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Núcleo Peiex é lançado oficialmente na Paraíba

publicado: 06/12/2021 09h38, última modificação: 09/12/2021 09h43
Em funcionamento há cinco meses, o programa de incentivo às exportações já conta com 25 empresas em atendimento no estado
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Solenidade de lançamento do PeiexPB - Foto: Delmer Rodrigues

O apoio a empresas exportadoras e a qualificação daquelas que ainda não estão na disputa pelo mercado internacional são as funções do Programa de Qualificação para Exportação (Peiex), oferecido e gerido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), que lançou oficialmente seu núcleo na Paraíba na sexta-feira, dia 3, em cerimônia no auditório do Shopping Sebrae, no Bairro dos Estados, em João Pessoa. Com investimento de R$ 1 milhão – R$ 700 mil da Apex e R$ 300 mil do Governo do Estado, através da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (FapesqPB), o núcleo já está em funcionamento, na prática, há cinco meses e já conta com 25 empresas em atendimento, das 100 vagas possíveis.

“Mesmo no início das nossas ações já estamos apresentando para a sociedade paraibana o cumprimento de 25% das metas apresentadas para os dois anos de existência deste núcleo Peiex”, comemorou Roberto Germano, presidente da Fapesq, em sua comunicação ao público.

O Peiex tenta implantar uma cultura exportadora nas empresas, o que exige uma preparação e adequação na sua produção e estrutura de organização interna. Tanto o empresário pode procurar o programa quanto os técnicos do Peiex fazem sua prospecção de empresas que, a princípio, podem ficar aptas a competir no disputado mercado internacional.

“Na prática a implementação do programa Peiex funciona da seguinte maneira: o técnico-especialista que vai a campo atende o próprio empresário – que é o ator da empresa que tem a visão estratégica do negócio”, explica Márcia Paixão, professora do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba e coordenadora do núcleo operacional do Peiex Paraíba. “Como esse universo do comércio exterior envolve um conjunto de informações e uma quantidade de conhecimento específico muito expressivo, o técnico leva uma espécie de consultoria e vai mostrando esse cenário”.

A partir daí, o núcleo identifica se a empresa que quer mesmo se comprometer com o investimento e se ela tem capacidade para isso. São muitos os detalhes a serem aprendidos e colocados em prática. “Para colocar seu produto no exterior com segurança, você precisa, por exemplo, registrar a marca do seu produto, registrar a patente do seu produto desenvolvido, conhecer como funcionam as aduanas dos diversos países...”, enumera Márcia. “...Saber se os acordos comerciais do Brasil com esses países onde você quer colocar seu produto podem beneficiar o seu produto...”

Por isso, ela afirma que a empresa inteira tem que estar engajada no objetivo de exportar. “Vai desde a telefonista, que, dependendo do momento da empresa, já precisa falar outro idioma, até o setor contábil, que exige conhecimento específico”, explica Márcia. “O pessoal da logística precisa saber como funciona esse comércio exterior para identificar corretamente as embalagens, porque há todo um padrão que deve ser seguido... Tem que ter pelo menos um funcionário dentro da empresa cuidando dos processos dos pedidos e depois alimentando os clientes com as informações do andamento do embarque...”.

Os benefícios de se qualificar para a exportação acabam tendo reflexos até no mercado interno. “Quando você passa por um processo de qualificação profissional para exportar, você precisa se adequar a muitas exigências rigorosas do mercado internacional”, explica Lucas Fiuza, diretor de negócios da Apex Brasil, que também falou no evento. “E isso acaba elevando o nível de qualidade do seu produto, do seu serviço e da operação da sua empresa como um todo. Então isso acaba tendo reflexos na sua atuação no mercado local. Você consegue vender mais, ter um reconhecimento melhor por parte do mercado... É um ganha-ganha muito interessante”.

É um ganho que pode ser até inesperado para as empresas de olho no comércio exterior. “Muitas vezes os empreendedores são atraídos pela ideia da exportação em si. Mas não é um mar de rosas, não é fácil: tem que ter concentração, tem que ter trabalho, tem que ter esforço”, conta ele. “Quando eles vão em busca desse mercado e identificam que existem essas etapas que precisam ser vencidas, eles continuam com o foco original, mas acabam tendo consciência do reflexo que essa qualificação teve também na sua operação local”.

Cachaça foi protagonista do evento

Exposição de cachaças da PB - Foto: Delmer Rodrigues

O evento contou com uma exposição das cachaças paraibanas e foi encerrado com uma degustação das bebidas. A cachaça foi uma protagonista do evento, reforçando o momento importante dessa produção na Paraíba: uma aposta do Governo do Estado e da Apex para conquistar o mercado internacional. A Apex, inclusive, aposta na Paraíba como um vértice dessa produção no Norte e Nordeste: o núcleo Peiex no estado vai atender também a produtores de outras unidades da federação dessas regiões.

“O núcleo vai atender as empresas paraibanas, claro, mas o que eu achei bacana aqui é que a partir da Paraíba vai ser feito o atendimento de todo o Nordeste com relação à indústria da cachaça”, aponta Lucas Fiuza. “Isso mostra que é um setor em que a Paraíba tem se destacado”.

Márcia Paixão lembra que o setor da cachaça é estratégico para o Governo do Estado. “Também já tem esse potencial internamente, produtos premiados no exterior... Foi um atrativo expressivo para a implantação do programa, a Apex também olha o potencial”, conta ela. A agência resolveu empreender atenção específica às demandas do agronegócio. “A demanda do setor era muito grande e eles viram que era preciso um tratamento diferenciado”, diz ela. “Então criaram o Peiex Agro. Aí tem o Peiex Agro Cachaça, o Peiex Agro Leite e Derivados, Peiex Café Especial...”.

A Paraíba, no caso, está capitaneando o Peiex Agro Cachaça na região (para o Sul e o Sudeste, o estado de Minas Gerais é que fica com essa função). A agência, o governo e os produtores estão almejando um aumento expressivo na exportação da cachaça, de número considerado ainda pequeno no país diante do potencial da bebida.

“Hoje exportamos apenas 5 milhões de litros de cachaça num universo de produção de mais de 800 milhões de litros”, contou Carlos Lima, presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac). “A tequila deve estar ultrapassando 250 milhões de litros de exportação atualmente. Em termos de receita para o México, isso vem rendendo mais de 1 bilhão de dólares por ano. Enquanto nossas exportações no Brasil, no ano passado, acho que não alcançaram nem 9 milhões”.

O instituto vem preparando um projeto de promoção da cachaça no mercado internacional, com o intuito de ampliar a base exportadora e também ampliar o volume exportado. O slogan é “Taste the new: cachaça. Taste Brasil” (“Prove o novo: cachaça. Prove o Brasil”). A colaboração com o Peiex acabou caindo como uma luva para que os objetivos em comum sejam atingidos e – quem sabe? – a cachaça se torne uma bebida de consumo mundial.

Por: Renato Félix (Assessoria da SEC&T)