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Pesquisadores vão transferir genes para ampliar resistência da laranja a pragas agrícolas

publicado: 21/11/2016 16h20, última modificação: 19/10/2018 09h50



Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Genômica para Melhoramento de Citros caracterizou os genes de tangerinas e outras frutas que poderão ser transferidos para a laranja, aumentando a resistência a doenças. Objetivo é desenvolver uma planta modificada, mas que não seja transgênica. O projeto é desenvolvido por um consórcio internacional de pesquisadores.

Um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Genômica para o Melhoramento de Citros (INCT Citros) pretende transferir para a laranja genes de tangerinas e de outros citros para aumentar a resistência a pragas agrícolas. Os genes candidatos à transferência já foram caracterizados. Agora, os pesquisadores tentam desenvolver uma planta modificada, mas que não seja transgênica, por meio de técnicas como a cisgenia.

Segundo o pesquisador Marcos Antônio Machado, a identificação de genes para aumentar a resistência da laranja a doenças foi possível por meio do sequenciamento do genoma de referência de citros. "Solicitaremos licenciamento para a CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança] para fazer avaliações experimentais", afirmou.

Sequenciamento

O projeto Plataforma genômica aplicada ao melhoramento de citros, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi desenvolvido por um consórcio internacional de pesquisadores do Brasil, Estados Unidos, França, Espanha e Itália.

Para superar o desafio de sequenciar o genoma da laranja doce, principal espécie de citros do mundo, os pesquisadores optaram por sequenciar um genoma menos complexo e que pudesse ser usado como genoma de referência, ao qual fossem alinhados todos os genomas de citros. O escolhido foi o genoma da clementina – uma fruta resultante do cruzamento da laranja com a tangerina, que é a base da citricultura espanhola e é haploide, ou seja, tem metade da carga genética original.

Concluído o sequenciamento do genoma da clementina, os pesquisadores sequenciaram o genoma de mais nove espécies de citros candidatas a parentes da laranja doce para ampliar a base de comparação dentro do grupo e verificar como uma espécie originou outra ao longo da evolução. As análises revelaram que a laranja doce não é uma espécie pura. Seus progenitores são, preponderantemente, a toranja e a tangerina Ponkan, além de outra espécie desconhecida de citro.

"O genoma de referência de citros tem nos ajudado muito a entender porque a tangerina é resistente à CVC [bactéria causadora da doença clorose variegada dos citros] e porque alguns grupos parentes de citros são resistentes a quase todas as doenças que atacam essas culturas", disse o pesquisador. "Essas variedades de citros podem ser fontes interessantes de genes que podem aumentar a tolerância e resistência a pragas e doenças."

Fonte: Fapesp