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Pesquisadores identificam novas espécies de briófitas na Paraíba e propõe ações de conservação em ecossistemas em área protegida da Caatinga

publicado: 07/05/2025 08h55, última modificação: 07/05/2025 08h56
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Pesquisa realizada no Parque Estadual do Poeta e Repentista Juvenal de Oliveira,  em Campina Grande, identifica novas espécies de briófitas (musgos), pequenas plantas rasteiras, folhosas ou talosas, que geralmente crescem em locais úmidos nas florestas ou nas margens de cursos d'água. Essas plantas seriam um direcionador para ações de conservação e podem ajudar a compreender e monitorar a saúde ambiental de ecossistemas rochosos no Semiárido brasileiro. 

O projeto “Diversidade particionada de comunidades de briófitas como direcionador para ações de conservação em ecossistemas rochosos em uma área protegida na Caatinga” foi executado por pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB),  e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Durante 36 meses  (novembro de 2021 a outubro de 2024) os pesquisadores realizaram diversas expedições, demarcando estações diferentes (uma vez que as plantas respondem às condições ambientais), para coleta de dados e monitoramento das áreas delimitadas.

O grupo encontrou 23 espécies de briófitas sendo uma espécie de distribuição rara no país; um novo registro para a Paraíba e uma espécie categorizada como Quase Ameaçada, pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN). Eu ampliei a distribuição de uma espécie, Myreocoleopsis minutíssima, agora com seu segundo registro para o Nordeste e seu primeiro para a Paraíba”, afirmou Bruno.

Segundo o coordenador da pesquisa, Joan Bruno Silva, um dos desafios encontrados pelos pesquisadores, foi o avanço da degradação ambiental no Parque, o que exigiu adaptações metodológicas e um acompanhamento mais frequente. Bruno teve como supervisor, o prof. Dr. Sérgio de Faria Lopes.

A análise revelou que a ação humana tem maior influência negativa sobre essas comunidades do que fatores climáticos como chuva ou temperatura. “As briófitas se mostraram excelentes bioindicadores ambientais, sinalizando a degradação do habitat e a perda de biodiversidade, reforçando a importância da conservação da área”, destacou Bruno.

O pesquisador denuncia a constante degradação da área, seja por abertura de estradas, seja por depósitos de resíduos de todas as origens, que segundo ele, destruiu diversas áreas de estudo, acompanhadas periodicamente quanto à variação da composição de briófitas e variáveis microclimáticas, antes do estudo terminar. Isso levou à necessidade de diversos ajustes até a finalização da coleta de dados.

A execução do projeto foi possível graças ao apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI/CNPq) e do Governo do Estado, através de edital da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), por meio de Bolsa de Desenvolvimento Científico Regional e Tecnológico (Edital PDCTR) e  investimento de R$ 20 mil. Com esses recursos, foram adquiridos equipamentos essenciais como GPS, computadores e combustíveis para deslocamento, além de serviços como manutenção e tradução de artigos. “O apoio da Fapesq foi fundamental para garantir a infraestrutura necessária à execução da pesquisa e fortalecer a ciência feita no Semiárido, contribuindo não apenas para o avanço do conhecimento, mas também para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável do estado da Paraíba”, enfatizou Bruno.

 As implicações ecológicas do projeto resultaram em várias publicações de  qualificações nacionais e internacionais. “Como saldo total, eu atualizei o número de espécies de briófitas para a Paraíba, endêmicas para o Brasil, para 188. Esse dado é importante visto que a informação digital, via projeto Flora do Brasil, mostra a Paraíba com apenas 91 espécies”, destacou Joan Bruno. 

Desertificação da Caatinga

Os pesquisadores chamam a atenção para o fato de que a Caatinga, classificada como floresta seca brasileira, uma das áreas mais susceptíveis às mudanças climáticas do país, nos últimos anos está sob intensa desertificação. “Nesse sentido, ações conservacionistas devem focar em um contexto amplo abrangendo toda uma comunidade biológica”. Os resultados do projeto ampliaram o conhecimento sobre os efeitos dos impactos antrópicos sobre as comunidades de briófitas e demonstra como usar essas plantas, de forma rápida e precisa, como bioindicadores do estado de conservação de áreas protegidas analisando a estruturação das comunidades através de índices bio-ecológicos, ou seja, formas de vida, atributos funcionai e impacto humano.