Notícias

Representantes de governo, instituições de pesquisa e empresas de vários países celebram contrato que dará continuidade à construção do radiotelescópio BINGO

publicado: 10/11/2022 14h32, última modificação: 10/11/2022 14h42
1 | 4
2 | 4
3 | 4
4 | 4
IMG_1854.jpg
IMG_1731.jpg
IMG_1680.jpg
IMG_1773.jpg

A cerimônia de formalização da assinatura do contrato entre o Governo do Estado da Paraíba e a empresa CETC54th - Research Institute of China Electronics Technology Group Corporation - para a construção do radiotelescópio BINGO reuniu presencial e virtualmente pesquisadores, gestores públicos e de universidades e institutos de pesquisas, e empresários no Brasil, na China, Estados Unidos e outros países. Foi realizada nesta quinta-feira (10/11), na Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTC) em Campina Grande. A CETC54th irá fabricar os refletores e torres, componentes que formação os espelhos do radiotelescópio que já se encontra no início das obras de engenharia em Aguiar, sertão da Paraíba.  

A parceria com a CETC54th foi viabilizada pelo Governo do Estado da Paraíba que transferiu para o Projeto BINGO, por meio da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba, recursos da ordem de R$ 12 milhões.

O Secretário de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia, Claudio Furtado, destacou o entendimento do governador do Estado da Paraíba, João Azevêdo, a respeito da relevância científica, social e educacional desse empreendimento. “O governador João Azevêdo priorizou o legado que o projeto deixará em nível de conhecimento científico e tecnológico para os nossos alunos da Rede Estadual de Ensino, além das grandes questões cosmológicas de pesquisa acadêmica. O Governo do Estado investiu mais de R$ 170 milhões, desde 2019 até o presente momento, em diferentes áreas de ciência e tecnologia como bolsas de pesquisa, projetos acadêmicos como o BINGO, ou investimentos na Universidade Estadual da Paraíba”, salientou Furtado.

Claudio Furtado ressaltou ainda que o Estado da Paraíba está preparado para investimentos em etapas subsequentes que serão necessárias, como a fixação de pesquisadores de alto nível na Paraíba, mantendo um núcleo para o acompanhamento das pesquisas no BINGO, tanto na engenharia quanto no desenvolvimento. “Na universidade já vemos a geração de inovação com produtos desenvolvidos a partir do conhecimento trazido pelo projeto BINGO, ou seja, temos a possibilidade do surgimento de ideias tecnológicas, de formação de startups, trazendo desenvolvimento para o estado”, esclareceu Furtado.

A CTEC é a terceira maior companhia de tecnologia da informação da China, atrás apenas da Huawei da Lenovo. O Vice-presidente do Instituto de Pesquisa CETC54th, Sr. Wang Dong, referenciou a empresa como fornecedor líder em Telescópio de Radioastronomia na China, tendo construído o maior radiotelescópio de abertura única do mundo o FAST, além de outros radiotelescópios e antenas. “Juntamente com nossos parceiros na China, a Shanghai Jiaotong University e a Yangzhou University, estamos felizes em discutir e criar o grande instrumento científico para a humanidade com cientistas de todo o mundo. (...) sinceramente esperamos que nossa experiência em design e engenharia possa ser compartilhada também.”

O projeto Bingo é uma colaboração científica internacional que reúne mais de 100 pesquisadores da Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos, Espanha, Itália, além da China e Brasil. Revela pioneirismos como sendo o único equipamento no mundo a fazer leitura das ondas acústicas de bárion no universo, dentro da frequência estipulada. Usará tecnologia de ponta como a nova geração de radares.  Além disso, é o único projeto científico internacional com a presença majoritária de cientistas brasileiros na governança do projeto, sendo seis brasileiros e um pesquisador chinês, o Professor Dr. Bin Wang (Yangzhou University). Na oportunidade, Wang apresentou o novo membro da colaboração, o Centro Texas para Cosmologias, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

Élcio Abdalla, (USP) Coordenador Geral do projeto Bingo, frisou que a Paraíba e a ciência irá ganhar porque é uma ciência internacional cujas informações e conhecimentos serão compartilhados entre todos. “O desenvolvimento científico tem extensões: tem o tronco, grande e forte o suficiente para sustentar ramificações que alcançam toda a sociedade. Vamos não só compreender questões mais difíceis e técnicas, como  também as tecnológicas, que vão aproximar a sociedade; teremos desenvolvimento da cultura local e social”.

O BINGO é um projeto que estimula a produção de tecnologias de alto impacto social. O coordenador científico do BINGO, Alex Wuensche (INPE) informou que o projeto BINGO desenvolve uma boa parte da instrumentação no Brasil (o que está sendo realizado no INPE com a construção das antenas modelo corneta, que se encaixarão nos suportes do espelho). Isso é viável em função de uma “política de independência”, destaca Wuensche, “onde a gente usa o poder de compra do Estado para capacitar a indústria nacional. É uma ação não muito exercitada por outros projetos e o BINGO vem fazendo isso desde o começo. A proposta das nossas ações sempre foi contratar os sistemas no brasil antes de contratar fora”.

Em vista de parcerias empresariais, a IBRTEL, na Paraíba, estará integrando esse projeto. Percival Henriques, representante da empresa, destacou a consolidação da tríplice hélice nesse projeto, com a participação de agentes governamentais e academia, a sociedade e o setor empresarial.

Projeto Radiotelescópio BINGO – É um esforço científico internacional para a construção de radiotelescópio projetado para fazer a detecção de Oscilações Acústicas de Bárions, que são ondas geradas pela interação dos átomos com a radiação no inicio do Universo, e que podem ser observadas na faixa de radiofrequência. Está em construção no município de Aguiar, sertão da Paraíba, com financiamento do Governo do Estado da Paraíba, por meio da SEECT/Fapesq (Pronex - Programa de Apoio a Núcleos de Excelência da Fapesq), Governo do Estado de São Paulo (Fapesp), Governo Federal (MCTI/Finep), Yangzhou University e UFCG.

 Texto: Márcia Dementshuk (Assessoria SEC&T)

Fotos: Leonardo Silva