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Fapesq e a ciência globalizada através das pesquisas internacionais

publicado: 17/04/2023 17h05, última modificação: 17/04/2023 17h10
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Profa. Verônica e estudantes e o prof. Patrick Elf, do Reino Unido, em cooperação internacional

“O pensamento científico moderno - ou um plano para o desenvolvimento da ciência atual no mundo - não pode abrir mão do intercâmbio, da cooperação internacional ou daquilo que chamam popularmente de internacionalização.” A afirmação do Presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ-PB), Rangel Júnior, está em consonância com o pensamento acadêmico. A cooperação entre países deve ser efetivada no contexto das instituições calcadas por políticas voltadas para promover o compartilhamento de experiências intrnacionais.

Rangel complementa dizendo que “é importante que os pesquisadores e pesquisadoras brasileiras estejam em contato e trocando experiências com laboratórios, com grupos de pesquisa e pesquisadores de outros países onde haja áreas de interesse convergentes, como também a vinda de pesquisadores estrangeiros para o Brasil.”

Essas experiências são vividas por cientistas paraibanos, dos quais foram destacados relatos de coordenadores projetos aprovados no âmbito da Fapesq-PB. As chamadas ou editais internacionais são oriundos de parcerias entre instituições de pesquisa, fomento ou governos dos países envolvidos, e aderidas por instituições de fomento nacionais e estaduais. E, assim, chegam aos pesquisadores. “A Fapesq tem financiamentos de projetos em áreas estratégicas para o Estado da Paraíba e para a humanidade em um sentido mais amplo. E vamos investir cada ida mais na perspectiva desses intercâmbios”, ressalta Rangel Júnior.

Dentre os projetos internacionais na Paraíba está a construção do Rediotelescópio Bingo, uma cooperação científica principalmente entre o Brasil e a China, porém reúne também pesquisadores da França, Reino Unido e Suíça. Outra experiência é o projeto que desenvolve plástico biodegradável para uso na indústria automotiva, desenvolvido em parceria entre a UFCG, UFPB e Instituto Fraunhofer (Alemanha): o projeto “Compostos de PLA totalmente de base biológica apresentando estabilidade a longo prazo”.

Na área das Ciências Humanas, a professora e pesquisadora Verônica Macário de Oliveira, da Universidade Federal de Campina Grande, coordenadora um projeto pelo qual são feitos estudos das relações do consumo no contexto da sustentabilidade. A pesquisa ultrapassa a fronteira com apoio por meio da chamada CONFAP UK Academies FAPESQ-PB 2022, que a parceria entre o Centro de Desenvolvimento Empresarial e Econômico (CEEDR) da Middlesex University London e o Núcleo Interdisciplinar em Gestão Socioambiental (NIEGS) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

O núcleo de pesquisa NIEGS integra a rede internacional de conhecimento Scorai Brasil (Pesquisa e Ação sobre Consumo Sustentável, em português). A rede é formada por profissionais e acadêmicos de vários países que trabalham o consumo nessa perspectiva do bem estar humano, da mudança cultural e tecnológica, através da transformação dos modos de consumo.

“As redes de cooperação internacional são importantes porque trabalhamos em um mundo globalizado e o conhecimento deve ser também globalizado, inclusivo e acessível. O compartilhamento de experiências internacionais geram ganhos para todos os envolvidos”, sublinha Verônica Macário.

A pesquisadora também é assessora internacional da UFCG e alerta ainda que o conceito da cooperação internacional  não deve ser confundido com a educação internacional apenas, mas deve ser trabalhado em todos os processos da pesquisa de maneira que as universidades sejam um espaço onde não haja diferenças ou desnivelamentos entre os conhecimentos gerados nos países do Norte global, ou no Brasil. “A atuação das agências de fomento é o que faz a diferença dentro de um processo de cooperação e ampliar esses editais é fundamental, especialmente na área das Ciências Humanas”, fala Verônica Macário.

Outro projeto multi-institucional firmado entre a UFCG, a UFPB, IFPB, é no contexto da remediação ambiental – reduzir poluição e recuperar áreas poluídas. Os pesquisadores brasileiros mantêm parcerias internacionais com universidades na França e no Reino Unido. “Em pesquisa estamos sempre procurando parceiros. No que se refere ao uso de equipamentos, por exemplo, se aqui não temos equipamentos que podemos utilizar em outros países; da mesma forma, outros laboratórios nos procuram e assim ocorre o desenvolvimento”, fala a coordenadora do projeto Ieda Santos, coordenadora do projeto e do Núcleo de Estudos e Pesquisas do Norte e Nordeste, o Nepen, no Centro de Tecnologia da UFPB.

Experimento para preservação de aquífero é único na América Latina

Experimento com aquífero - prof. Cristiano

Talvez não dê pra perceber, mas algumas “caixas azuis” e uma grande caixa d’água no “quintal” do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UFPB são parte de uma área experimental para estudo de como “reabastecer” um aquífero natural, que é uma das fontes hídricas usadas na região litorânea da Paraíba.

A área foi incorporada à infraestrutura da UFPB através de sua transformação em um laboratório denominado de Laboratório de Estudos Avançados em Recarga Gerenciada de Aquíferos e Hidrogeologia (LEMARH).

Esse laboratório conta com 7 poços de monitoramento e 2 poços de injeção/bombeamento do aquífero livre; 1 poço de monitoramento no aquífero confinado, 0 reservatório de 15 m³, e um sistema integrado de monitoramento automático e em tempo real dos níveis de águas do aquífero e da precipitação.

Foram criadas seis áreas experimentais como essa no Chipre, França, Alemanha e Brasil. Esse laboratório é o único com essas características em toda a América do Sul. Por meio de um endereço da Internet é possível acompanhar em tempo real a realização de experimentos.

Coordenado no Brasil pelo professor e pesquisador Cristiano das Neves Almeida, o projeto se volta para a sustentabilidade de um recurso natural crítico no Semiárido, mas existente em maior quantidade na faixa litorânea da Paraíba, as águas submersas.  

O projeto foi viabilizado por meio da chamada Water Joint Programming Initiative - 2017 Joint Call, lançada pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e aderida pela FAPESQ-PB. O financiamento deu suporte a pesquisadores de alto nível para planejamento e projeto e a criação do laboratório para estudo de alto nível sobre a recarga gerenciada de aquífero, que poderá ser utilizado por outras instituições do Brasil e do mundo.

“O intercâmbio contribui para minha carreira aumentando a visibilidade do grupo de pesquisa, principalmente pela criação do laboratório. Reforça também o compromisso dos pesquisadores da UFPB em criar e o operar sistemas como a área experimental”, complementa Cristiano Almeida.

COOPERAÇÕES INTERNACIONAIS

PPROGRAMA

NOME DO PROJETO

OBJETIVO

FINANCIAMENTO

Medical Research Council

CONFAP/FAPESQ

Avaliando o impacto do programa Mais Médicos no Brasil

 

UFPB

Avaliar se o provimento emergencial de médicos afetou os resultados de saúde e se os impactos mais amplos do sistema de saúde  atingidos.

R$ 149.854,00

Medical Research Council

CONFAP/FAPESQ

Desvendando o efeito do esquema nacional de pagamento por desempenho (PMAQ) sobre as desigualdades no financiamento e prestação de atenção primária no Brasil.
UEPB

Investigar como o programa nacional de Pagamento por Performance (P4P) na Atenção Básica do SUS tem afetado as desigualdades socioeconômicas nos níveis de financiamentos e resultados.

R$ 149.380,00

Newton Fund Institutional Links Virus Zika

British Council/FAPESQ

Impacto da aprendizagem móvel na prevenção e gestão de complicações causadas por arbovírus (Zika, Dengue, Chikungunya).
Reino Unido/UEPB

Identificar áreas negligenciadas com resultantes de infecção pelo vírus Zika e suas implicações; trabalhar na educação e na sociedade; treinamento e cursos.

R$ 79.920,00

WATER JPI 2017

CONFAP/FAPESQ

Estrutura inteligente para monitoramento e controle em tempo real de processos de subsuperfície em aplicações gerenciadas de recarga de aquíferos – SMART-Control

Chipre, França, Alemanha e Brasil/UFPB

Reduzir o risco da aplicação e uso da Recarga Gerenciada de Aquíferos (RGA)

75.000,00 €

Termo de Parceria CONFAP/FAPESQ/ Fraunhofer

Compostos de PLA totalmente de base biológica apresentando estabilidade a longo prazo.

UFCG/UFPB/Instituto Fraunhofer (Alemanha)

Aplicações de inovação de interesse direto para a indústria no Brasil e na Alemanha

Investimento total: € 140.000,00,
R$ 620.200,00 – recursos Governo do Estado
R$ 86.385,00

CONFAP UK ACADEMIES FAPESQ-PB 2022

Fotocatálise como uma ferramenta poderosa para a degradação de poluentes aquáticos: compreendendo a atividade de materiais que usam elétrons ressonância paramagnética (EPR)

espectroscopia combinada para eletroquímica.
Reino Unido/UFPB

Apoio a pesquisadores do Reino Unido para trabalhar em instituições de pesquisa no Brasil, em colaboração com colegas locais.

R$ 18.500,00

CONFAP UK ACADEMIES FAPESQ-PB 2022

Candidatura ao Apoio à Mobilidade de Investigação para fomentar a parceria entre o Centre for Enterprise and Economic Development (CEEDR) da Middlesex University London e o Núcleo Interdisciplinar em

Gestão Socioambiental (NIEGS/UFCG) Reino Unido/UFCG

Apoio a pesquisadores do Reino Unido para trabalhar em instituições de pesquisa no Brasil, em colaboração com colegas locais.

R$ 15.000,00

PROJETO BINGO

Governo da Paraíba (FAPESQ) Governo do Estado de São Paulo (FAPESP), Yangzshou University, CETC54, MCTI

Projeto Bingo: Radiotelescópio no Sertão

USP/UFCG/INPE/Yangzshou University.

 

Construção de um radiotelescópio para mapear a emissão de hidrogênio neutro em uma faixa do universo.

Parcial:
R$ 12.193.800,00

(Governo do Estado da PB)

Auxílio para participação em eventos internacionais de alto impacto/FAPESQ

Edital com seleção em andamento

Conceder auxílio financeiro a pesquisadores que participarão de eventos científicos de alto impacto, em âmbito internacional.

R$ 240.000,00
(Governo da Paraíba)

FONTE: SECTIES/FAPESQ-PB

 Por: Márcia Dementshuk (Assessoria SECTIES)