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Rede de alto desempenho de dados quer avançar pelo interior
Por Renato Félix
Um convênio entre o Governo da Paraíba, através de sua Fundação de Apoio à Pesquisa (Fapesq), com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), combinado com a cooperação com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), deve ser responsável por um incremento importante para a rede de fibra ótica interconectando importantes cidades paraibanas. É a Rede Paraibana de Alto Desempenho, a Repad.
A Repad é uma infovia estadual empreendida por Governo do Estado, através da Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia, em parceria com a RNP, e atualmente atende clientes em João Pessoa, Campina Grande, Cabedelo e Santa Rita. Conta com 281.617 metros de fibra e 88 clientes conectados (68 do Estado; 15 da RNP; dois da Prefeitura de João Pessoa; e mais três instituições privadas).
“A Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia tem uma parceria com a RNP para garantir uma melhor conectividade aos clientes da rede com um link de internet de alta qualidade”, conta Alexeiev Araújo, gerente de redes da Companhia de Processamentos de Dados da Paraíba (Codata), que faz a gestão da Repad. “O Estado, através da Repad, utiliza sua malha de fibra ótica para conectar estes clientes até o ponto de saída da rede da RNP. Com isso, a RNP consegue entregar seu link de internet para estas 15 instituições de ensino e pesquisa no estado da Paraíba”.
“Recentemente, a RNP, que é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, foi contratada pelo Ministério das Comunicações para implamtar redes metropolitanas em quatro cidades: Santa Rita, Patos, Sousa e Cajazeiras”, conta Rubens Freire, secretário executivo de Ciência e Tecnologia. Paralelamente, a Repad, com o financiamento da Finep e a contrapartida do Governo do Estado, pode trabalhar a conexão entre essas cidades e delas com a rede já existente.
O projeto estava parado, mas há atualmente um recurso de R$ 2.065.746 disponiblizado pela Finep. “É uma parcela do convênio orçado em 13 milhões”, pondera o secretário, lembrando que é preciso um trabalho técnico cuidados para saber se os recursos serão o suficiente para realizar essa conexão entre as cidades com a qualidade necessária.
RNP foi pioneira da internet no Brasil
“A primeira linha de transmissão de internet no Brasil foi a RNP que construiu”, conta o secretário Rubens Freire. “Ela continua até hoje, como rede acadêmica”. A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa conecta as universidades pelo país e surgiu em 1989, com esse objetivo de construir uma infraestrututa nacional para uma rede de internet de âmbito acadêmico. Assim, em 1992 a internet chegou ao Brasil, primeiramente em 10 estados, mais o Distrito Federal.
Em 1995, a RNP já era apoiada por grandes empresas da iniciativa privada, e a internet começou a ter uso comercial no país. A rede cresceu em 1999, através de um programa interministerial entre as pastas da Educação e da Ciência e Tecnologia. Outra evolução veio em 2005, com a criação da Rede Ipê, com enlaces ópticos e tecnologia de comprimentos de onda, operando a múltiplos gigabits por segundo (em 2018, ela já apresentava conexões em alta velocidade, com 100 Gb por segundo). Também foi dessa época a criação do Programa Redes Comunitárias de Ensino e Pesquisa (Redecomep).
Colaboração é infovia de mão dupla
A colaboração entre o projeto do Governo do Estado e o da RNP facilita as coisas para os dois lados. A rede de um pode se conectar à do outro e, assim, as duas têm seu alcance ampliado. É uma (info)via de mão dupla.
“O Governo do Estado utiliza a rede da RNP em Campina Grande, onde conectamos nossos clientes sem a necessidade de lançar fibra dentro da cidade”, conta Alexeiev Araújo. “É mais ou menos como fazemos em João Pessoa com os clientes da RNP”. Em João Pessoa, a RNP não tem uma rede própria: atendia apenas ao campus I da Universidade Federal da Paraíba e fazia contratos com operadoras para atender seus demais clientes.
“Com este projeto nós conectamos todos estes clientes em uma rede de fibra ótica”, continua Araújo. “Da mesma forma, em Campina Grande teríamos que lançar fibra por toda cidade e este investimento já tinha sido feito pela RNP. Então interconectamos a UFPB até a UFCG, que é quem concentra a rede da RNP em Campina”.
Convênios com Finep e RNP são renovados
Um problema burocrático que surgiu no horizonte foi o iminente encerramento do convênio com a Finep. A parceria com o Governo do Estado já vinha da primeira fase da Repad, já concluída, e que liga a região metropolitana de João Pessoa a Campina Grande. O desafio agora é a implantação da fase II, com a interiorização da rede.
Uma via de alto desempenho é indispensável para a produção e apreensão de conhecimento, aumentando o volume de informações transmitidas por seus cabos. A fase II da Repad ambiciona estender a infovia para 49 cidades paraibanas, interligando suas instituições de pesquisa e ensino superior.
A possibilidade de “trocas” entre instituições e empresas privadas pode também acelerar esse processo. São os chamados “swap”: de fibras, de capacidade e de canais. “A RNP foi mudando sua estrutura jurídica e hoje dialoga com as empresas e tem condição de fazer essa proposta de troca”, conta Rubens Freire. “Ela abre edital, as empresas concorrem”.
Mas o convênio entre a FapesqPB e a Finep se aproximava do final. Seria encerrado em fevereiro passado, mas a fundação solicitou uma prorrogação. O termo aditivo da Finep foi recebido pela FapesqPB nesta quarta, confirmando a prorrogação por mais um ano. “Esperamos agora que, com este termo aditivo e com as articulações que estamos tendo com a RNP, a gente possa colocar para andar este convênio e implantarmos esta fase da Rede Paraibana de Alto Desempenho”, afirma Roberto Germano, presidente da FapesqPB. “Esperamos chegar ao final desta convênio realizando essa ação extremamente importante para a RNP e para o sistema de inovação na Paraíba”.
O termo de cooperação com a RNP, por sua vez, foi renovado por mais cinco anos. O cenário está pronto para que a infovia chegue mais longe na Paraíba, e mais rápido, e com maior volume de informação.