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Pesquisadores desenvolvem dispositivo odontológico para anestesia sem dor, no Ceará

publicado: 28/06/2017 15h42, última modificação: 19/10/2018 09h52

 

Grande parte da população apresenta medo de ir ao dentista por causa da anestesia. Mesmo que seja para evitar dores mais fortes, causadas por futuros problemas na dentição, o desconforto causado pela aplicação faz com que muitas pessoas desistam de cuidar da saúde bucal.

Pensando em uma alternativa para amenizar o problema, a empresa Clínica Odontológica Moreira e Araújo, de Fortaleza, está trabalhando no projeto de um dispositivo capaz de eliminar ou diminuir a dor no processo de aplicação do anestésico. A pesquisa conta com o apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) através do Pappe Integração, que fornece recursos a empresas inovadoras.

Desenvolvido em parceria com o departamento de Clínica Odontológica da Universidade Federal do Ceará (UFC), o sistema proposto prevê que a anestesia odontológica seja administrada por um equipamento computadorizado, que funciona da seguinte forma: o cirurgião dentista encosta a ponta do dispositivo (dentro do qual se encontra a agulha) na mucosa bucal e inicia o processo com a liberação lenta do líquido anestésico após a sucção inicial da mucosa. A agulha penetra progressiva e lentamente na mucosa e, à medida em que os tecidos são anestesiados, as estruturas do controle de perfuração começam a ser retraídos, fazendo com que ela avance cada vez mais.

Totalmente criado pelos pesquisadores cearenses, o dispositivo, batizado provisoriamente de Automatic Anestesia, é feito de material plástico, está na primeira fase do protótipo e funciona com energia elétrica – a expectativa é de que seja desenvolvida uma unidade a bateria. Sua operação é baseada em quatro fases principais: controle inicial da punção da agulha, vibração dos tecidos, controle do fluxo anestésico e penetração automática da agulha.

De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo projeto, também vai ser possível, durante o processo de anestesia com o dispositivo, identificar em tempo real qual tecido está sendo anestesiado, de forma que o cirurgião dentista possa posicionar corretamente a agulha.
“A inspiração para desenvolver o aparelho veio da técnica clínica já realizada por nossa equipe, formada por odontopediatras”, afirma Jeová Moreira, um dos coordenadores do projeto. Ele ressalta que o aparelho criado no projeto apresenta três características principais que o diferenciam de outras soluções já existentes no mercado. “A primeira é o controle de punção da agulha, que faz com que a penetração seja feita inicialmente entre um e dois milímetros e vá liberando aos poucos o líquido anestésico. A segunda é a vibração ao redor dos tecidos, procedimento que ‘engana’ a dor. E a terceira é o processo de penetração lenta e cuidadosa da agulha”. A combinação desses fatores, assegura o pesquisador, permite que o paciente praticamente não tenha desconforto com a aplicação de anestesia.

Já para os profissionais, além da redução do estresse, por causa do temor dos pacientes – especialmente com crianças – o procedimento com o dispositivo facilita bastante o trabalho. “A única preocupação que eles precisam ter é posicionar corretamente o aparelho”, explica. O cronograma da pesquisa prevê que os testes clínicos serão iniciados em outubro próximo. A expectativa é de que o projeto, quando finalizado, melhore a qualidade de vida tanto de pacientes quanto profissionais. Para os primeiros, através da diminuição da ansiedade em relação aos tratamentos odontológicos. Já para os dentistas, o maior benefício deverá ser a diminuição do estresse causado pela procedimento de aplicação, principalmente em pacientes infantis.

Fonte: Comunicação Funcap (texto: Jéssica Costa).