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Pesquisa identifica que neoplasias de colo de útero atingem mais mulheres entre 30 aos 40 anos

publicado: 18/10/2024 12h38, última modificação: 18/10/2024 12h47
O baixo nível educacional e a vulnerabilidade social são fatores de risco
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Os resultados preliminares de pesquisa realizada no Hospital Universitário Júlio Bandeira (HUJB), no município de Cajazeiras, Sertão da Paraíba, indicam que a maior parte das pacientes atendidas com neoplasias do sistema genital feminino é de mulheres pardas e pretas, na faixa etária dos 30 aos 40 anos. O atendimento no HUJB é um serviço de atenção terciária, onde as pacientes são encaminhadas para atendimento especializado e de intervenção cirúrgica.

A pesquisa é desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com apoio do Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior  (Secties), através de edital da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), a partir da análise de prontuários. A média nacional de idade na detecção de câncer ginecológico é acima de 50 anos. De acordo com o estudo, essa menor faixa etária de maior prevalência de câncer do sistema reprodutor feminino nas mulheres atendidas no HUJB pode ser reflexo da eficiência no rastreio precoce das neoplasias na população. Contudo, maiores investigações são necessárias.

Segundo a pesquisa, grande parte das pacientes foi admitida para realizar cirurgia de retirada dos tumores no ovário e colo do útero. “Os resultados que também indicam que mulheres pretas e pardas são acometidas com maior frequência por essas neoplasias, refletem o padrão já observado em outros estudos nacionais”, diz a pesquisa.

Uma problemática que a equipe de pesquisadores encontrou na execução do trabalho foi a falta de dados nos prontuários das pacientes admitidas, bem como a falta de seguimento. Muitos prontuários estavam incompletos, o que dificultou a coleta de informações acerca do padrão clínico-epidemiológico das neoplasias.

Coord. da pesquisa Udson SantosO coordenador da pesquisa, Udson Santos, destacou que as neoplasias do sistema reprodutor feminino incluem tumores benignos e malignos que afetam ovários, útero e mama. “São um desafio em saúde pública, pois diminuem a qualidade de vida e levam à morte”. Foram analisados os prontuários de pacientes atendidas no Ambulatório de Ginecologia do Hospital Universitário Júlio Bandeira de Melo (HUJB), em Cajazeiras-PB, entre 2016 e 2023. Um total de 28 pacientes foram atendidas, com a faixa etária predominante entre 21 e 40 anos. Cistos foliculares representaram 36,1% dos diagnósticos, neoplasias de comportamento incerto do ovário 25%. O câncer de colo uterino estava presente em 10,7% das pacientes, com a média de idade de 47,5 anos. A média de idade das pacientes com neoplasias benignas foi de 37 anos. A maioria se autodeclarou parda e mais da metade não concluiu o ensino médio.

O preenchimento incompleto dos prontuários prejudicou a análise, com ausência de dados como histórico familiar de neoplasias (79% não informado) e passado obstétrico (31%). Ainda assim, os resultados são consistentes com a literatura, onde pacientes com câncer de ovário possuem maior prevalência aos 50 anos, enquanto neoplasias benignas predominam em pacientes jovens (média de 34 anos).

O baixo nível educacional e a vulnerabilidade social são fatores de risco conhecidos. É essencial garantir o preenchimento adequado dos prontuários para desenvolver estratégias eficazes de saúde pública. Políticas que promovam cuidados integrais à saúde feminina, com foco na educação, equidade no acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento, são cruciais para populações vulneráveis.

O câncer de mama e do colo de útero são dois dos tipos mais comuns entre as mulheres no Brasil, mas existe prevenção e tratamento para eles. A pesquisa contou com a participação de Elton Gonçalves de Oliveira e Francisca Paloma Bezerra do Nascimento, alunos do Curso de Medicina, da Unidade Acadêmica de Ciências da Vida, CFP, UFCG, Cajazeiras.