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Estado investe cerca de R$ 13 milhões para instalação do maior radiotelescópio da América Latina, no Sertão da Paraíba
O maior radiotelescópio da América Latina (Bingo - sigla em inglês para Oscilações Acústicas de Bárions de Observações Integradas de Gás Neutro) será instalado no sertão da Paraíba. Ele está sendo construído para mapear as emissões de hidrogênio neutro no espaço profundo - e, a partir daí, usar as oscilações acústicas de bárions como régua padrão para medir a expansão do universo. O projeto torna a Paraíba protagonista no cenário científico internacional após os governos do Brasil e da China declararem oficialmente apoio ao desenvolvimento do Radiotelescópio BINGO, em construção no município de Aguiar, mais precisamente na Serra do Urubu. Mas, nada disso seria possível sem o apoio do governo do Estado da Paraíba ao projeto, que investiu cerca de R$ 13 milhões. Como principal objetivo, o BINGO deve ajudar a compreender a natureza de um dos maiores mistérios do Cosmos: a energia escura.
O projeto Bingo só é realidade hoje por causa do apoio do governo do estado da Paraíba, que por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), e com a execução financeira da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTc), possibilitou a contratação dos recursos para a aquisição da estrutura metálica do radiotelescópio, afirmou um dos coordenadores regionais do projeto, Amilcar Rabelo de Queiroz, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Segundo ele, a contratação já foi realizada com a empresa chinesa CETC 54, a mesma que construiu o maior radiotelescópio do mundo. "Nesse exato momento, toda essa estrutura está sendo manufaturada na empresa da China. Neste momento também está sendo embarcado por essa mesma empresa chinesa, para chegar no Brasil, a usina solar que vai alimentar com energia o rádio telescópio Bingo. A expectativa é receber a estrutura metálica da China até o início do segundo semestre" afirmou.
Em Aguiar, no local onde vai ser instalado o radiotelescópio Bingo já existe uma casa onde vão ficar abrigados os equipamentos. Atualmente, o terreno está sendo preparado para receber esses equipamentos. A terraplanagem está sendo feita com recursos de parceiros. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) entrou com R$ 2,5 milhões e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) com 4 milhões para a preparação do terreno. Enquanto a estrutura metálica não chega as equipes estão trabalhando no desenvolvimento de toda a parte eletrônica. Para isso, o projeto conta com apoio de alunos, professores de Física e Engenharia Elétrica da UFCG, entre outros. A FAPESP entrou com financiamento na ordem de R$ 20 milhões no projeto.
"O radiotelescópio Bingo não existiria sem o apoio do governador João Azevêdo. Isso demonstra uma visão de futuro e acaba fomentando o desenvolvimento da região. Motiva os estudantes e a população local para que elas possam ver que existem outras possibilidades. O Bingo muda toda a paisagem do local. A gente pode começar a falar em turismo científico. As pessoas vão passar a visitar Aguiar para conhecer o radiotelescópio e isso vai movimentar a economia local e gerar novos empregos. O projeto representa um grande legado para aquela população, as crianças dali podem sonhar em sair de lá novos cientistas", observou Amilcar.
O presidente da Fapesq, Rangel Júnior, reconhece no projeto Bingo a inovação que permite uma visão de futuro. "A gente tá fazendo ciência de ponta, que vai colocar a Paraíba e o Brasil em destaque no cenário internacional. Isso mostra o grande potencial dos nossos pesquisadores locais", atestou Rangel. Para Amilcar, o Radiotelescópio Bingo pode vir a se transformar em grandes prêmios científicos. Trata-se de um projeto com colaboração internacional, tendo o Brasil como protagonista no cenário internacional da ciência. "A gente tá levando a interiorização da ciência e da educação. Estamos levando tecnologia para o interior do Brasil", citou. Alguns dos trabalhos do professor Amilcar como membro da gestão do projeto Bingo incluem o desenvolvimento de telescópios auxiliares e de aplicações para detecção e modelagem de rajadas rápidas de rádio e pulsares.
O Projeto Bingo é uma colaboração entre o Governo da Paraíba, por meio da Fapesq, o Governo do Estado de São Paulo, através da Fapesp, a Yangzshou University, CETC54, MCTI, USP/UFCG/INPE. O projeto, até o momento, está orçado em R$ 35 milhões. A equipe gestora do projeto é composta pelo coordenador geral Prof. Élcio Abdalla (USP), o coordenador científico Prof. Carlos Alexandre Wuensche (INPE). O Prof. Amílcar Rabelo de Queiroz (UFCG) é um dos coordenadores do projeto BINGO, juntamente com os Prof. Luciano Barosi (UFCG), Prof. Thyrso Villela (INPE), Prof. Filipe Abdalla (UCL-Londres) e Prof. Bin Wang (Yangzhou University, China). Mais informações sobre o radiotelescópio Bingo no site https://bingotelescope.org/pt/