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Governo do Estado assina termos de outorga dos empreendimentos selecionados na Expo Favela Paraíba
A Secretária de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB), a Junta Comercial do Estado da Paraíba (Juncep) e a Central Única das Favelas (Cufa) assinaram hoje os termos de outorga dos 10 projetos selecionados na Expo Favela Innovation Paraíba. Os empreendimentos vão representar a Paraíba na edição nacional do evento, de 1 a 3 de dezembro e cada um recebe o incentivo de R$ 40 mil do Governo do Estado.
Os projetos selecionados no evento que aconteceu em setembro são: Sereias da Penha; My Moon; Ateliê Multicultural Elioenai Gomes; Gari Ecológico; Corp.Ori; Arte Tabajara; Um Moi; Orixás da Lu; Doces Tambaba; e Garças do Sanhauá.
Estiveram presentes na cerimônia, além dos empreendedores contemplados, o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, Cláudio Furtado, representando o governador João Azevêdo, a secretária executiva de Inovação, Elis Regina Barreiro, o secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Rubens Freire, a assessora técnica da Fapesq-PB, Suellen Finizola, o vice-presidente da Junta Comercial da Paraíba, Guilherme Marconi Coutinho de Souza, a presidente nacional da Central Única das Favelas, Kallyne Lima, e o secretário de Ciência e Tecnologia de João Pessoa, Guido Lemos.
"Esse é um setor da economia que vive esquecido dos editais e dos apoios. Foi com grande visão que nosso governador João Azevedo anunciou esse apoio na Expo Favela", afirma o secretário Claudio Furtado. "A Paraíba é o primeiro estado a fazer uma ação efetiva nessa direção. E a ideia é que cada vez mais a gente possa apoiar esse empreendimentos. Com assessoria, com mentoria, para que eles cheguem mais à frente. A partir do momento dessa formalização, eles passam a trabalhar juntamente com o Programa Parque Tecnológico Horizontes de Inovação".
"A iniciativa do Governo da Paraíba é inovadora em todo o Brasil, inclusive norteadora para que outros estados possam enxergar esse espaço como um espaço de fomento, de investimento, até para que a gente possa proporcionar qualidade de vida para os negócios, para os empreendedores e para todo o ecossistema que o cerca", diz Kalyne Lima. "Dificilmente o empreendedor de favela está trabalhando só pra si, é sempre algo colaborativo, participativo, que envolve a comunidade, envolve os familiares. Então é importante esse tipo de fomento".
Para ela, muita coisa muda para esses empreendedores em 2024. "Mas não apenas porque participou do evento ou somente pelo aporte. Muda porque existe toda uma conjuntura envolvida que tem a participação do Governo do Estado efetivamente, através da Secretaria de Ciéncia, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, e vários outros parceiros que vão acelerar esses negócios, promover trilhas formativas para garantir a saúde financeira e estrutural desses negócios. Para que a gente possa estar contemplando cada vez mais empreendedores, empreendedoras e promovendo justiça social nesse país. Porque não falta inovação, não falta criatividade, não falta tecnologia. O que falta é oportunidade e é isso que a gente está conseguindo conquistar aqui".
"Já faz bastante tempo que a gente vem com essas ações, porém é a primeira vez que se incentiva empreendimentos vindos de favelas e de regiões periféricas. Então, para nós, é muito importante porque essa é uma ideia nova que vai gerar oportunidade e inclusão social", conta a secretária executiva Elis Barreiro. "Entre essas pessoas, esses 10 ganhadores que estão aqui, temos quilombolas, indígenas, ribeirinhos... Quer dizer, nós temos uma camada da sociedade que às vezes não teve oportunidade. E aí a partir da falta de oportunidade eles se reinventaram, com a inteligência, com o empreendedorismo que é natural deles e tem negócios belíssimos".
"A iniciativa do Governo é extremamente importante porque está dando visibilidade a um ambiente tornado invisível por razões históricas em razões do próprio ambiente onde nós vivemos: o modo de produção", complementa o secretário executivo Rubens Freire.
Adin Adinkra foi um dos contemplados, com o projeto Corp.Ori, voltado para a representatividade negra na área da saúde e que começou em 2022. "É um projeto que nasce na necessidade de abrir espaços e dar suporte para os profissionais negros na área da saúde", explica. "Os profissionais que são vinculados trabalham nas mais diversas áreas da saúde: tem médicos, fisioterapeutas, massoterapeutas, entre outras especialidades, e pessoas que estão buscando profissionais nessas áreas específicas. Mas agora eles vão ser atendidos já entendendo esse recorte racial, fortalecendo empreendedores negros e profissionais de extrema competência que muitas vezes estavam até numa condição de sucateamento profissional ou até mesmo em desalento profissional porque não estavam conseguindo vagas no espaço do mercado de trabalho".
Já Maria das Neves Silva criou a Doces Tambaba há dez anos. "O meu projeto nasceu de uma necessidade, em um lugar em que a gente passava muita fome: no assentamento Tambaba, no Conde", conta a empreendedora. "Então eu tinha um sonho de ter uma fábrica de doce, um empreendimento para mudar a minha vida e a realidade da minha família. E eu comecei essa história debaixo de um cajueiro, com 50 reais emprestados e dois tipos de doce. Hoje eu faço 50, 60 kg de doce cada caixa. Então desse sonho dessas duas mulheres negras e analfabetas, hoje a gente conseguiu construir o primeiro shopping rural do Brasil, hoje sou uma mulher premiada na Paraíba, e sou um case de sucesso do Sebrae".
Maria das Neves representa bem o que empreendimentos como esse podem significar para uma comunidade. O shopping rural que criou recebe cerca de 500 turistas por dia. Seus doces são feitos de frutas que vem de comunidades vivinhas. As 33 variedades que vende hoje levam junto um pouco das pessoas que moram e produzem em Tambaba, Pitimbu ou Sapé. E que estarão, por tabela, representadas na Expo Favela Nacional, em São Paulo.
Texto: Renato Félix