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Nove empresas da Paraíba apoiadas pelo Governo do Estado são qualificadas para serem exportadoras

publicado: 06/11/2023 16h19, última modificação: 06/11/2023 16h24
Integrantes dos editais Centelha e Tecnova, da Fapesq-PB, empresas foram qualificadas pelo núcleo Peiex na Paraíba
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Começar um negócio é sempre sonhar em vê-lo alçar voo e ganhar distâncias cada vez maiores. Nesse processo a trajetória de partir de uma ideia até ganhar um status de qualificação para se aventurar no comércio exterior pode parecer bastante longa. Mas nove empresas percorreram essa jornada e chegaram a esse patamar, com o apoio de editais lançados pelo Governo da Paraíba: participaram dos programas Centelha ou Tecnova, da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB), que é ligada à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), e conseguiram a qualificação para se tornarem exportadoras através do núcleo do Programa de Qualificação para Exportação (Peiex) na Paraíba.

As empresas são: DasFolhas Fitoelaborados, que produz cosméticos naturais e fitoterápicos; Engenho e Destilaria Nobre, que produz cachaças premiadas; Impacto Tecnologia e Serviços; Laboremus Indústria e Comércio de Máquinas Agrícolas, que desenvolveu um equipamento para a mecanização da colheita de palma forrageira no semiárido; Logon Serviços e Comércio, empresa de tecnologia da informação; Morada, startup da área de moda que produz peças em renda labirinto com uma rede de bordadeiras do agreste paraibano; Novetech Soluções Tecnológicas, de tecnologia da informação; Thinkbox, com o NexBoard Studio, um software de criação de vídeos explicativos animados; e a VSoft, empresa de tecnologia.

As duas edições na Paraíba do edital Centelha foram direcionadas a incentivar projetos de empresas inovadoras ainda nascentes: da ideia, gerar uma startup. O programa é promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), operada pela Fundação Certi e executada na Paraíba pela Secties e Fapesq-PB.

Já o Tecnova, também com duas edições, apoia o desenvolvimento de produtos ou processos inovadores em startups já formadas. O programa é igualmente promovido pelo MCTI e pela Finep, em parceria com o Confap, com execução na Paraíba pela Secties e Fapesq-PB.

“Pode-se afirmar que a captação de empresas Centelha e Tecnova pelo Peiex chancela, ao mesmo tempo em que complementa, o alcance dos objetivos desses programas com efetivo êxito”, analisa Márcia Paixão, professora do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba e coordenadora do núcleo operacional do Peiex Paraíba. “Isto porque a equipe técnica do Núcleo Peiex e da ApexBrasil reconheceu nelas o perfil exigido para serem contempladas”.

Os núcleos Peiex são oferecidos e geridos pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), sendo implementados em todo o país por meio de parcerias com universidades, parques tecnológicos, fundações de amparo à pesquisa e federações da indústria brasileira. Na Paraíba, a parceria é com o Governo do Estado por meio da Secties e da Fapesq-PB.

O perfil exigido às empresas inclui ter um produto ou serviço exportável segundo os critérios de inovação, sustentabilidade, brasilidade, design, “saudabilidade”, preço e qualidade; e a disposição e condição ou planejamento do empresário para aumentar a produção ou direcionar parte dela para o mercado externo.

“Em outras palavras, o que era, inicialmente, apenas um conjunto de ideias inovadoras se reverteu em novos negócios formais, seja como empresa ou produto ou processo novos, que apresentam potencial de crescimento reconhecido pelo próprio empresário e por terceiros”, continua a coordenadora do Núcleo Peiex. “Em especial, são produtos ou serviços diferenciados não somente em qualidade e preço, mas também em conteúdo tecnológico, criativo, sustentável e cultural, que podem alcançar inclusive mercados externos”.

Tecnova tem de empresas iniciantes a quase centenárias

Das nove empresas, quatro são do Tecnova 1 (Impacto, Logon, Novetech e VSoft), outras quatro são do Tecnova 2 (Engenho Nobre, Laboremus, Morada e Thinkbox) e uma do Centelha 2 (DasFolhas). Sendo que a Morada foi um projeto que passou do Centelha 1 para o Tecnova 2. O Centelha pega a empresa no berço, mas no Tecnova ela não precisa ser exatamente uma iniciante. A Laboremus, por exemplo, já possui um bom tempo de estrada.

“A Laboremus vai fazer 100 anos no próximo ano. Começou com meu avô passou pelo meu pai, estamos eu, meu irmão e meu filho, a quarta geração”, conta Fabiano Souza, proprietário da empresa. “A gente sempre se preocupou em trazer soluções e produzir produtos para a nossa região. Então a primeira máquina conjugada de palma e capim fomos nós que inventamos”. Agora, a empresa desenvolveu a primeira colheitadeira de palma do mundo.

Para o desenvolvimento dessa colheitadeira, o edital Tecnova foi fundamental, segundo Souza. “Uma empresa do nosso porte, pequena e média empresa, não tem uma equipe dedicada à pesquisa e desenvolvimento. A gente tem pessoas que trabalham sempre nessa área, mas fica muito envolvido com o dia a dia, com o operacional”, conta ele. “Então o edital nos permitiu, além de alocar uma pessoa específica para isso, ter recurso. Os editais de inovação são fundamentais, principalmente para as empresas médias e pequenas. O edital é sempre bom para desenvolver tecnologia e inovação no país”.

A subvenção foi de R$ 233.700, dividido em duas etapas. A segunda etapa inclui a compra de computadores mais potentes para o uso de softwares de engenharia e também matéria-prima e viagens de teste, feitos em quatro estados nordestinos.

O Peiex foi o passo seguinte. “O Peiex, por sua vez, é um programa que qualifica empresas para exportar”, explica Márcia Paixão. “Na prática, oferta, gratuitamente, um conjunto de conhecimentos da área de comércio exterior necessários ao empresário decidido a iniciar um planejamento estratégico para exportar seus produtos ou serviços de TI e Games”.

“A gente já faz exportações esporádicas, mas quer desenvolver mais essa parte da internacionalização de nossa empresa”, conta Souza. “Esse projeto da colheitadeira tem uma possibilidade bem grande de exportação: a gente já teve, por exemplo, consultas do Chile, da África do Sul, do Egito, da Austrália e até da Itália”.

Para ele, o Peiex está dando uma base importante sobretudo de conhecimento. “Para a gente conhecer como fazer as pesquisas e conhecer o mercado”, diz ele, contando que o planejamento estratégico é entrar na exportação a partir do próximo ano, sobretudo para a África e Américas Central e do Sul.

A possibilidade do investimento em pesquisa por parte de uma empresa consolidada também se vê nas empresas que ainda estão no começo da vida, como a Morada, um projeto que propõe uma ligação próxima com a cultura da região que produz o bordado labirinto. Geralmente usada para a produção de elementos decorativos, como jogos americanos e passadeiras, a técnica que permite, através do entrelaçamento dos fios, a criação de desenhos, agora está adentrando o universo da moda – e a intenção é que se torne uma marca paraibana que ultrapasse, com a qualificação no Peiex, não só as divisas do estado, mas as fronteiras do país.

O Morada é um exemplo que se pode sonhar alto desde o começo: o projeto começou no Centelha 1, quando ainda era apenas uma ideia. Evoluiu para o Tecnova 2. E já conseguiu se qualificar como uma empresa apta a disputar o mercado internacional. Para essas nove empresas, agora, o mundo é o limite.

Renato Félix (Assessoria Secties)