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Pesquisadores desenvolvem uma bebida da palma forrageira com potencial prebiótico, eficaz para reduzir níveis de colesterol e triglicerídeos
Pesquisa desenvolvida na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) tem como base a palma, cacto resistente ao clima semiárido e amplamente cultivado no Nordeste. A ideia foi desenvolver bebidas funcionais a partir dessa planta, com propriedades prebióticas — ou seja, capaz de estimular o crescimento de bactérias benéficas no intestino, contribuindo para uma microbiota mais saudável. Mas o estudo vai além, pois também investiga os efeitos dessa bebida sobre o eixo intestino-cérebro de ratos Wistar. Este eixo consiste numa via de comunicação entre o intestino e o sistema nervoso central, que pode influenciar o comportamento, a cognição e até mesmo doenças como depressão e ansiedade.
Os resultados da caracterização tecnológica das bebidas demonstraram que a adição de prebióticos, especialmente às bebidas adicionadas das fibras polidextrose e frutooligossacarídeos, aumentou a atividade antioxidante, bem como a concentração e a bioacessibilidade de compostos fenólicos (substâncias encontradas em plantas). A adição de prebióticos e o tratamento com ultrassom intensificaram características sensoriais desejáveis nas bebidas e aumentaram sua estabilidade, indicando que a incorporação dessas fibras e desse método de conservação pode preservar a funcionalidade e melhorar a aceitabilidade das bebidas de palma ao longo do armazenamento.
As análises concluíram que a bebida com adição da fibra polidextrose foi a que apresentou os melhores resultados nos quesitos de funcionalidade e aceitabilidade sensorial, sendo a bebida selecionada para a administração em ratos com obesidade. O estudo com ratos obesos mostrou que a bebida de palma adicionada da fibra polidextrose modulou a microbiota fecal e os comportamentos de ansiedade e depressão dos ratos com obesidade; reduziu os níveis séricos de triglicerídeos, colesterol total, LDL e VLDL nestes animais, além de exercer efeito protetor no pâncreas, fígado e intestino, verificadas por análises histológicas realizadas nestes órgãos.
Este projeto foi desenvolvido no laboratório de Nutrição Experimental (LANEX) localizado no Centro de Ciências da Saúde da UFPB, em colaboração com o Laboratório de Técnica Dietética (CCS/UFPB), Núcleo de Pesquisa e Extensão - Laboratório de Combustíveis e Materiais (NPE-LACOM), Laboratório de Físico-Química e Laboratório Tecnológico em Segurança Alimentar, ambos do Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional – CTDR/UFPB, Laboratório de Processos Microbianos (CT/UFPB), Laboratório de análise de Alimentos e Bebidas do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), Campus Petrolina, e Instituto Federal do Paraná, campus Paranavaí.
O projeto “Bebida de palma (Opuntia ficus-indica) com potencial prebiótico: elaboração, vida de prateleira, bioatividade e efeitos sobre o eixo intestino-cérebro de ratos com obesidade” contou com financiamento do Governo do Estado, por meio de edital da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq) e apoio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties). Para a coordenadora do projeto, Profa. Dra. Jailane de Souza Aquino, mais do que um avanço científico, os resultados obtidos podem abrir caminhos para a criação de novos produtos alimentícios funcionais com a palma, geração de renda para agricultores familiares e estímulo à bioeconomia local. “O apoio financeiro da Fapesq foi fundamental não apenas para a ciência, mas para o bem-estar social e econômico da região com projeção nacional e internacional”, afirmou Jailane.