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Nepam une instituições de pesquisa para encontrar soluções para o meio ambiente

publicado: 17/12/2020 18h25, última modificação: 17/12/2020 18h26
Pesquisa conta com apoio da Fapesq por meio de edital

 

Por Renato Félix

Os desafios para a preservação e recuperação do meio ambiente são grandes e, por mais que se discuta e que fóruns globais sejam realizados, parecem cada vez mais difíceis de serem superados. A ciência tem papel importante nessa equação, desenvolvendo soluções que possam ser aplicadas na prática por governos e empresas. O Núcleo de Excelência de Pesquisas Ambientais (Nepam) trabalha em diversos projetos nesse sentido. É quase uma força-tarefa que envolve pesquisadores da UFPB, UFCG, IFPB e UEPB.

O núcleo reúne professores de vários departamentos das universidades envolvidas. “Esse é um trabalho desenvolvido por diversos professores de departamentos como Química, Materiais, Mecânica, do CTDR (Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional), de Energias Renováveis”, enumera a professora Ieda Maria Garcia dos Santos, professora da UFPB, com mestrado e doutorado em Química e pós-doutorado pela University of Aberdeen, na Escócia. Ela falou sobre o Nepam no programa Ciência & Ação, no canal da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (FapesqPB) no YouTube (https://rb.gy/zmifkv).

O Nepam trabalha com o foco no crescimento sustentável, com duas vertentes: remediação ambiental e combustíveis alternativos. O objetivo é contribuir para a melhoria na qualidade do ar e da água e na busca da inovação para a indústria nesse sentido.

“Dentro dos meios aquáticos, a ideia de remediação ambiental vem no sentido de reduzir os poluentes que estão ali nesses ambientes”, conta a professora. “a gente utiliza duas metodologias: fotocatalisadores e materiais adsorventes”.

Parte do grupo trabalha com resíduos sólidos, com reciclagem de lâmpadas fluorescentes e de resíduo de caulim, e com co-processamento de resíduos pela indústria de cimento na Paraíba. Quem desenvolve os combustíveis alternativos, trabalha com biodiesel, bioetanol, bioquerosene e células combustível.

Um dos projetos desenvolvidos pelo Nepam é a modificação de bentonita para a adsorção de diclofenaco. Diclofenaco é um anti-inflamatório bastante usado para tratar contusões e lesões. “O problema é que, se tem muita gente tomando, de alguma forma isso vai parar no esgoto”, explica. “É considerado um contaminante emergente. Porque antes ele não era considerado, mas, à medida que a população mundial foi aumentando, e o uso do produto foi aumentando, começou a se detectar a presença desse anti-inflamatório nos rios. E isso começa a afetar a flora e fauna aquática”.

A bentonita, por sua vez, é uma mistura de argilas, uma matéria-prima que se encontra na Paraíba. “Os professores pegam uma molécula orgânica e inserem dentro da estrutura dessa argila”, conta a professora. O resultado é alterar a propriedade das argilas para que elas adsorvam o diclofenaco: que ele grude na argila e, assim, possa ser retirado da água.

Da mesma forma, outro teste muda a propriedade da bentonita para a adsorção de corantes de indústrias têxteis, que seriam jogados em rios. “E a gente pode usar essa argila depois como um pigmento. Para pintura, por exemplo, de parede, de tecidos, de quadros”, diz Ieda Santos.

Na UFCG, um dos focos é a reciclagem de vidros. “A professora Crislene Morais trabalha muito com a comunidade de catadores”, conta Ieda Santos. “E ela percebeu que tinha muito vidro chegando. Então não adianta catar, a gente tem que reutilizar esse vidro”. Ela desenvolveu duas linhas de trabalho diferentes. Em uma, o vidro é novamente fundido para que se transforme em obras de arte. Em outra, ele é incorporado em massa cerâmica. “Que pode ser utilizada depois, por exemplo, em louça sanitária”.

Outro trabalho, já publicado, é de Sandro Marden Torres, com colaboração da fábrica de cimentos Elizabeth e junto com a universidade de Edimburgo, na Escócia. “É muito comum você ter co-processamentos. Você pega materiais e coloca no processo de queima na fábrica e isso gera elementos contaminantes que podem alterar a propriedade do cimento. Eles estão estudando para que a queima desse combustível alternativo não piore a qualidade do cimento”, conta a professora.

Pesquisas foram feitas nos laboratórios Synchroton, de ponta, do Reino Unido e do Brasil. “Para se ter uma ideia de nível de tecnologia utilizado para entender o que acontece nesses materiais”, diz a professora.

O Nepam é financiado pela Fapesq, dentro do edital Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência (Pronex). Com 39 trabalhos em andamento, já rendeu, entre 2019 e 2020, uma patente, 11 teses, oito dissertações e 35 artigos. “Cada trabalho que é desenvolvido, a gente escreve um artigo e publica para fazer a divulgação desse material dentro da comunidade acadêmica”, explica Ieda Garcia, na live.

Os professores que participam do Nepam são, além de Ieda Santos: Maria Gardennia da Fonseca, Sandro Marden Torres, Ary da Silva Maia, Nataly A. dos Santos, Ana Paula M. Alves Guedes, Sayonara A. Eliziário, Marta Célia D. Silva, Marta M. Conceição, Fábio Correia Sampaio e Rodinei M. Gomes, da UFPB; Crislene Rodrigues Morais e Albaneide Wanderley, da UFCG; Mary Cristina Alves, da UEPB; e Jailson M. Ferreira e Marcelo Rodrigues do Nascimento, do IFPB. Fora os alunos e equipe técnica, que trabalham em parceria para encontrar mais soluções para que possamos cada vez mais recuperar o planeta.