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Governo financia pesquisa e ajuda agricultores do Sertão na produção do maracujá amarelo

publicado: 09/04/2025 09h33, última modificação: 09/04/2025 09h56
Essa pesquisa foi possível devido apoio do Governo do Estado, por meio do edital Demanda Universal, executado pela Fapesq
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A ciência chega para auxiliar os agricultores do município de Catolé do Rocha, Sertão paraibano, no cultivo do maracujá-azedo também conhecido por maracujá amarelo. Alunos e professores do Centro de Ciências Humanas e Agrárias da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) descobriram durante pesquisa que o uso do silício (elemento químico benéfico às plantas) associado com esterco bovino e cobertura vegetal morta minimizaram os efeitos adversos da falta de água e da salinidade, diminuindo o consumo de água sem perda de produtividade para a cultura do maracujá-amarelo.

O experimento resultou em frutos maiores com melhor rendimento de suco.  “Os frutos de maracujá-azedo colhidos apresentaram características físico-químicas adequadas tanto para a indústria quanto para o mercado de consumo in natura”, afirmou o coordenador da pesquisa, Evandro Franklin de Mesquita. Os frutos de maracujá-amarelo são ricos em vitamina A, vitamina C e vitaminas do complexo B, além de conter minerais como cálcio, ferro, fósforo, sódio e potássio, sendo um fruto de grande aceitação no mercado paraibano. Além disso, o desperdício é mínimo, garantindo uma renda extra aos agricultores familiares.

O projeto de pesquisa coordenado pelo professor Evandro Franklin de Mesquita visa contribuir para a utilização de silício (Si) via solo, no crescimento, produção e qualidade dos frutos de maracujazeiro amarelo tipo BRS GA1 (Gigante Amarelo), em Catolé do Rocha. Os resultados da pesquisa foram promissores para a fruticultura paraibana, tais como melhoria da fertilidade natural pelo uso do esterco bovino (um adubo orgânico), e a prática conservacionista da cobertura vegetal morta que reduziu as perdas de água por evaporação do solo e transpiração das plantas, deixando o solo mais úmido e menos aquecido no ambiente das raízes.

Essa pesquisa foi possível devido o apoio do Governo do Estado, com financiamento de R$ 68 mil, por meio do edital Demanda Universal, executado pela Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq).

Há muitos anos se reconhece que o silício (Si) desempenha um papel importante na produtividade das plantas ao melhorar as deficiências nutricionais e aumentar a resistência, oferecendo grandes benefícios para a agricultura como: aumento de produtividade; formação de uma barreira física contra pragas e intempéries do tempo; aumento da resistência da planta contra elementos tóxicos e a salinidade; melhora da taxa de fotossíntese; regulação da perda de água da planta por transpiração, entre outros.

 A aplicação de silício associado à adubação orgânica e à cobertura vegetal morta no Semiárido paraibano tem apresentado resultados bem-sucedidos em culturas como: feijão-caupi, melancia, genótipos de maracujá, pinha, entre outras. Os resultados obtidos foram promissores para a agricultura paraibana.

Conforme orienta Evandro, o silício pode ser aplicado diretamente no solo ou pelas folhas. O ácido silícico é extremamente puro e diluído em água, atuando como aditivo para a fabricação de fertilizantes, agindo como agente suspensor, melhorando a homogeneização e suspensão das misturas. O produto é encontrado na faixa de R$ 14,60/kg, e sua aplicação é bem menor do que outros adubos químicos.

Desenvolvimento da pesquisa

O experimento foi desenvolvido no período de janeiro de 2022 a dezembro de 2024, em área experimental do Centro de Ciências Humanas e Agrárias, Campus IV/UEPB, onde foram utilizadas doses de silício no solo, equivalentes 0, 45, 90, 135 e 180 kg por hectare, com a adição de matéria orgânica, com e sem cobertura vegetal na projeção da copa. Nos tratamentos com adição de matéria orgânica, foram adicionados 7,70 kg de esterco bovino por cova para elevar o teor de matéria orgânica do solo.

“Foi considerada importante estratégia de manejo para a restauração da cultura do maracujá-amarelo no Semiárido, atenuando os efeitos adversos provenientes da alta temperatura, a salinidade da água e o déficit hídrico, propondo um ambiente adequado para as plantas, visto que o manejo utilizado proporcionou uma maior eficiência do uso da água em uma região com baixos índices de chuva (< 700 mm/ano)”, afirmou o coordenador da pesquisa.

 Os resultados da pesquisa demonstraram ser promissor para a microrregião de Catolé do Rocha a aplicação de doses acima de 82 gramas de silício por planta, associado com aplicação de matéria orgânica, promovendo maior nutrição mineral do maracujazeiro-azedo e melhorando a saúde do solo, resultando numa maior produtividade de frutos.

Conforme resultados do estudo, a produtividade média de 25 t/ha obtida na pesquisa foi superior aos 9,61, 14,54 e 14,87 toneladas por hectare reportados na Paraíba, no Nordeste e no Brasil, respectivamente, de acordo com dados do IBGE (2022). “Essa superioridade destaca o potencial produtivo do maracujá-amarelo sob as condições de manejo adotadas nesta pesquisa”, enfatizou Evandro. Essa pesquisa contribuiu para a criação de outro projeto para a microrregião de Catolé do Rocha, intitulado: Aspectos ecofisiológicos, nutricionais, biomoleculares, produção e qualidade pós-colheita de genótipos de maracujazeiro sob déficit hídrico e aplicação de silício no Semiárido.

Entre as dificuldades encontradas pela equipe para a execução do projeto, o professor Evandro Franklin cita as condições climáticas na microrregião de Catolé do Rocha; temperaturas superiores a 30 °C e a baixa umidade relativa do ar inferior a 40%, além da falta de mão-de-obra qualificada para a cultura.

Segundo salientou o coordenador do projeto, “a Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba contribuiu eficientemente na restauração do cultivo do maracujá-azedo na microrregião de Catolé do Rocha. Sem os recursos disponibilizados pela Fapesq não seria possível a implantação da pesquisa”, enfatizou.