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Pesquisa realizada na Paraíba em colaboração com a Alemanha usará fibra de coco na produção de plástico biodegradável

publicado: 08/08/2022 16h32, última modificação: 08/08/2022 16h36
Plástico que vem do lixo
BestBioPLA Encontro Internacional na UFPB - Reunião.jpg

Pesquisa BestBioPLA - Reunião na UFPB para falar sobre Encontro Internacional

Um projeto de pesquisa em bioeconomia relevante para a ciência na Paraíba apresenta os bons resultados conquistados na produção de peça em plástico biodegradável para automóvel. Uma das matérias primas dessa composição foi a fibra do sisal. Mas os pesquisadores agora estão com um novo desafio, substituir a fibra do sisal por outra descartada como lixo: a fibra do coco.

O título da pesquisa coordenada pela professora e pesquisadora Dra. Renate Wellen pelo lado brasileiro é “BestBioPLA - Compósitos PLA totalmente baseados em bio com estabilidade a longo prazo” (“BestBioPLA - Fully Bio-based PLA Composites Featuring Long Term Stability”). É uma cooperação entre o Brasil e a Alemanha e já envolveu até o momento 15 cientistas.

A pesquisa em compósitos com essas características é inédita no mundo. Está em andamento desde 2019 nos laboratórios da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), da Federal da Paraíba (UFPB) e no Instituto Fraunhofer (IFAM), com sede em Bremen, na Alemanha.

O presidente da Fapesq, Roberto Germano, destaca: “Esse projeto é um ‘case’curioso porque representa a quebra de um paradigma dentro da academia em relação às empresas. Existe um fosso muito grande entre as iniciativas da universidade e os interesses da indústria e esse distanciamento é prejudicial para o processo de inovação”.

O Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha está investindo mais de €1 milhão; pelo lado do Brasil os investimentos de €140 mil são feitos pela Paraíba, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba, a Fapesq. Tem ainda como parceiros as empresas alemãs Invent GmbH, a Nova Institute e a Rabe Design GmbH.

Para Renate Wellen “não é simples levantar mais de 1 milhão de euros, mesmo para os padrões europeus. Contudo, esse projeto obteve resultados muito favoráveis, especialmente considerando as características sustentáveis do produto, sem agredir o meio ambiente. Além de biodegradável, uma das matérias primas virá do lixo. A economia circular é muito bem vinda na Alemanha”.

 “Essa pesquisa - complementa Germano - levada a cabo no lado brasileiro pela Paraíba, atende os anseios em utilizar materiais biodegradáveis na indústria automobilística que envolve alto investimento, destinado inicialmente a consumidores de carros de luxo que podem pagar um produto que atende a questão de preservação do meio ambiente.”

 

Encontro internacional - Entre os dias 18 e 20 de julho foi realizado o Encontro internacional do projeto BestBioPLA na UFPB, em modo híbrido. Imagens das peças confeccionadas foram apresentadas, assim como os principais resultados dos projetos e a definição de prontos estratégicos para futuras colaborações.

O encontro teve a presença do Reitor da UFPB Prof Valdiney Veloso, do Presidente da Fapesq, Roberto Germano, do Pró-Reitor de Pesquisa da UFPB Valdir Andrade, da Profa Renate Wellen (Coordenadora do projeto pelo lado Brasileiro), da Dra. Katharina Koschek (Coordenadora do projeto pelo lado Alemão). O evento contou com a participação presencial de pesquisadores da UFPB; do Fraunhofer IFAM (Bremen): além de Katharina Koschek, Vinícius Beber, Hannah Line; e da INVENT GmbH: Christopher Platzer; virtualmente participaram pesquisadores da UFCG, da NOVA Institute, do Fraunhofer IFAM e da Rabe Design GmbH.

A comitiva visitou as instalações da Fapesq, PacTcPB e CertBio (UFCG) em Campina Grande. Na Fapesq foi recepcionada pela Chefe de Gabinete Ruth Silveira e pela coordenadora Patrícia Costa; no PacTcPB pela diretora Nadja Oliveira e no CertBio pela professora Suédina Silva.

 

Projeto avança na pesquisa com a fibra do coco

O desenvolvimento do Projeto BestBioPLA gerou a síntese de novas resinas poliméricas e a fabricação de compósitos, os quais foram caracterizados por normas internacionais visando aplicações para indústria automobilística.

Durante o Encontro Internacional na UFPB, o presidente da Fapesq, Roberto Germano, sugeriu a utilização da fibra do coco no compósito, um material abundante no Brasil. A ideia foi discutida e acatada como um desafio para as próximas etapas de pesquisa.

“O projeto tem por motivação o desenvolvimento de materiais eco-eficientes de alta performance para a indústria automotiva”, explica Renate Wellen. “São utilizadas matérias-primas regionais, óleos vegetais e fibras naturais (a exemplo do sisal), de ambos os países, na produção de compósitos biodegradáveis para desenvolver produtos com as propriedades requeridas para o setor automobilístico”.

Foram cumpridas as etapas de análises dos compósitos, estabilidade térmica, fotodegradação, biodegradação e investigação das propriedades mecânicas.

No atual estágio da pesquisa as peças plásticas biodegradáveis são destinadas a compor as portas automóveis e já foram demonstradas em feira na Alemanha. Estarão novamente expostas na Feira Internacional K 2023, em Düsseldorf. Segundo Renate Wellen a produção se encontra em escala real. Para comercialização será preciso a adequação a uma escala de produção. E ainda, foi solicitado o registro de patente na Alemanha.

“Agora nós iremos aperfeiçoar a síntese do polímero utilizando a fibra de coco. Vamos buscar peritos em fibras de coco e iremos procurar empresas, tanto no Brasil quanto na Alemanha, que se interessem pelo projeto”, informa Wellen.

Wellen afirma que as instituições e órgãos no Brasil e na Alemanha estão satisfeitos com os resultados. As metas foram atingidas e ambos os lados querem dar seguimento.

 

Projeto gera publicações em revistas científicas de alto impacto

A produção de artigos científicos é outro destaque do Projeto BestBioPLA. Mais de dez publicações já ganharam revistas internacionais de nível Qualis 1, como a Composites Part B, Journal of Materials Research and Technology, Polymer Testing (Science Direct) e eXPRESS Polymer Letters.

A publicação em revistas de alto impacto confere a afirmação da comunidade científica sobre o que está sendo desenvolvido; tem um mérito científico. “Estamos presentes no que há de mais alto nível internacional em desenvolvimento científico e tecnológico”, salienta Renate Wellen. O sistema de avaliação dos cursos de pós-graduação no Brasil considera tais publicações, as quais contribuem para o aumento no conceito.

Além disso, ocorre a capacitação de mestres e doutores brasileiros que tiveram seus trabalhos de dissertação de mestrado e tese de doutorado em temas correlatos com o projeto. Outros estão em elaboração. Os pesquisadores se fazem presentes em conferências internacionais e encontros técnicos.

Márcia Dementshuk (Assessoria SEC&T)