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Pesquisa utiliza drone como ferramenta para o planejamento hidroagrícola da cana-de-açúcar

publicado: 02/10/2023 11h32, última modificação: 05/10/2023 11h37
Imagens sugerem que o menor aporte hídrico é suficiente para a produção
Pesquisa drone na cana.jpeg

Pesquisadores da Paraíba utilizam imagens de alta resolução geradas por drones para avaliar a resposta da cana-de-açúcar ao déficit hídrico. A partir de dados multiespectrais e de temperatura da superfície, a equipe está avaliando o desenvolvimento e a necessidade hídrica da cultura. A pesquisa, realizada com apoio do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), é executada por meio de edital da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq) com a parceria de profissionais de outras instituições de ensino e pesquisa do Brasil.

Os experimentos estão instalados em uma área de caatinga, próximo a Campina Grande, e duas propriedades agrícolas, na região da Zona da Mata desde o mês de maio de 2022, mais especificamente na zona rural dos municípios de Campina Grande, Rio Tinto e Cruz do Espírito Santo, respectivamente. Além de beneficiar toda a cadeia de produtores de cana-de-açúcar, tanto para bebidas quanto no setor energético, os resultados poderão ser aplicados no planejamento dos recursos hídricos em nível de bacia hidrográfica, visando a suplementação por irrigação sem conflitos com demais usos da água.

Foram investidos recursos na ordem de R$ 200 mil para a execução da pesquisa. De acordo com o coordenador do projeto, Davi de Carvalho Diniz Melo, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a pesquisa está alinhada com os objetivos de desenvolvimento sustentável, aplicando ferramentas de agricultura de precisão no uso mais adequado dos recursos naturais, em especial a água. A equipe é formada por docentes e pesquisadores da área de hidrologia, meteorologia, modelagem computacional, agronomia e ecologia, além de estudantes de graduação e pós-graduação da UFPB. Ao total, há 10 pesquisadores (quatro docentes e seis alunos) diretamente envolvidos na coleta e processamento dos dados nas áreas de estudo na Paraíba. Além desses, a pesquisa conta com a parceria de um pesquisador da Embrapa/SP, docentes da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do
Mato Grosso do Sul (UFMS), e um aluno de doutorado da USP.

Resultados

As imagens processadas até o momento, obtidas com a utilização de um drone com câmera multiespectral, possibilitaram realizar o mapeamento da densidade da vegetação. Da análise dos resultados, verificou-se até o momento que as diferenças no desenvolvimento da cana não estão somente relacionadas à lâmina de irrigação, o que pode sugerir, com o andamento da pesquisa, que o menor aporte hídrico é suficiente para a produção. Segundo as análises da pesquisa, a evapotranspiração real medida na torre de fluxo indica que a demanda hídrica na área de estudo varia, em geral, entre 1,5 e 4 mm/dia, obtida a partir do balanço de energia, mapeamento do índice de vegetação da diferença normalizada e da temperatura da superfície.

Com esses equipamentos utilizados na pesquisa é possível mapear e identificar a ocorrência de pragas no cultivo da cana de açúcar, e também onde tem vazamento na irrigação por gotejamento, a temperatura do solo, o quanto o solo está perdendo de  água por evapotranspiração, e o quanto a planta está necessitado de água. “Para o agricultor é essencial ele saber o quanto vai precisar utilizar de água para a irrigação, para evitar desperdício”. Até o momento, dois trabalhos de conclusão de curso foram defendidos e duas dissertações estão em andamento, frutos dos dados coletados nos experimentos. 

A Paraíba é o terceiro maior produtor de cana do Nordeste, sendo Alagoas e Pernambuco os estados que mais produzem. Conforme dados da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), na safra 2022/2023, a Paraíba registrou um total de 7.429.674,490 toneladas de cana. “Essa safra foi marcada pelo aumento do preço da tonelada de cana e por boas chuvas, de forma que o resultado foi bem positivo e com um patamar de produção maior que as três safras anteriores”, disse o presidente da Asplan, José Inácio de Morais.