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IFPB prepara seu centro de inovação
Mais uma artéria de inovação irá pulsar na região central de João Pessoa. Além do espaço planejado para o Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, localizado na área onde fica a Catedral Basílica, a Avenida Getúlio Vargas, em frente ao Liceu Paraibano, receberá o centro de inovação do Instituto Federal da Paraíba. A sede será no antigo casarão onde até recentemente operava a Advocacia Geral da União na Paraíba.
Ainda sem um nome definido, o complexo reunirá a Diretoria de Inovação Tecnológica do IFPB, a Unidade de Educação à Distância voltada para inovação, o Polo de Inovação e o Laboratório Modelo de Ideação, Prototipação e Aprendizagem, batizado como Lampião Maker.
Na visão das 26 pessoas envolvidas nessa construção – 20 professores e servidores, mais seis estudantes –, a mobilização é resultado da certeza de sucesso ao ocupar prédios carregados de história com o desenvolvimento de projetos inovadores, com o uso de tecnologia, criatividade e a cultura maker – o “faça você mesmo”, agregando os conceitos de sustentabilidade.
A professora Nadja da Nóbrega Rodrigues, coordenadora do Lampião Maker junto com Marcéu Oliveira Adissi, a mostra que a instituição pôs de lado o comodismo para inaugurar uma etapa marcada justamente pela cultura de fazer o que é preciso, solucionando os problemas comunitários, criando os próprios meios para isso:
“Há uma estrutura pronta dentro do campus João Pessoa, do IFPB, sem nenhum problema estrutural, com luz, água, ar condicionado... Mas aceitamos o desafio de vir para cá, conduzir esse processo complexo de receber um prédio tombado pelo patrimônio histórico (foi uma doação do Ministério Público Federal ao IFPB). É necessário resgatar a consciência de que temos uma história. O que o Centro já foi, o que ele pode vir a ser, faz parte da nossa história. É uma caminhada, um passo depois do outro. O que você é hoje é o resultado do que você pensou e fez ontem”, disse a professora Nadja.
Coordenadores de outros projetos, como os professores Michel Coura Dias, Fábio Lucena e Ramon Medeiros, Claudio Natividade, as professoras Dione, Jocicleide e Anna Paola compartilham sintonizam com a mesma percepção.
“O contraste do antigo com o novo num ambiente como esse vai despertar a atenção. Além disso, há muitas escolas no entorno sendo um local de grande frequência de estudantes. Esse renascer do centro de João Pessoa propõe essa cultura maker. Estamos olhando para um ‘copo meio cheio’, um local com potencial para termos mais agilidade para dar andamento aos projetos”, diz Adissi. “Vivemos um momento complexo na nossa sociedade e precisamos voltar a ter respeito ao antigo, ao velho, ao que um dia já foi bom e hoje está ultrapassado.”
A ideia é respirar ambiente de inovação
Existem 12 polos de inovação nos Institutos Federais de Educação espalhados pelo país e um deles é este, do campus João Pessoa. A instalação do polo é uma decorrência do trabalho que já é realizado no campus com a Embrapii, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, em que pesquisas e projetos são desenvolvidos com empresas do mercado.
“O polo de inovação tem status de campus”, explica Coura. Mas não há aulas formais no centro que ocupa três edificações contíguas – duas de fachadas históricas, lado a lado na Getúlio Vargas, e um por trás. Um dos prédios será administrativo, outro o laboratório maker e o de trás, o polo de inovação, com projetos que precisam do apoio ou suporte do campus de inovação. “A gente se posiciona como uma unidade tática de execução de projetos, digamos assim. Nossa especialidade é executar projetos. O prédio de trás será todo dedicado a isso”.
A previsão é de que o centro de inovação seja inaugurado em janeiro. Atualmente o polo segue funcionando no campus, com oito projetos em andamento, a maioria com empresas multinacionais e que voltam a trabalhar com o IFPB. “A ideia é que o centro de inovação se integre ao ecossistema de inovação da Paraíba”, diz ele.
Os alunos que circularem pelo local estarão integrados a algum dos projetos em desenvolvimento – muitos deles com grande preocupação com a confidencialidade, incluindo a exigência de biometria para o acesso à sala correspondente.
“Aqui vai ser uma porta de entrada para os alunos”, afirma Adissi. Para ele, o ambiente vai despertar no estudante o interesse pela inovação. “O aluno chega aqui e desperta o gosto pela inovação, pela cultura maker”, completa Coura. “Aí, como o polo vai estar aqui pertinho, vão aparecendo oportunidades – a gente tem um edital de fluxo contínuo para credenciamento de estudantes. Ele se credencia, participar de um processo seletivo e integra um projeto”.
Como no espírito do Polo Horizontes de Inovação, o centro do IFPB vai procurar reunir os aspectos do instituto em relação ao tema no mesmo lugar e facilitar o trânsito dessas informações e desses trâmites. “A tendência é aglutinar as forças de inovação. A ideia é que o ciclo seja fechado por completo e que quem entre aqui respire o ambiente de inovação. E possa passar sua vida todinha por aqui”, completa, brincando.
O Lampião não é o único laboratório maker na rede do IF na Paraíba, outros campi também dispõem desse equipamento. “Acho que o diferencial do Lampião é que ele é um laboratório multicampi”, lembra Nadja Rodrigues. “A expectativa é da soma de expertises”. Ou seja: que os laboratórios se ajudem quando necessário. “Se outros campi precisarem de ajuda, a gente vai estar lá”, afirma Coura. “Não somos competidores”.
Estrutura pode colaborar também em biotecnologia
Um exemplo da integração multidisciplinar que poderá ocorrer no Lampião Maker é a proposta de projeto apresentada pela bióloga marinha Karina Massei, pós-doutoranda pela UFPB. Sua pesquisa trata de aplicar a biotecnologia como estratégia de conservação dos ambientes recifais.
“Trata-se de um projeto de pesquisa que objetiva implementar um programa de restauração ecológica de corais no litoral da Paraíba, através do uso da biotecnologia marinha”, explica Massei. A proposta de parceria com o Lampião Maker envolve o desenvolvimento de protótipos que auxiliarão na recomposição dos corais que vêm sofrendo com as mudanças climáticas.
Esses protótipos seriam montados em módulos construídos em impressoras 3D, um equipamento de que o Lampião Maker dispõe. “Estamos evoluindo com estudos acerca dos materiais que devemos empregar, que correspondam às exigências de sustentabilidade para o oceano”, diz a bióloga.
Por Márcia Dementshuk e Renato Félix (Assessoria da SEC&T)