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Inaugurada na zona rural de Picuí unidade de cultivo hidropônico de hortaliças com água dessalinizada

publicado: 01/12/2016 17h12, última modificação: 19/10/2018 09h50
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Agência Nacional das Águas (ANA), Governo do Estado e Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) inauguraram na manhã desta quinta-feira (01), uma unidade demonstrativa de cultivo de hortaliças utilizando o concentrado do processo de dessalinização da água via osmose inversa, no Distrito Santa Luzia, município de Picuí. O empreendimento (orçado em mais de R$ 1 milhão) é fruto de um projeto do LABDES – Laboratório de Referência em Dessalinização da UFCG, com recursos da ANA/Governo do Estado, através da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba, coordenado pelo professor Kepler Borges França.

A solenidade contou com as presenças do diretor da ANA Herbert Cardoso; o presidente da FAPESQ, Claudio Furtado, representando o governador do Estado, Ricardo Coutinho; o diretor adjunto da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba e coordenador geral do Programa de Estudos e Ações Para o Semiárido (PEASA/UFCG), Vicente Albuquerque Araújo, representando o reitor da UFCG Edilson Amorim; o coord. do LABDES, Kepler Borges França; o prefeito de Picuí, Acácio Dantas; a diretora da Escola Macario Zulmiro, profª Lidiana Gerlaide; e a secretária de Educação do município, Valéria Araújo.

O LABDES vem desenvolvendo projetos em comunidades difusas da Paraíba, através dos quais são implantadas Unidades Demonstrativas de fornecimento de água potável, dessalinizada, com utilização do concentrado do processo de dessalinização para cultivo hidropônico em estufa, de hortaliças, como alternativa de fonte de renda para as comunidades. Esse projeto já foi implantado na comunidade rural de Uruçu, em São João do Cariri-PB, e está sendo replicado na Escola Municipal Macario Zulmiro, comunidade rural (Santa Luzia), em Picuí.

O sistema hidropônico instalado em Picuí produzirá hortaliças como alface, rúcula, tomate cereja, entre outras. Estima-se que a produção atinja 5.000 pés de alface / mês. Concomitantemente a implantação da Unidade Demonstrativa, através de outro projeto, é realizado um monitoramento da qualidade de águas de cisternas e de outras fontes alternativas de abastecimento das comunidades, visando um diagnóstico da situação e a realização de atividades educativas, no que se refere à coleta, armazenamento e manuseio adequado da água para consumo humano.

Após conhecida a realidade local, de acordo com os aspectos socioeconômicos e de abastecimento d’água para consumo humano, são coletadas amostras de águas nas residências e nas fontes de abastecimento, para análises no laboratório, além de realizados exames epidemiológicos nas pessoas, com a intenção de se verificar a existência de doenças de veiculação hídrica. Analisando-se os resultados das observações, constata-se que o baixo grau de instrução é o principal causador da falta de educação sanitária da população, ocasionando problemas de saúde. Durante a execução dos projetos, são realizadas ações para melhoria da qualidade da água consumida pela população, através de reuniões e orientações, como também oferecidas capacitações e cursos para pessoas e técnicos da comunidade, para garantir a sustentabilidade da Unidade Demonstrativa.

 

Características da região

A maior parte do semiárido do Nordeste (cerca de 600.000 km2) é constituída por terrenos cristalinos com média pluviométrica anual de aproximadamente 750 mm/ano, com chuvas mal distribuídas, no tempo e no espaço. Devido à cobertura vegetal esparsa, característica do bioma caatinga, o escoamento superficial é favorecido, em detrimento da infiltração. Dessa forma, no cristalino do semiárido brasileiro, os poços, em sua maioria, apresentam vazões entre 1 e 3 m3 /h e águas com elevado conteúdo salino, geralmente acima dos padrões de potabilidade.

 Em muitas pequenas comunidades do interior do Nordeste, esses poços constituem a única fonte de abastecimento disponível. Diante dos programas de dessalinização implantados nos Estados do Nordeste através dos órgãos de governos Estaduais e Federais, o aproveitamento do concentrado tem sido um dos problemas e pontos fundamentais de estudos para evitar impactos ambientais e otimização do uso dos recursos hídricos. A ideia de implantar um processo inovador com o aproveitamento do concentrado, visando geração de renda e melhoria de qualidade de vida, é fundamental para as comunidades de baixa renda.

Ascom Fapesq – com informações LABDES/UFCG