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Um dos medicamentos em estudo é a base da Cannabis sativa, planta de onde é produzida a maconha, que os pesquisadores estão estudando a utilização para fins terapêuticos em doenças degenerativas

Pesquisadores da Paraíba usam a biodiversidade para produção de insumos farmacêuticos de origem vegetal

publicado: 06/05/2019 16h17, última modificação: 06/05/2019 16h25
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Uma rede de pesquisadores de várias instituições de ensino superior das regiões Norte e Nordeste do Brasil estão desenvolvendo projetos de pesquisa com fitofármacos envolvendo o uso sustentável da biodiversidade para produção de insumos farmacêuticos ativos de origem vegetal. Essa rede de pesquisadores faz parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT-RENNOFITO), uma conquista de um grupo de pesquisa atuante no Programa de Pós-Graduação em Plantas Medicinais da Universidade Federal da Paraíba, que encaminhou a proposta de criação de um INCT em Rede Norte Nordeste de Fitoprodutos, na Chamada Pública INCT-MCTIC/CNPq/FAPs n° 16/2014 e foi contemplada entre mais de 300 projetos apresentados.

O INCT-RENNOFITO está instalado no Instituto de Pesquisa em Fármacos e Medicamentos – IpeFarM da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O RENNOFITO foi contemplado com recursos da ordem de R$ 7 milhões, envolvendo repasses MCTIC/CNPq/CAPES/FAPs, para desenvolver pesquisas no período de seis anos, de 2016 a 2022.  Um acordo de cooperação envolvendo o Governo do Estado da Paraíba, por meio da Secretaria da Educação, Ciência e Tecnologia (SEECT) e da Fundação de Apoio à Pesquisa, o LIFESA - Laboratório Industrial Farmacêutico do Estado Paraíba, e o projeto RENNOFITO, foi firmado para o desenvolvimento das metas estabelecidas no projeto, em especial estudos de controle de qualidade e o desenvolvimento de fitoprodutos, entre eles, medicamentos a base de Cannabis sativa, planta de onde é produzida a maconha, que os pesquisadores estão utilizando para fins terapêuticos em doenças degenerativas. Mais de 130 pesquisadores fazem parte do INCT-RENNOFITO, pertencentes a 14 instituições do Nordeste e 9 do Norte do país.

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O Instituto se propõe a integrar os conhecimentos científicos, tecnológicos e inovadores na área de fitofármacos envolvendo o uso sustentável da biodiversidade para produção de insumos farmacêuticos ativos de origem vegetal. “Pretendemos ao final do projeto apresentar protótipos e ou produtos, para em parcerias com entes públicos e privados, ampliar a produção de fitomedicamentos, fitocosméticos e fitonutracêuticos no país”, afirmou o coordenador do INCT-RENNOFITO, Marcelo Sobral.

Segundo ele, neste sentido, quatro áreas de atuação desenvolverão conhecimentos integrados no ciclo da produção farmacêutica, envolvendo a área de Química de Produtos Naturais; Farmacologia e Toxicologia; Tecnologia Farmacêutica e Pesquisa Clínica. Outras ações estarão presentes no instituto, entre elas, formação de recursos humanos, transferência de conhecimentos para a sociedade e internacionalização.

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Pretende-se com os resultados obtidos ao final do projeto atingir a população usuária do Sistema Único de Saúde-SUS do estado da Paraíba e do país, na perspectiva de fortalecer o Programa Nacional de Plantas Medicinais com medicamentos de baixo custo, observando os requisitos de segurança, eficácia e qualidade.

Plantas Medicinais no SUS

A Medicina Tradicional vem sendo estimulada cada vez mais pela Organização Mundial de Saúde-OMS, que enquadra a utilização de plantas medicinais e fitoterápicas nos sistemas de saúde. Neste sentido, em 2008, foi criado o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas, como política do Estado Brasileiro para o aproveitamento da biodiversidade vegetal brasileira, como fonte de insumos farmacêuticos ativos para o tratamento e prevenção de doenças. Assim, o interesse popular e institucional vem crescendo no sentido de fortalecer a fitoterapia no Sistema Único de Saúde-SUS.

Ascom Fapesq

Fotos: Diego Nóbrega