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Evento concentra discussões sobre sistemas energeticamente sustentáveis
Fapesq participa do 2º Congresso Paraibano de Agroecologia
Patrícia Costa, assessora de C&T da Fapesq, fala sobre Avanços da Ciência e Tecnologia no Estado da Paraíba.
A prática da ciência orgânica, voltada ao cultivo de alimentos sem usos de agrotóxicos, agroquímicos e fertilizantes, tem o poder de proporcionar o desenvolvimento de uma cultura agroecológica socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável. A partir desses propósitos, foi aberto, na manhã desta terça-feira (1º), o 2º Congresso Paraibano de Agroecologia, realizado no Centro de Ciências Ambientais e Agrárias (CCAA) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Lagoa Seca. Até a próxima quinta-feira (3), estudantes, professores e pesquisadores estão reunidos para debater questões relacionadas ao tema “Ciência cidadã construindo sistemas agroalimentares energeticamente sustentáveis”. O evento conta com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq)
E as primeiras discussões focaram justamente na valorização da prática agroecológica como ciência, desde a sua importância nos movimentos populares até o desenvolvimento de pesquisas científicas. Segundo o professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Alexandre de Araújo, a Agroecologia consiste em uma ciência que sistematiza conhecimentos, mas, ao mesmo tempo, também é uma ciência popular, construída a partir da participação dos movimentos populares que aplicam ações no cotidiano das pessoas, que são usuários e também experimentadores dessa ciência. Essa aproximação entre saber comum e científico, de acordo com ele, faz com que a sociedade possa perceber o quanto a Agroecologia é importante atualmente.
“A sociedade viveu momentos em que acreditava-se que era possível utilizar de maneira irracional a natureza. Os modelos de desenvolvimento ao longo da história perceberam o caráter finito dos recursos naturais. Nosso planeta tem um limite de exploração e é nesse arcabouço que é criada a Agroecologia enquanto nova fórmula de racionamento entre as pessoas e os recursos naturais. É preciso atender as necessidades das populações do presente, sem comprometer a necessidade das populações futuras, o que nos leva ao conceito de desenvolvimento sustentável, da qual a Agroecologia segue a linha e preza pelo interesse do bem-estar das populações”, disse Alexandre.
O desenvolvimento de pesquisas centradas nessa perspectiva foi salientada pela assessora de C&T da Coordenação de Programas e Projetos da Fapesq, Patrícia Costa, que destacou o crescimento dos investimentos na Paraíba em estudos na área da Agroecologia. Segundo ela, a união, principalmente entre as secretarias de Educação e de Ciência e Tecnologia do Estado, novos editais de fomento estão apresentando novas oportunidades tanto para pesquisadores como também para agricultores encontrarem nesse tipo de cultura, além do sustento familiar, a engrenagem do desenvolvimento econômico do Estado.
“Nós avançamos muito no que diz respeito aos investimentos com a união das secretarias, que passaram a oferecer um maior número de editais, dando a oportunidade de avançarmos tanto na pesquisa como também na prática agrícola. A Agroecologia, ou seja, o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais é uma grande oportunidade que vemos hoje para a sustentação de toda a economia brasileira. E a Paraíba não deixa de investir nisso para o enriquecimento do nosso sistema agricultor”, destacou Patrícia.
A participação de mais de 400 pessoas nesta edição estadual do congresso foi destaca pela pró-reitora de Gestão de Pessoas da UEPB, professora Célia Regina Diniz, que na oportunidade representou o reitor Rangel Junior na abertura o evento. De acordo com a professora, levantar a bandeira do desenvolvimento sustentável é reafirmar a luta pela saúde das populações e pelo exercício de uma prática que está preocupada em não prejudicar o meio ambiente. “É importante levantarmos a bandeira de uma prática agroecológica que garanta sustentabilidade sem usos de aditivos químicos que possam prejudicar a saúde da população consumidora. Durante todos esses dias de evento, teremos importantes atividades de ensino, pesquisa e extensão que valorizam toda essa temática sustentável, que se configura como uma das mais urgentes atualmente”, disse Célia Regina.
O 2º Congresso Paraibano de Agroecologia tem como objetivo promover a Agroecologia em sua relevância regional, ao mesmo tempo em que expressa o fortalecimento das inúmeras experiências agroecológicas das famílias agricultoras, movimentos sociais, instituições de ensino, pesquisa e extensão, além de fortalecer a importância dos territórios, buscando preservar a biodiversidade e a riqueza étnica e cultural. De acordo com o coordenador do evento e diretor do CCAA, professor José Félix Neto, esse congresso é uma reunião preparatória para o Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), que servirá para ampliar todas as questões que estão sendo discutidas sob o aspecto estadual.
“No próximo mês, teremos o Congresso Brasileiro de Agroecologia, em Sergipe, e levaremos para lá várias questões que serão discutidas neste evento. A UEPB é sempre protagonista em discussões como essas. Para isso, vamos focar na construção do conhecimento agroecológico, modelo de transição da agricultura convencional para a agricultura orgânica, na qualidade do que está sendo produzido e nas formas de produção, levando em consideração o saber do homem do campo, além de criar um elo com outras instituições”, acrescentou o professor.
O professor Alde Cleber, diretor da Escola Agrícola Assis Chateaubriand (EAAC), destacou que o Congresso é extremamente importante para discutir questões agroecológicas, pois não se pode pensar em futuro sem pensar em sustentabilidade e a Agroecologia é o caminho para aliar desenvolvimento e proteção ao meio ambiente e às pessoas.
Texto e fotos: Givaldo Cavalcanti (Ascom UEPB)