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Pesquisadora do Inpa vence prêmio global com projeto de monitoramento ambiental
Pelo segundo ano consecutivo, um estudante brasileiro é um dos ganhadores do prêmio global Jovens Pesquisadores, dedicado à inovação científica na área de Tecnologia da Informação para a biodiversidade. A pesquisadora Itanna Oliveira, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), foi selecionada na categoria doutorado pela publicação de um conjunto de dados de monitoramento ambiental de formigas nas áreas de influência da usina hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia.
A pesquisadora foi indicada ao prêmio pelo Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), responsável pela seleção nacional. A premiação está marcada para a próxima semana, durante o 24º Congresso de Governança do GBIF, que será realizado em Helsinque, na Finlândia.
“Estamos orgulhosos em ter um pesquisador brasileiro como ganhador do prêmio pelo segundo ano consecutivo. Isso comprova que, apesar de todas as dificuldades, a ciência brasileira está crescendo em inovação e contribui para aprimorar o conhecimento da nossa biodiversidade", afirmou a diretora do SiBBr, Andrea Portela, que é coordenadora-geral de Gestão de Biomas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
A pesquisa de Itanna, possivelmente o primeiro estudo taxonômico e ecológico do mundo para monitorar o impacto de uma usina hidrelétrica na fauna de formigas, resultou na publicação de um conjunto de dados contendo 9.165 ocorrências coletadas durante 253 pesquisas de campo separadas em seis áreas de influência. O conjunto de dados amostrado registra 10 subfamílias, 68 gêneros e 324 espécies e morfoespécies de Formicidae e está já disponível no GBIF.
Como algumas das áreas monitoradas seriam submersas em algum ponto, a pesquisadora procurou entender a adaptação da fauna à situação de enchimento do reservatório hidrelétrico. No estudo, ela procurou investigar os aspectos filogenéticos de dois gêneros de formigas com distribuição mundial. "Já concluímos as análises filogenéticas, considerando os dados moleculares, e conseguimos distinguir os dois gêneros (Formicidae: Anochetus e Odontomachus). Além disso, conseguimos estimar o período de origem, diversificação e biogeografia para ambos", explicou a pesquisadora.
A premiação inclui 5 mil euros e a publicação de um data paper sobre o conjunto de dados em espaço cedido gratuitamente pelo Biodiversity Data Journal, da editora Pensoft.
Jovens Pesquisadores
Criado em 2010, o prêmio incentiva o uso inovador de dados sobre a biodiversidade mobilizados por meio da rede GBIF. Na edição 2016, um estudante brasileiro foi o ganhador mundial do prêmio Jovens Pesquisadores pela primeira vez. Mestrando da Universidade Federal da Alagoas (Ufal), Bruno Umbelino da Silva Santos ganhou com o projeto “Mapeando a perda do conhecimento da biodiversidade na Amazônia em função do desmatamento histórico e futuro”. Com o projeto de pesquisa, Umbelino pretende calcular o impacto do desmatamento da Amazônia na qualidade dos dados de biodiversidade do bioma ao longo do tempo. Isso porque o declínio na qualidade dos dados pode trazer consequências graves para o planejamento da conservação, uma vez que os pesquisadores passam a construir modelos de distribuição de espécies com dados incompletos de florestas que não existem mais e que, por definição, não podem ser inventariados novamente.
SiBBr
Iniciativa do MCTIC, com suporte técnico da ONU Meio Ambiente e apoio financeiro do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o SiBBr é uma plataforma online que pretende reunir a maior quantidade de dados e informações existentes sobre a biodiversidade brasileira. O objetivo é apoiar a produção científica e processos de formulação de políticas públicas e a tomada de decisões associadas à conservação ambiental e ao uso sustentável dos recursos naturais, por meio do estímulo e facilitação à digitalização, publicação na internet, integração de dados de livre acesso e uso de informações sobre a biodiversidade brasileira.
(MCTIC)