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Fundação de Apoio à Pesquisa chega às três décadas com mais incentivos à pesquisa
Roberto Germano, presidente da Fapesq (foto: Renato Félix)
Uma instituição que firmou sua imagem entre a comunidade universitária e científico como agente de desenvolvimento tecnológico e de inovação no estado da Paraíba. É dessa forma que a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB) celebra seus 30 anos esta semana (a data precisa é a próxima quarta, dia 6). A comemoração acontece junto com a 12ª Reunião de Acompanhamento e Avaliação (A&A) e de Comemoração dos 25 anos do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (Peld), que será realizado de segunda, dia 4, à quarta, dia 6, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa.
“A fundação se encontra num patamar extremamente desejável”, avalia Roberto Germano, presidente da Fapesq-PB. “Creio que nessa última década ela tenha desempenhado um papel extremamente importante, passando a ser reconhecida pela comunidade. Os pesquisadores se sentem partícipes deste processo, reconhecendo que a fundação, através de seus editais e das suas ações, tem papel importante, fazendo com que os recursos aplicados promovam iniciativas que fortalecem todo o sistema educacional e de desenvolvimento da ciência e da tecnologia”.
A Fapesq-PB foi criada pela Lei nº 5.624, em 6 de julho de 1992. De lá para cá, saiu do papel, ganhou uma sede própria e se estabeleceu como fomentadora da pesquisa e da inovação na Paraíba tanto em empresas quanto nas universidades. Mas sua abrangência não se restringe à ciência. “A fundação atua em todas as áreas do saber, reconhecendo a importância de todas essas áreas no desenvolvimento regional”, aponta Germano. “A universalidade do conhecimento é um príncípio defendido pela fundação. Para tanto, este ano tivemos um edital pioneiro aqui na Paraíba: o edital universal, fazendo com que projetos das mais diversas áreas de conhecimento e do saber pudessem ser depositados na fundação. Foi um edital que também teve um significado muito forte pelo volume de recursos aplicados”.
Inicialmente, este edital apresentava um aporte financeiro de R$ 4 milhões, mas o apoio da Secretaria da Educação e da Ciência e Tecnologia ampliaram esses recursos, que dobrados. “Isso fez com que fossem aplicados R$ 8 milhões em projetos que fortalecessem os mais diversos programas de pós-graduação do estado da Paraíba”, afirma Germano. A Fapesq-PB agiu diante de uma situação em que o Governo Federal cortou verbas em editais e bolsas no setor. “O pensamento é transformar este edital em politica de Estado, fazendo com que ele participe da plataforma de investimentos da fundação a cada ano”.
Atenção aos arranjos produtivos locais
A Fapesq-PB possui três eixos de atuação. Um é voltado para a popularização da ciência, com editais que atuam não apenas sobre o sistema universitário, mas também na formação de alunos do Ensino Médio. “São políticas que possam atuar no desenvolvimento do processo critico dos estudantes do Ensino Médio, para que eles possam chegar na universidade com uma base teórica e uma base de conhecimento da importância da ciência no desenvolvimento da sociedade”, aponta Roberto Germano.
Um segundo eixo é voltado para o fomento à pesquisa de um modo geral, dentro de todas as áreas do conhecimento. Uma terceira linha de ação é voltada para a inovação tecnológica. “Aí nós temos dois programas característicos. Um voltado para a ideação, que é o edital Centelha, onde fazemos com que, através de criação de startups, os estudantes com uma ideia na cabeça possam transformar isso em um plano de negócios e este plano se transformar em uma empresa”, explica o presidente da fundação. “Já estamos na segunda versão desse programa, inicialmente com a criação de 28 startups. E agora passaremos para a versão número 2, a criarmos mais de 40 startups na Paraíba”.
Além desses três eixos, há uma atenção especial para os arranjos produtivos locais. “E uma atenção especial aos arranjos produtivos locais que têm uma influência forte na economia da Paraíba, como a caprinovinocultura, como o arranjo produtivo da cachaça, a mandiocultura...”, enumera.
Investimento tem aumentado
Para Roberto Germano, a Fundação de Apoio à Pesquisa completa três décadas em seu melhor momento. “Nos três últimos anos, a fundação aplicou mais de R$ 120 milhões. Se nós reconhecermos que o orçamento da fundação, no inicio de 2019, era em torno de R$ 7 milhões, houve uma ampliação muito forte da utilização de recursos para pesquisa na Paraíba e também para editais de tecnologias voltadas para o fortalecimento do Ensino Médio com programas importantes como o Ouse Criar, Primeira Chance, Giramundo...”, avalia. “Todos esses programas em parceria com a Secretaria de Educação fortalecem o poder de abstração dos nossos estudantes do Ensino Médio”.
O ano de 2021, especialmente, foi um destaque. “Em apenas um edital tivemos – somente para bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado – um investimos de mais de R$ 20 milhões. Se nós olharmos historicamente, creio que essa última década tenha sido a década em que a fundação se afirmou como agente do desenvolvimento científico e tecnológico do estado da Paraíba”.
Financiamento de estudos sobre a covid-19
No começo da pandemia da covid-19, a Fapesq-PB se apressou a lançar editais que contribuíssem com o estudo e o monitoramento da doença. “A Fapesq-PB foi a primeira fundação a contratar esses projetos, logo no inicio da pandemia, com um investimento inicial de R$ 1 milhão por parte do governo do Estado. Entretanto, pela objetividade e importância deste edital, a Assembleia Legislativa duplicou a aplicação desse recurso”, conta Germano. “Com mais de 20 projetos voltados à questão tanto do tratamento quanto de vacinas”.
Foi um edital de grande impacto, mas o presidente da Fapesq-PB ressalta a importância do edital que apoiou o sistema de pós-graduação das universidades paraibanas, em que a fundação entrou no vácuo deixado pelo governo federal. “Os investimentos que tivemos no ano passado fizeram com que a fundação se firmasse como agente importante do fortalecimento da pós-graduação do nosso sistemas educacional, impactando em todas as nossas quatro universidades públicas – UFPB, UFCG, UEPB e IFPB – , além do Unipê”, diz.
Germano também destaca um edital voltado para o processo de aceleração da inovação nas empresas, o Tecnova. A ultima versão teve uma aplicação de recursos da ordem de R$ 4,2 milhões, beneficiando 18 empresas na Paraíba. Um dos projetos contemplados é a de criação de uma cerveja tipicamente paraibana, que será fabricada da mandioca.
“Não poderíamos destacar um projeto apenas, mas projetos nessas áreas que a gente considera de extrema importância no desenvolvimento da nossa sociedade e de impacto maior na economia local”, afirma Germano.
Celebração com novos editais
12ª Reunião de Acompanhamento e Avaliação (A&A) e de Comemoração dos 25 anos do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (Peld), que começa nesta segunda na UFPB, terá, no primeiro dia, o lançamento de novos editais da Fapesq-PB.
“Teremos um edital voltado para bolsas de mestrado e doutorado: serão por volta de 280 bolsas”, conta Roberto Germano. “Além disso, um quantitativo de bolsas para fixação de recém-doutores nas universidades, este ano tentando fazer com que haja um pouco de fixação desses saberes humanos nos laboratórios das universidades, com 50 bolsas de pós-doutorado”.
Além disso, haverá um investimento na formação de núcleos de excelência na pesquisa. “Será um investimento da ordem de R$ 7 milhões: R$ 4 milhões para os grupos mais maduros e R$ 3 milhões para os grupos que ainda estão em consolidação”, informa ele. “Também teremos um edital voltado para o sistema de inovação da Paraíba, através de uma ação do Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, onde teremos um investimento da ordem de R$ 3 milhões”.
Germano também aponta o simbolismo desse aniversário acontecer junto com o evento do CNPq. “Temos sítios ecológicos aqui da Paraíba contemplados no edital lançado pelo CNPq com o apoio da Fapesq-PB. Pela primeira vez o CNPq realiza este evento fora dos seus muros e elegeu para isso a Paraíba”, diz. “Portanto estaremos a partir de segunda na UFPB com pesquisadores de todos o país comemorando os 30 anos da Fapesq e com a presença do presidente do CNPq, o dr. Evaldo Vilela”.
Renato Félix