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Pesquisa avalia o potencial anti-giardia da espécie Eleutherine bulbosa (Mill), popularmente conhecida como coquinho

publicado: 06/09/2017 09h42, última modificação: 19/10/2018 09h53

 

A giardíase é uma infecção intestinal causada por um parasita microscópico que é encontrado em todo o mundo, especialmente em áreas com más condições de saneamento e água contaminada. A giardíase é marcada por cólicas abdominais, flatulência, náuseas e episódios de diarreia aquosa.

Na busca de criar novos compostos com ação anti-giardia, mais eficazes e menos tóxicos do que os remédios disponíveis no mercado, a doutora em Imunologia e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Rosane Nassar Guerra, desenvolveu um estudo o objetivo de avaliar o potencial anti-giardia de espécies vegetais e em especial da Eleutherine bulbosa (Mill), popularmente conhecida como coquinho. “A presente invenção refere-se à obtenção de extrato padronizado das folhas secas de Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb., bem como obtenção de produtos farmacêuticos a base do extrato padronizado das folhas secas de coquinho, para uso oral no tratamento de giardíase, com garantia, eficácia e segurança terapêutica”, explicou Rosane Nassar Guerra.

Segundo a pesquisadora, inicialmente, foi preparado o extrato seco padronizado das folhas de E. bulbosa (Mill.) Urb., e alíquotas do extrato padronizado (5 mg/mL) foram diluídas seriadamente em meio TYI-S-33 modificado, resultando em concentrações finais de 500; 100; 20 e 4 µg/mL. As diferentes concentrações do extrato foram incubadas em presença de 5 x 103trofozoítos/mL de Giardia lambia, para avaliar a eficácia do extrato e determinar a melhor dose anti-Giardia. “Avaliamos também se o extrato era tóxico para outras células, pois isso inviabilizaria sua utilização in natura. Nesse ensaio de citotoxicidade utilizamos monócitos humanos e diferentes concentrações do extrato padronizado, da mesma forma como foi feito com os trofozoitos”, destacou a professora, que trabalha há 35 anos com ensino e pesquisa, dos quais 30 são dedicados à UFMA.

De acordo com Rosane Nassar guerra, o projeto foi iniciado em 2008, pela professora Flavia Amaral, que avaliou a ação anti-giardia de várias espécies vegetais consumidas no Maranhão. Mais tarde os resultados quanto à ação anti-giardia de E. bulbosa foram parte da dissertação de mestrado da aluna Carolyna Leitão e protegidos pela patente premiada pela Fapema.
“O pensamento cientifico não busca respostas, mas sim novas perguntas. Assim sendo, os nossos resultados mostraram que além da efetiva ação anti-giardia o extrato padronizado de E. bulbosa, apresentou baixa toxicidade para células humanas normais, estimulando novos experimentos quanto ao uso desse extrato no tratamento in vivo”, disse a pesquisadora.

Rosane Nassar Guerra é bióloga e trabalha com bioprospecção de espécies vegetais com ação sobre o sistema imune, com ação anti-protozoário e anti-diabetes. Mais recentemente passou também a investigar espécies vegetais que possam ser utilizadas para tratar e minorar os efeitos do acidente vascular cerebral. “Atualmente sou diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde e professora dos Programas de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Renorbio e Bionorte. Já fui diretora de Pesquisa da UFMA entre 2003 e 2004, coordenadora do Departamento de apoio a Inovação da UFMA em 2009 e diretora-presidente da Fapema entre 2009 e 2014”, informou a pesquisadora.

Fonte: Comunicação Fapema (texto: Israel De Napoli).