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Soluções para tratamento da água geram renda e benefícios ambientais
Uma usina em Curitiba (PR) produz energia a partir de resíduos orgânicos e lodo de esgoto. O exemplo de gestão responsável de resíduos, que gera renda e reduz o uso de aterros, foi apresentado quarta-feira (21) no 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília.
No painel “Transformando limões em limonada: como a tecnologia está alterando a gestão de resíduos em oportunidade”, organizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e União Europeia, especialistas brasileiros e internacionais discutiram as contribuições da ciência para melhorar a gestão da água.
“Temos, hoje, no Brasil, o maior parque de tratamento anaeróbio do mundo. Geramos energia elétrica através de lodo e resíduos orgânicos. Essas práticas não acontecem somente em países desenvolvidos, como a França, o Japão ou a Coreia do Sul. Está acontecendo em nosso país. A lógica é que o esgoto gera valor para a sociedade e não deve ser desperdiçado. O que precisamos agora é universalizar essas práticas sustentáveis”, disse o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Gustavo Possetti.
Segundo ele, antes de ser usado para gerar energia, 400 toneladas de resíduos orgânicos e milhares de metros cúbicos de lodo de esgoto eram descartados todos os dias no meio ambiente. Agora, além de biogás, a usina produz biofertilizantes, que substituem os defensivos químicos usados na agricultura.
“Geramos subprodutos importantes durante os processos de tratamento de esgoto. É uma tecnologia que permite muitas aplicações. Não há dúvida de que o aproveitamento desses subprodutos gera uma solução para os desafios de saneamento e crise hídrica”, acrescentou Possetti.
A inspiração veio da França e Alemanha, países que combinam tecnologias e políticas públicas para o reaproveitamento dos resíduos. “Produzimos muito biogás e usamos os subprodutos para diferentes finalidades. Investimos em energias alternativas. Na França, tentamos maximizar esses projetos. Nosso objetivo é ampliar plantas de biogás para atender as nossas necessidades”, explicou o diretor de Estratégias de Desenvolvimento para Infraestruturas de Tratamentos de Água do Grupo Suez, Miguel Angel Sanz.
Para o pesquisador Cícero Figueiredo, doutor em Ciências Agrícolas pela Universidade de Brasília (UnB), o chamado biochar é uma inovação do reaproveitamento de resíduos sólidos que contribui não só para reduzir impactos no meio ambiente, mas também para agregar valor na agricultura. Biochar é todo material rico em carbono obtido de biomassa. “Há muitas maneiras de reaproveitar o esgoto. A transformação da biomassa é rica em nutrientes. O biochar é uma alternativa agroambiental para o uso do lodo proveniente do esgoto. Em testes controlados que fizemos em cultura de milho, as taxas de desenvolvimento das plantas ficaram iguais àquelas encontradas nos plantios que recebem adubação química”, afirmou.
MCTIC