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Pesquisadores propõem modelo de gestão adaptativa da água para bacias dos rios Tietê (SP) e Paraíba (PB)

Pesquisadores de várias Universidades brasileiras se unem para construir Planos de governança e segurança hídrica participativa e sustentável, em um contexto de mudanças climáticas, nas bacias hidrográficas do Alto Tietê, em São Paulo, e da Bacia do Rio Paraíba. Os Planos fazem parte do Projeto Segurança Hídrica (SEGHID), que teve início em 2022, a partir de uma chamada pública promovida pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com o financiamento total para o edital superior a R$ 2 milhões para pesquisas colaborativas entre pesquisadores de instituições de ensino superior da Paraíba e de São Paulo.
O projeto “Proposta de diretrizes e planos para a governança e segurança hídrica adaptativa: dimensões técnica, participativa e sustentabilidade, em um contexto de mudanças climáticas, nas bacias hidrográficas do Alto Tietê e do Paraíba” (Projeto Segurança Hídrica – SEGHID), coordenado na Paraíba pelo professor José Irivaldo Alves Oliveira Silva (CDSA/UFCG), busca por respostas conjuntas para aumentar a capacidade adaptativa e segurança hídrica em contexto de mudanças climáticas. O estudo está em execução e conta com financiamento de aproximadamente R$ 184 mil, por meio do edital Fapesq-Fapesp.
O grupo paraibano é formado por pesquisadores do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A equipe de São Paulo reúne pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do ABC (UFABC), da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), e Instituto Alana. Estudantes de graduação e pós-graduação das instituições envolvidas também participam do projeto.
De acordo com o professor Pedro Roberto Jacobi, do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, coordenador da equipe paulista, “uma rede de pesquisa com a natureza do SEGUID tem papel fundamental para o compartilhamento de conhecimentos, a ampliação de ações que potencializam um trabalho mais coletivo. O que o SEGUID buscou foi estabelecer parcerias entre Fapesp e Fapesq, mostrando o potencial que existe para analisar as diferentes práticas que a sociedade tem para melhorar a qualidade dos nossos rios”, assinalou prof. Roberto.
“É fundamental reconhecer como a articulação entre diferentes áreas do conhecimento, sob uma perspectiva inter e transdisciplinar, fortalece as reflexões e características próprias de cada campo. Essa integração amplia o potencial das distintas áreas de atuação e, sobretudo, torna o conhecimento mais aplicável e necessário, promovendo seu compartilhamento em contextos diversos”, enfatizou Roberto Jacobi.
A iniciativa propõe uma nova abordagem para a governança da água, baseada na realidade hídrica de duas regiões cada vez mais afetadas pela escassez: a Bacia do Rio Paraíba, na Paraíba, e a Bacia do Alto Tietê, em São Paulo. No caso paraibano, o estudo se concentra na Bacia do Médio Paraíba que abastece o Açude Epitácio Pessoa (Boqueirão), responsável pelo fornecimento de água para o município de Campina Grande e outros 18 municípios do estado, uma população de aproximadamente um milhão de pessoas.
A coordenadora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e coordenadora do Centro de Pesquisa em Desenvolvimento Regional, Big Data e Geoprocessamento (Fapesq/UEPB), Angela Ramalho, enfatiza que o projeto de pesquisa tem a proposta de analisar esses dois territórios para a produção de um diagnóstico preciso na prevenção dos efeitos dos eventos climáticos, também análises sobre o Semiárido e Alto Tietê, através das missões de pesquisas realizadas nos territórios para conhecer os cenários, destacando a necessidade de apresentar uma proposta resiliente.
Participam também do projeto pela UEPB professor Rafael Albuquerque, coordenador do PPGDR (UEPB) e o professor Cidoval Morais de Sousa, do Mestrado em Desenvolvimento Regional (PPGDR).
Apoio a Núcleos em Consolidação do Estado da Paraíba
Atrelado ao projeto Segurança Hídrica, pesquisadores da UEPB e UFCG, contam com investimento do Governo da Paraíba por meio da Fapesq, para o projeto “Plano de Ação Climática para municípios do Cariri Ocidental com diretrizes para a formulação de ações estratégicas com base na meta 11b do ODS 11 e ODS 13”, aprovado no edital do Programa de Apoio a Núcleos em Consolidação do Estado da Paraíba com o valor de R$ 94 mil, de um total de investimentos de quase R$ 3 milhões. O projeto prevê ações com base na meta ODS11, que se refere a Cidades e Comunidades Sustentáveis, e ODS13, que se refere a Ação contra a Mudança Global do Clima, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ONU/2030. A pesquisa tem como objetivo desenvolver um mapeamento climático como ferramenta de tomada de decisão atrelado ao planejamento e gestão urbana e rural, tendo em vista diminuir a degradação ambiental do solo e da água, e proteger tanto as áreas urbanas como as rurais diante da necessidade do desenvolvimento espacial sustentável.
A proposta do Plano de Ação Climática dos municípios de Serra Branca e Cabaceiras já foi concluída. No município de Serra Branca foi apresentada e aprovada na Câmara Municipal e deverá ser constituída como Projeto de Lei. A ação integra um projeto maior desenvolvido nos dois territórios, que tem como meta preparar as cidades para os impactos das mudanças climáticas. “Considerando que o mapeamento climático é uma ferramenta importante na tomada de decisão atrelado ao planejamento e gestão urbana e rural, o que demanda adotar medidas de resiliência climática que possam mitigar efeitos e até preveni-los”, enfatizou profª Ângela.
A elaboração dos planos, além da professora Ângela e do professor Irivaldo, contou com a participação de estudantes de graduação vinculados à Iniciação Científica do Curso Estatística (UEPB) e alunos da Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da UFCG de outros programas. Segundo prof. José Irivaldo, “a elaboração de planos é fundamental para que as cidades e zonas rurais sejam mais resilientes, mas é preciso colocar em prática as ações planejadas”.
Outra ação importante que será desenvolvida pelos pesquisadores do projeto Segurança Hídrica (SEGHID) é a realização de oficinas nos diferentes campi da UEPB e da UFCG. O objetivo é apresentar os produtos gerados pela pesquisa, como as Agendas de Políticas Públicas (foram 12 ao total), os livros produzidos, o Guia Educacional Sobre a Água, a plataforma virtual de formação, o documentário sobre a Bacia do Rio Paraíba, o guia para Gestores Públicos. Além desses materiais foram realizadas oficinas, webnários e seminários nacionais e internacionais. Todos esses materiais estão sendo disponibilizados no site do projeto (https://sites.usp.br/seghid/).
Ascom Fapesq, com informações Ascom UEPB