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No LNBio, pesquisa sobre vacina contra o câncer tem resultados surpreendentes
Uma vacina para estimular o sistema imune a combater o câncer alcançou resultados surpreendentes. No Laboratório Nacional de Biociências, no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), cientistas testaram várias combinações de células tumorais geneticamente modificadas até desenvolver uma vacina, que foi aplicada em camundongos com câncer de pele. “Em alguns casos, conseguimos eliminar completamente o tumor”, afirma pesquisador Marcio Chaim Bajgelman.
Segundo ele, além da eliminar tumores, as vacinas desencadearam uma resposta duradoura, sugerindo o desenvolvimento de uma memória imunológica contra o câncer. “Isso é interessante ao se pensar numa terapia em humanos, pois poderia evitar as recidivas com o tratamento”, ressalta Bajgelman.
O modelo de câncer de pele escolhido para o estudo deve-se à agressividade e aos altos índices de metástase verificados. “Se injetarmos esse tipo de tumor na corrente sanguínea, ele percorre o organismo e se aloja no pulmão, levando os animais a óbito em 28 dias.”
Metodologia
A vacina composta de células tumorais autólogas, ou seja, do próprio indivíduo que receberá tratamento, secreta a citocina GM-CSF, que é irradiada para evitar que se proliferem descontroladamente no organismo. A GM-CSF estimula a proliferação e a maturação de diferentes tipos de células de defesa. Depois de induzir a doença no camundongo, os pesquisadores conseguiram reverter o quadro e aumentar a expectativa de vida nos animais.
“Quando irradiamos a célula modificada, ela deixa de ser viável para crescer, e utilizamos esta célula como uma vacina. A proposta é fazer com que o sistema imune passe a reconhecer as células tumorais que antes não reconhecia. Essas vacinas são derivadas de células tumorais do próprio animal, geneticamente modificadas para expressão de imonumoduladores, que são proteínas para estimulação do sistema imune contra o câncer. Dessa forma, após a utilização da vacina terapêutica, o sistema imunológico cria a capacidade de eliminar células de câncer anteriormente não detectadas”, explica o pesquisador do LNBio.
Os tumores foram induzidos nos camundongos por meio de injeções subcutâneas de células de melanoma no dorso dos animais. “Após a inoculação de células tumorais, iniciamos o tratamento com as vacinas. Foram três doses, com intervalos de dois dias cada.”
Testes em humanos
Mesmo com a vacina apresentando bons resultados em camundongos, Marcio Bajgelman explica que, para chegar ao mercado, o estudo deve superar uma série de etapas. “Já iniciamos parcerias com hospitais para podermos trabalhar com amostras clínicas provenientes de cirurgias com pacientes. Com isso, vamos conseguir mais informações para determinar a eficácia de nossas estratégias e combinações vacinais, por meio de ensaios in vitro, em placa de cultura de células”, diz.
Segundo o pesquisador, se tudo der certo, a vacina pode chegar ao mercado em 2028. “A questão é que as vacinas podem funcionar muito bem para alguns pacientes e para outros não. Não existe um medicamento que vai funcionar com todos os pacientes. Por esse motivo, temos de ter várias estratégias, que, em combinação, podem levar a resultados potencializados”, esclarece.
A pesquisa é conduzida no Laboratório Nacional de Biociências do CNPEM, organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).
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