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Fundações apontam o potencial para pesquisa no Brasil

publicado: 10/09/2020 14h25, última modificação: 17/09/2020 14h49
"É importante que a pós-graduação esteja antenada com as necessidades do setor produtivo", afirmou Roberto Germano, presidente da Fapesq
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Saúde, meio ambiente, agricultura. São inúmeras as áreas com potencial para pesquisa no Brasil. As Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs) são as responsáveis por identificar cursos emergentes e áreas estratégicas em cada unidade da Federação e enquadrá-los no  Edital nº 18/2020, do Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) Parcerias Estratégicas nos Estados, lançado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) nesta semana.

No Nordeste, a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq) formou um comitê permanente com o Instituto Federal da Paraíba (IFPB), as Universidades Federal da Paraíba (UFPB), Federal de Campina Grande (UFCG) e Estadual da Paraíba (UEPB), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Tudo alinhado com a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

O grupo identificou projetos das quatro instituições de ensino envolvidas e trouxe cursos de excelência de engenharias elétrica e civil para apoiar os emergentes. “A Paraíba é um estado na região semiárida do Brasil com características peculiares. Somos relevantes, por exemplo, na exportação de cana-de-açúcar, com cachaça de qualidade, e de calçados”, afirma Roberto Germano Costa, presidente da Fapesq. Para ele, “é importante que a pós-graduação esteja antenada com as necessidades do setor produtivo”, tornando-se menos assimétrica ao concentrar esforços em cursos emergentes.

Roberto Germano

Meio ambiente, saúde e agricultura

A região amazônica tem uma profunda ligação com o meio ambiente e o estado do Amapá não foge à regra. Bioeconomia e economia verde são áreas destacadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (Fapeap). “Temos o estado com a maior área de unidade de conservação em termos percentuais, em torno de 70%. E pode ser de uso sustentável, ou seja, preservar e dar uso ao mesmo tempo”, explica Mary dos Santos, diretora-presidente da instituição.

Outra área importante é a de saúde. O Amapá é afetado por doenças transmissíveis em climas tropicais, como a malária, mas produz plantas medicinais. A fitoterapia, então, surge como potencial para pesquisas. Em um estado com 16 programas de pós-graduação, Mary Santos define a iniciativa da CAPES como uma possibilidade para “reduzir assimetrias da Região Norte em relação ao resto do país”.

Por ser um estado que engloba o Pantanal, o Mato Grosso do Sul, na região Centro Oeste, envereda pelo meio ambiente e ainda tem o agronegócio como ponto-chave. O mote é desenvolvimento. A Fundação de Apoio ao Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) compõe as chamadas “FAPs do Agro”, junto a Mato Grosso e Goiás. Neste, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) quer aproximar ainda mais o agronegócio e o mundo digital. “Queremos formar agrônomos que saibam mexer com as tecnologias digitais, para o Produto Interno Bruto do estado não viver só de commodities”, afirma Robson Vieira, presidente daquela instituição.

Transformação digital
Minas Gerais tem no minério e na agricultura parte significativa de seu PIB. O objetivo é trabalhar para que o estado cresça na área de indústria de transformação. “É um estado bem parecido com o Brasil. Acredito que todo o país tenha potencial para exportar mais produtos de tecnologia de ponta”, observa Paulo Beirão, presidente interino da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que destaca também a área de humanidades. Segundo Beirão, a diminuição da violência e a melhora dos índices de educação, bem como a distribuição de renda, passam por um maior fomento às ciências sociais.

No Rio de Janeiro, a transformação digital tem como objetivo levar maior desenvolvimento ao interior. “Nosso interior tem características semelhantes a Norte, Nordeste e Centro-Oeste: PPGs criados recentemente, cursos com notas 3 e 4. O aluno no interior não pode ser um aluno sem bolsa. Ao sair de um município para outro, precisa do benefício”, observa Jerson Lima, presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Mais ao sul, agricultura e agronegócio,biotecnologia e saúde, energia sustentável e renovável, cidades inteligentes e sociedade, educação e economia são as cinco áreas prioritárias para a Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná (FAP-PR). A instituição destaca que todas estão atreladas à transformação digital e ao desenvolvimento sustentável. Segundo Luiz Márcio Spinosa, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da FAP-PR, o programa da CAPES está de acordo com o que é feito no estado, ao “colocar as universidades em consonância com as demandas do desenvolvimento regional”.

Já no Rio Grande do Sul, eletrônica e ótica avançada, inteligência artificial, internet das coisas e materiais avançados são alguns dos temas transversais destacados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) como estratégicos. De acordo com Odir Dellagostin, diretor-presidente da Fundação gaúcha, a parceria entre CAPES e as FAPs “facilita o direcionamento para o potencial dos estados”, pois quem está na ponta consegue entender as necessidades reais de cada local.

PDPG Parcerias Estratégicas nos Estados
O PDPG Parcerias Estratégicas nos Estados concederá até 1.800 bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado e será executado em parceria com as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs). A intenção é diminuir as diferenças regionais e promover o avanço científico, tecnológico e de inovação, de maneira integrada às demandas e potencialidades de cada local. A cooperação também irá fortalecer a formação de pessoal de alto nível e incentivar as linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação a partir da interação entre universidades, iniciativa privada e terceiro setor.

(Brasília – Redação CCS/CAPES)