentes e outras mais frias. Segundo ele, plantas de pequeno e de grande porte sentem mais essas transformações.
Ao constatar essas mudanças no clima, o estudo começou a avaliar a condutividade hídrica dos elementos de vaso, que são as células que possuem o papel de transportar a água das raízes para as folhas das árvores. Quanto maior o diâmetro dos elementos de vasos, maiores são a vazão e condutividade de água pelas plantas.
Contudo, surgiu um problema que assustou os pesquisadores. Por essas árvores de grande porte possuir uma abertura maior, elas também são mais vulneráveis à formação de embolias, ou seja, de bolhas de ar dentro dos vasos. Essas bolhas ocorrem quando as plantas são submetidas às tais mudanças climáticas.
A embolia bloqueia o fluxo de água, matando folhas, galhos e muitas vezes a árvore inteira. Essa condição explica a vulnerabilidade dessas plantas quando são submetidas a secas, por exemplo. Então foi identificado que as mudanças climáticas estão interferindo diretamente na condutividade de água pelas árvores.
“O que pode provocar a formação dessas bolhas de ar é o aumento ou diminuição da temperatura. É fácil de a gente entender isso quando colocamos água para aquecer. Conseguimos observar que começam a sair bolhas de ar, que podem ser gases que estão dentro da água. O mesmo ocorre quando existe a diminuição da temperatura. É possível averiguar isso quando pegamos um bloco de gelo e verificamos alguns pontinhos dentro dele; é exatamente o desprendimento dessas bolhas”, exemplifica o docente.
Novos hábitos ajudam
O docente explica que a relevância desta pesquisa é basicamente mostrar a dinâmica que está ocorrendo dentro das matas. Pois, segundo ele, essas árvores maiores são as que produzem mais folhas, flores, frutos e consequentemente mais sementes.
“Tudo isso leva à necessidade de preservação dessas plantas e, como consequência desse quadro, é preciso buscar uma ou mais formas de evitar a morte delas”, conclui Rivete. Para o pesquisador, atitudes simples ajudam, sobretudo no consumo de combustíveis fósseis, que provocam mudanças climáticas.
“Se, por exemplo, um sujeito vai todos os dias de carro para o trabalho sozinho e seu vizinho trabalha no mesmo local ou próximo, ao realizarem o itinerário juntos, teríamos menos carros gastando combustível.” orientou o professor como uma possibilidade.
Hábitos corriqueiros como fazer caminhadas para deslocamentos curtos, andar de bicicleta se o trabalho fica perto de casa, evitar suprimir a vegetação pelo corte desnecessário de árvores, replantar nas áreas em que é possível e repensar o consumo de energia elétrica são outras soluções.
Michelly Santos | Ascom/UFPB