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Materiais que se desinfetam sozinhos na luta contra o coronavírus

publicado: 15/05/2020 11h12, última modificação: 14/05/2020 11h14

 

Uma pesquisa nova da Universidade Federal do ABC (UFABC) vai desenvolver materiais que se autodesinfetam, sendo capazes de destruir o novo coronavírus. Em fase de implementação, o projeto recebeu bolsas emergenciais do Programa de Combate a Epidemias da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Com os resultados, podem surgir novos componentes para a produção de luvas ou máscaras.

O estudo da UFABC vai testar componentes construídos com precisão ao nível do átomo, de tamanho nanométrico (um bilhão de vezes menor que um metro). Alguns desses materiais possuem a capacidade de produzir moléculas muito reativas quando expostos à luz. “As nanopartículas absorvem a luz, e passam a produzir moléculas superoxidantes a partir de água e oxigênio da atmosfera”, explica a bioquímica Iseli Lourenço Nantes, coordenadora da pesquisa. “Essas moléculas altamente oxidantes são capazes de destruir vírus e bactérias. Elas atacam o envelope que protege o SARS-CoV-2 e o inativam”, completa a cientista. Dessa forma, o material pode ser autodesinfetante, capaz de eliminar o coronavírus por si só, dispensando a aplicação de outro componente.

Para chegar ao desenvolvimento dos materiais, o Programa de Pós-Graduação em Nanociências e Materiais Avançados vai se dividir em cinco setores. Parte do projeto vai fazer estudos fundamentais sobre a interação do vírus com materiais metálicos e semicondutores. Um grupo vai identificar os tipos mais eficientes para inativação viral por via da autodesinfecção. Outro eixo envolve estudos de contaminação de superfície envolvendo temperatura e umidade na propagação de doenças, incluindo viroses. A equipe também vai analisar materiais que podem produzir espécies altamente reativas, que contribuem para a eliminação rápida de partículas virais. Cálculos teóricos e simulações vão estudar a interação de vírus com as superfícies.

Integrada por mestrandos e doutorandos com bolsa da CAPES, a pesquisa será experimental. “As etapas do projeto incluem a síntese das nanopartículas, a aplicação do material em matrizes de polímeros e tecidos, e os testes de viabilidade viral – que será́ feito inoculando os vírus na superfícies dos materiais que possuem as nanopartículas. Haverá em seguida uma coleta de tempos em tempos para infectar células de cultura”, detalha a professora Iseli. Os resultados passam por comparação com materiais que não possuem as nanopartículas. A expectativa é que seja possível desenvolver protótipos após seis meses.

Programa de Combate a Epidemias
Iniciado em março, o Programa é um conjunto de ações de apoio a projetos, pesquisas e formação de recursos humanos para enfrentar a COVID-19 e estudar temas relacionados a endemias e epidemias. A iniciativa é voltada para programas de mestrado e doutorado.

Duas dimensões estruturam o programa: Ações Estratégicas Emergenciais Imediatas e Ações Estratégicas Emergenciais Induzidas em Áreas Específicas.

Na etapa inicial, 1.150 bolsas emergenciais imediatas apoiaram áreas de Saúde (850 auxílios), Exatas, Engenharias, Tecnologias e Multidisciplinares (300 benefícios). Também faz parte da primeira fase o edital nº 09/2020, que convoca até 30 projetos para o repasse de 900 bolsas e R$345 mil de custeio. Já a segunda etapa seleciona 57 projetos, que vão receber 550 bolsas e R$200 mil para despesas.

Confira no Programa de Combate a Epidemias os detalhes do três editais:
CAPES - Epidemias - Edital nº 09/2020
CAPES – Fármacos e Imunologia - Edital nº 11/2020
CAPES – Telemedicina e Análise de Dados Médicos - Edital nº 12/2020

(Brasília – Redação CCS/CAPES)