Notícias

ARTIGO CIENTÍFICO - DA CIÊNCIA PARA VOCÊ

Pesquisadores identificam novas espécies de esponjas marinhas na costa da Paraíba

publicado: 08/06/2025 09h00, última modificação: 06/06/2025 13h10
A Fapesq traz hoje esse importante estudo em referência ao Dia Mundial dos Oceanos (8 de Maio)
card.jpeg

 

Autor: George Joaquim Garcia Santos (Prof. de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Recursos Naturais - PPGDR na Universidade Regional do Cariri (URCA). 

Co-autor: Ulisses dos Santos Pinheiro (Prof. do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal (UFPE)

As esponjas (Filo Porifera) são organismos que apresentam diversos tipos de associações com outros animais, apresentando um alto potencial econômico voltado para o monitoramento ambiental e principalmente para a extração dos seus compostos bioativos utilizados na confecção de fármacos. O Nordeste do Brasil possui a maior diversidade de poríferos com aproximadamente 330 espécies registradas. Porém, a Paraíba ainda permanecia relativamente pouco conhecida, com apenas 29 espécies de esponjas marinhas. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo apresentar uma lista das espécies de poríferos para a costa da Paraíba. As coletas foram realizadas no período de 2012 a 2015, onde foram amostradas 19 estações desde o entremarés a 20 m de profundidade, através de mergulho livre ou autônomo.

Foram analisados 501 espécimes, resultando em um total de 69 caracterizações, sendo 60 de espécies e 9 de morfotipos. Destas espécies, 48 são novos registros para o Estado e 10 representam novas espécies para a ciência, sendo três os primeiros registros dos gêneros Cladocroce, Damiria e Clathria (Axosuberites) para o Brasil (este último é o primeiro registro do gênero para o Atlântico Tropical). Os poríferos ocorreram em todas as estações amostradas, estando a sua distribuição relacionada ao tipo de substrato presente na costa. Dessa forma, o presente trabalho ampliou para 77 o número de registros de espécies para Paraíba, contribuindo para o conhecimento sobre a espongiofauna paraibana e brasileira, visto que o estado representava uma lacuna biogeográfica no conhecimento acerca desses animais.

O estudo foi conduzido no Laboratório de Porífera (LABPOR) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Todo material coletado foi tombado na coleção de Porifera do Departamento de Zoologia da UFPE, alguns fragmentos destes espécimes foram depositados em outras coleções científicas sempre que houve necessidade. Apenas uma parte dos materiais estudados foram de outras coleções: 30 amostras do Museu de Oceanografia “Dr. Petrônio Alves Coelho” e 180 da Coleção de Invertebrados Marinhos Paulo Young (CIPY), Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A taxonomia de esponjas se baseou na descrição da morfologia externa dos espécimes (consistência, forma, textura da superfície, padrão de disposição dos poros e ósculos), da arquitetura esquelética (arranjo e disposição das diferentes categorias de espículas no corpo de esponja) e dos tipos de espículas de cada espécie estudada. Foram registrados todos os caracteres observados através de microscopia óptica (MO) e eletrônica (MEV).

Esponja marinha da espécie _Clathria (Clatjria) nicolea_Barros et al, 2013. Foto Thelma Dias - UEPB.jpegExistem diversas vantagens em pesquisar as esponjas: As Esponjas atuam como bioindicadores, ajudando a monitorar a qualidade da água e manter ecossistemas saudáveis; Seus compostos bioativos têm potencial farmacológico para tratamentos contra o câncer, infecções e inflamações; Os componentes estruturais destes animais inspiram materiais biomiméticos e aplicações industriais sustentáveis; Estudos com esponjas incentivam a educação ambiental e a diversas carreiras científicas. Por fim, conservá-las sustenta a biodiversidade marinha devido a sua importância ecológica, apoia a pesca sustentável e oferece serviços ecossistêmicos vitais.

O estudo foi realizado entre março de 2012 e janeiro de 2016 e os resultados estão sendo publicados desde 2012 em diversas revistas científicas e em congressos nacionais e internacionais.

A pesquisa foi realizada por biólogos pesquisadores especializados em Biologia de Porífera, desenvolvida no Laboratório de Porífera da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com financiamento da CAPES/CNPq. 

A equipe colabora com diversas instituições de pesquisa para explorar tanto a taxonomia quanto os compostos bioativos desses organismos. Atualmente, participamos dos programas PRONEX e PREAMAR (ambos da PB), que nos proporcionam acesso a novas coletas e materiais inéditos, ampliando as chances de descrevermos espécies novas para a ciência.

Currículo Resumido de George Joaquim Garcia Santos

Graduou-se em Ciências Biológicas pela UESB (2007), Mestre em Diversidade Animal pela UFBA (2008-2010). Doutorado em Biologia Animal (PPGBA-UFPE) (2012-2016). No primeiro semestre de 2016 foi Bolsista de Pós-Doutorado (PDJ-CNPq). Atualmente é professor Adjunto III na Universidade Federal do Cariri (UFCA). No momento faz parte do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Recursos Naturais - PPGDR na URCA. Tem experiência na área de Zoologia, com ênfase em Zoologia de Invertebrados Marinhos, sendo especialista em Taxonomia de Porifera. Atuando principalmente nos seguintes temas: taxonomia e biogeografia de esponjas marinhas e dulciaquícolas, Ecologia e Bioprospecção de Porifera. Publicou até o momento um total de 33 artigos em revistas científicas.

Currículo Resumido de Ulisses dos Santos Pinheiro

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) (2000), mestrado em Zoologia pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Zoologia pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É Professor Titular do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Vicecoordenador do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal da UFPE. Foi chefe do Departamento de Zoologia de agosto de 2012 a janeiro de 2017. Desde outubro de 2022, atua como um dos editores do World Porifera Database e, desde 2017, integra o Comitê Editorial do Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil, sendo responsável pela coordenação do filo Porifera (http://fauna.jbrj.gov.br/fauna). Também é coordenador de táxon de Porifera junto ao ICMBio e à CPRH. Possui experiência na área de Zoologia, com ênfase em Taxonomia de Grupos Recentes, atuando principalmente nos temas de taxonomia e biogeografia de Porifera.