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Dia Mundial do Meio Ambiente

Estudo inédito mapeia vulnerabilidade ambiental da Paraíba e revela impactos das mudanças no uso da terra e da intensificação das secas

publicado: 05/06/2025 08h55, última modificação: 04/06/2025 17h07
Regiões da Caatinga foram identificadas como áreas críticas, com perda significativa de cobertura vegetal e maior exposição às secas severas
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Imagens aéreas feitas com drone pelo coordenador da pesquisa Madson Tavares, na região de Monteiro
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Compreender como o território paraibano tem sido transformado nas últimas décadas tornou-se uma prioridade diante dos crescentes impactos ambientais observados na região. O projeto “Caracterização da Dinâmica Espaço-Temporal do Uso e Cobertura da Terra no Estado da Paraíba” surgiu como uma resposta científica à necessidade de mapear essas alterações, seus agentes e suas consequências. A pesquisa foi financiada pelo Governo da Paraíba com cerca de R$ 64 mil, de um total de investimento de R$ 8 milhões do Edital Universal, executado pela Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq).

O projeto investiga o uso da terra e a cobertura vegetal no estado da Paraíba no período de 1985 a dezembro de 2025, relacionando essas dinâmicas à variabilidade climática e às pressões antrópicas, causadas ou resultante da ação do homem, geralmente com um impacto significativo no meio ambiente. A pesquisa é coordenada pelo Prof. Dr. Madson Tavares Silva, do Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, da Universidade Federal de Campina Grande (CTRN/UFCG), com a participação de docentes da UFCG, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE), além de estudantes dos cursos de Meteorologia e dos programas de pós-graduação em Meteorologia (PPGMET/UFCG) e em Engenharia e Gestão dos Recursos Naturais (PPGEGRN/UFCG).

O estudo buscou, entre seus principais objetivos, identificar mudanças espaciais na cobertura vegetal da Caatinga e da Mata Atlântica, delimitar regiões de maior vulnerabilidade ambiental e socioeconômica, e avaliar os impactos das secas intensas na vegetação paraibana. Foram aplicadas técnicas avançadas de estatística multivariada, modelagem de séries temporais e teoria dos eventos extremos (GEV e GPD), integradas a dados de precipitação, evapotranspiração, uso da terra e índices climáticos.

Para a execução técnica, o projeto contou com a aquisição de equipamentos modernos, como desktops de alta performance, notebooks e softwares específicos, possibilitando a análise robusta dos dados e a produção de mapas temáticos com alta resolução espacial.

Os resultados obtidos revelaram a intensificação da vulnerabilidade ambiental em diferentes microrregiões da Paraíba, consequência direta da pressão exercida pelo avanço das atividades agrícolas sobre ecossistemas naturais e pela ocorrência de eventos climáticos extremos. Regiões da Caatinga foram identificadas como áreas críticas, com perda significativa de cobertura vegetal e maior exposição às secas severas. Também foi possível identificar os períodos de retorno de eventos extremos (2 a 100 anos), fornecendo subsídios técnicos para planejamento de políticas de adaptação climática.

Segundo destacou o coordenador da pesquisa, as informações geradas permitem melhor planejamento territorial, monitoramento de áreas sensíveis, gestão de recursos hídricos e elaboração de estratégias de mitigação de riscos climáticos. “O conhecimento produzido tem potencial para orientar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável no Semiárido paraibano”, enfatizou Madson Tavares.

Esse estudo inédito coloca a ciência paraibana em posição de destaque nacional no debate sobre sustentabilidade e clima, e representa uma valiosa contribuição para a construção de um futuro mais resiliente e equilibrado no estado da Paraíba.

Uma das ações fundamentais do trabalho envolveu a formação de recursos humanos qualificados. Foram concluídas três dissertações de mestrado pelo PPGEGRN/UFCG, dois projetos de iniciação científica com estudantes do curso de Meteorologia, e um doutorado atualmente em andamento na mesma linha temática.

Dissertações de Mestrado:

  • Everton de Araújo Medeiros (2024): Análise de eventos extremos de precipitação em regiões homogêneas da Paraíba.
  • José Diogenes Alves Pereira (2023): Estudo da variabilidade climática e do uso e cobertura das terras no estado.
  • Jadson dos Santos Maciel (2021): Tendência da mudança da cobertura vegetal na Borborema Paraibana.

Iniciação Científica:

  • Ewerton José Martins Cavalcanti (2022–2023): Trabalhos voltados à variabilidade da precipitação e cobertura do solo na Paraíba, vinculados ao PIBIC/UFCG.

 

Participação em eventos científicos

O projeto também teve intensa participação em eventos científicos, promovendo intercâmbio técnico e internacionalização. Destacam-se apresentações no Congresso Internacional de Riscos (Portugal, 2023), Congresso Brasileiro de Agrometeorologia (Natal-RN), Simpósio Internacional de Climatologia (João Pessoa-PB) e workshops sobre mudanças climáticas em Pernambuco (Recife - PE).