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Governo da Paraíba e Capes investem em pesquisas de novos produtos de leite caprino com vegetais do Semiárido
Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido (INSA), desenvolveram novos produtos lácteos funcionais à base de leite de cabra e vegetais com propriedades antioxidantes. O estudo, que vem sendo realizado há mais de três anos, resultou na criação de uma bebida láctea caprina em pó, um iogurte probiótico com extrato de seriguela, um molho caprino com açafrão-da-terra e probióticos, além de um iogurte enriquecido com cactáceas. O projeto conta com financiamento do Governo do Estado, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), através do Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) Semiárido onde foram investidos 700 mil reais em bolsas e compra de materiais necessários para o desenvolvimento da pesquisa.
A pesquisa propõe soluções inovadoras para a valorização e sustentabilidade da cadeia produtiva do leite caprino no semiárido brasileiro, com foco na diversificação de produtos e no aproveitamento de ingredientes regionais. Os testes envolveram variações de sabores, propriedades físico-químicas e características reológicas dos produtos, sempre com o objetivo de ampliar a aceitação pelo consumidor e conquistar novos mercados.
Os experimentos foram conduzidos nos laboratórios do Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional (CTDR) e do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA) da UFPB, além do INSA, utilizando técnicas como a secagem por spray-dryer e uma infraestrutura laboratorial completa para análises específicas e testes de biodisponibilidade in vivo e in vitro. De acordo com a pesquisadora Juliana Kessia, os avanços obtidos contribuem diretamente para o fortalecimento da cadeia produtiva de lácteos caprinos, beneficiando agricultores familiares, cooperativas e a indústria regional. “O desenvolvimento de uma bebida em pó com boas características de reconstituição facilita o consumo e o armazenamento. Já as bebidas lácteas prontas trazem praticidade para o dia a dia do consumidor, promovendo maior inserção dos produtos caprinos em mercados diversos e oferecendo benefícios à saúde”, afirmou.
Entre os resultados mais promissores está a utilização de hidrocoloides — substâncias que formam géis em contato com água, que melhoraram a solubilidade e a textura das bebidas em pó. Além disso, a combinação do leite caprino com vegetais antioxidantes como seriguela, açafrão-da-terra e cactáceas potencializa os efeitos benéficos à saúde, agregando valor
nutricional aos produtos. O apoio da Fapesq foi essencial para a aquisição de insumos, realização de análises laboratoriais e montagem da infraestrutura necessária para o avanço da pesquisa. Este investimento impulsiona a inovação na indústria de lácteos caprinos e fortalece o desenvolvimento científico e tecnológico na área de alimentos, destacou Juliana.
Além de Kessia, participaram da pesquisa os professores Fábio Anderson da Silva, Haíssa Cardarelli e a coordenadora do projeto, Marciane Magnani. A iniciativa também dá continuidade à linha de pesquisa da professora Rita de Cássia Queiroga (in memoriam), referência no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFPB com pesquisas com lácteos caprinos. O projeto envolveu ainda as pós-graduandas Mychelle de Lira Andrade, Ivania Samara Santos, Maria Elizangela Ferreira, Larissa Maria Dutra, Thamirys Souza e Fabricia Bezerril, além de pesquisadores do INSA, técnicos de laboratório e estudantes de graduação.
O leite de cabra, quando comparado ao leite bovino, apresenta menor potencial alergênico devido à sua composição proteica diferenciada e maior digestibilidade, graças às partículas de gordura menores e proteínas de fácil absorção. É fonte de cálcio, potássio, fósforo e compostos bioativos como lactoferrina, imunoglobulinas e ácidos graxos de cadeia curta. Embora
contenha menos lactose, não é isento, sendo mais indicado para pessoas com sensibilidade moderada ao leite de vaca — especialmente quando fermentado e combinado com ingredientes antioxidantes, que podem aumentar sua tolerância.
A produção de produtos lácteos representa uma alternativa nutritiva, prática e inovadora, com grande potencial para transformar a realidade de produtores locais e ampliar o acesso do consumidor a alimentos funcionais e de alto valor
agregado.