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Pesquisadores desenvolvem dispositivo odontológico para anestesia sem dor, no Ceará
Grande parte da população apresenta medo de ir ao dentista por causa da anestesia. Mesmo que seja para evitar dores mais fortes, causadas por futuros problemas na dentição, o desconforto causado pela aplicação faz com que muitas pessoas desistam de cuidar da saúde bucal.
Pensando em uma alternativa para amenizar o problema, a empresa Clínica Odontológica Moreira e Araújo, de Fortaleza, está trabalhando no projeto de um dispositivo capaz de eliminar ou diminuir a dor no processo de aplicação do anestésico. A pesquisa conta com o apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) através do Pappe Integração, que fornece recursos a empresas inovadoras.
Desenvolvido em parceria com o departamento de Clínica Odontológica da Universidade Federal do Ceará (UFC), o sistema proposto prevê que a anestesia odontológica seja administrada por um equipamento computadorizado, que funciona da seguinte forma: o cirurgião dentista encosta a ponta do dispositivo (dentro do qual se encontra a agulha) na mucosa bucal e inicia o processo com a liberação lenta do líquido anestésico após a sucção inicial da mucosa. A agulha penetra progressiva e lentamente na mucosa e, à medida em que os tecidos são anestesiados, as estruturas do controle de perfuração começam a ser retraídos, fazendo com que ela avance cada vez mais.
Totalmente criado pelos pesquisadores cearenses, o dispositivo, batizado provisoriamente de Automatic Anestesia, é feito de material plástico, está na primeira fase do protótipo e funciona com energia elétrica – a expectativa é de que seja desenvolvida uma unidade a bateria. Sua operação é baseada em quatro fases principais: controle inicial da punção da agulha, vibração dos tecidos, controle do fluxo anestésico e penetração automática da agulha.
De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo projeto, também vai ser possível, durante o processo de anestesia com o dispositivo, identificar em tempo real qual tecido está sendo anestesiado, de forma que o cirurgião dentista possa posicionar corretamente a agulha.
“A inspiração para desenvolver o aparelho veio da técnica clínica já realizada por nossa equipe, formada por odontopediatras”, afirma Jeová Moreira, um dos coordenadores do projeto. Ele ressalta que o aparelho criado no projeto apresenta três características principais que o diferenciam de outras soluções já existentes no mercado. “A primeira é o controle de punção da agulha, que faz com que a penetração seja feita inicialmente entre um e dois milímetros e vá liberando aos poucos o líquido anestésico. A segunda é a vibração ao redor dos tecidos, procedimento que ‘engana’ a dor. E a terceira é o processo de penetração lenta e cuidadosa da agulha”. A combinação desses fatores, assegura o pesquisador, permite que o paciente praticamente não tenha desconforto com a aplicação de anestesia.
Já para os profissionais, além da redução do estresse, por causa do temor dos pacientes – especialmente com crianças – o procedimento com o dispositivo facilita bastante o trabalho. “A única preocupação que eles precisam ter é posicionar corretamente o aparelho”, explica. O cronograma da pesquisa prevê que os testes clínicos serão iniciados em outubro próximo. A expectativa é de que o projeto, quando finalizado, melhore a qualidade de vida tanto de pacientes quanto profissionais. Para os primeiros, através da diminuição da ansiedade em relação aos tratamentos odontológicos. Já para os dentistas, o maior benefício deverá ser a diminuição do estresse causado pela procedimento de aplicação, principalmente em pacientes infantis.
Fonte: Comunicação Funcap (texto: Jéssica Costa).