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Relógio inteligente desenvolvido pela UEPB monitora saúde de idosos

publicado: 13/11/2023 13h16, última modificação: 13/11/2023 14h15
Projeto que tem financiamento da Fapesq-PB está em atividade no Condomínio Cidade Madura, em Campina Grande
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2023.11.12 - A União - Smartwatch para monitoramento de idosos - Amparo Alves usando o smartwatch - foto Fabiana Veloso - 01.JPG
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Apresnetação do projeto - 02.jfif
Apresnetação do projeto - 01.jfif

A saúde dos idosos pode ser um tema de constante preocupação dos parentes, de modo que tecnologias que facilitem esse cotidiano podem ser de grande valia. Um projeto liderado por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UEPB) está dando sua contribuição através de um smartwatch (relógio digital inteligente) que capta e envia 24 horas por dia dados sobre quem o usa, ajudando no monitoramento da saúde. Já em testes no Condomínio Cidade Madura, em Campina Grande, o projeto é financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB), ligada à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties).

O projeto, chamado “Acompanhamento da saúde do idoso por meio de dispositivos vestíveis”, recebe investimento através do Edital Universal da Fapesq-PB. “O projeto surgiu, na verdade, a partir de outro que tínhamos com a Comunidade Europeia e a RNP, a Rede Nacional de Pesquisa, sobre monitoramento de obesidade infantil”, conta Paulo Eduardo Barbosa, professor da UEPB e coordenador da pesquisa. “Foi um projeto executado em várias cidades da Europa, em Fortaleza também, e a gente teve uma atividade principal de desenvolvimento de vários componentes dessa plataforma, Ela utilizava relógios inteligentes e games para a parte infantil”.

Quando o projeto foi concluído com sucesso, por questões de propriedade intelectual, os as instituições participantes europeias resolveram não continuar. “Então a gente pegou os componentes que tínhamos desenvolvido e criamos essa plataforma de monitoramento para idosos, aproveitando a o conhecimento de alguns pesquisadores aqui, principalmente no Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes) da UEPB, principalmente a Eujéssika Rodrigues Silva, que tem essa especialidade na geriatria”, explica o professor.

O idoso utiliza apenas o smartwatch, o relógio inteligente que é capaz de monitorar diversos indicadores, como frequência cardíaca, número de passos, de atividades, de sono. Essas informações são geradas, processadas e armazenadas na nuvem, podendo ser acessadas através de aplicativo ou um sistema na web. A partir daí, condutas e planejamentos podem ser criados. Os idosos também passam a entender melhor mudanças do curso do envelhecimento.

“A gente cria várias predições, utilizando inteligência artificial para síndromes que existem no envelhecimento, como síndrome da fragilidade, sarcopenia. A gente avalia velocidade da marcha, variabilidade de frequência cardíaca, despertares noturnos. Questões que são importantes para essa área do envelhecimento e que não estão disponíveis nos smartwatchs originalmente. A gente cria novos algoritmos para isso. E isso ajuda muito num contexto como o do Cidade Madura”.

O Condomínio Cidade Madura é um programa habitacional do Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Humano, que tem por objetivo promover o acesso do idoso à moradia digna. O condomínio é dotado de 40 unidades habitacionais e existem seis no estado, nas cidades de João Pessoa, Campina Grande, Cajazeiras, Sousa, Patos e Guarabira. Os testes práticos começaram no condomínio, em 2021.

“O Condomínio Cidade Madura foi escolhido por ser um projeto de referência no Brasil inteiro, que inclusive está sendo replicado agora em outras unidades da Federação, e que visa promover o bem-estar do idoso”, explica o professor. “Um ambiente extremamente organizado, com profissionais de saúde qualificados que também podem ajudar, com a direção também comprometida. Então tivemos o cenário ideal para várias questões, tanto gerando retorno para eles – eles veem relatórios, veem o progresso deles – mas também recebemos bastante, do ponto de vista de um apoio ativo”.

Como dados mais objetivos são gerados, o programa consegue avaliar com mais precisão os idosos e melhorar ainda mais suas práticas. “O engajamento é muito grande, felizmente”.

Projeto já se espalha pelo Brasil

Várias universidades do país participam da pesquisa. “Temos grandes pilotos, grandes estudos. Por exemplo, na UFRN, do Rio Grande do Norte; temos parceria com a Federal de Pernambuco; estamos em Minas Gerais, em Montes Claros; no Espírito Santo; aqui na UEPB; e se estendendo, despertando interesse”, enumera Paulo Eduardo. “A Católica de Brasília... Com quase todas as unidades da Federação a gente já teve contato ou já está realizando os pilotos, estudos. Muitos contatos também na iniciativa privada, planos de saúde. Prefeituras e sistema S, e instituições fora do Brasil também: tem uma instituição de idosos na Holanda”.

O projeto exige a colaboração de diversos pesquisadores. “Muitos programadores, cientista de dados, programador de dispositivo móvel para Android e para iOS, programador web, engenheiro de dados, e, na área de saúde, temos fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, enfermeiros... Há diversos pesquisadores envolvidos de diversas áreas”, informa o coordenador.

O estudo tem obtido diversos resultados na área científica, com publicações em periódicos especializados, abordando diversos aspectos da pesquisa. E o apoio da Fapesq-PB também se fez presente em editais de apoio ao empreendedorismo e inovação. “A parte técnica de desenvolvimento da plataforma recebeu um apoio como geração de uma startup, através do programa Centelha e também agora através do programa Tecnova e o Centro Multiusuário”, conta o coordenador.

“Cada um desses teve uma importância diferente”, continua. “O Centelha teve a formalização da startup. O Universal teve o início da implantação no Cidade Madura e os recursos para isso, a aquisição de relógios e tal. O Multiusuário consolida isso com muitos relógios, instrumentos e servidor de dados para funcionamento 24 horas da solução. E o programa Tecnova principalmente apoiou o envolvimento de profissionais, de programadores que trabalham diariamente na evolução dessa plataforma”.

Paulo Eduardo Barbosa conta que o projeto está basicamente pronto e em pleno funcionamento. “O projeto, em especial no Cidade Madura, está em uma fase de monitoramento, de entrega”, explica. “Dados são gerados e o bem-estar é promovido. Novas funcionalidades são lançadas e a gente experimenta com eles. Mas, em linhas gerais, basicamente a plataforma está pronta e eles escolhem os benefícios que podem, por nós, durar muitos anos aí. O status é de que o projeto está entregue: a tecnologia está sendo utilizada, bem avaliada”.

Para ele, os próximos passos são a expansão para outras unidades do Cidade Madura. “Há um interesse da Secretaria de Desenvolvimento Humano de colocar isso também em João Pessoa, Guarabira e outras unidades”, conta.

Renato Félix (Assessoria Secties)