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Editais do Parque Horizontes de Inovação buscam revitalização do Centro Histórico de JP

publicado: 25/10/2021 13h59, última modificação: 25/10/2021 14h03
Busca é por ideias inovadoras que solucionem problemas da área em diversos aspectos; ações também já vislumbram turismo histórico-religioso
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O Parque Tecnológico Horizontes da Inovação, em processo de instalação no antigo Colégio Nossa Senhora das Neves, ambiciona ir além de sua definição prática: a de ser um ambiente para que empresas e pesquisadores que lidam com a inovação trabalhem, se desenvolvam e contribuam com o desenvolvimento da Paraíba. O parque também quer ser uma força motriz para uma revitalização daquela região do Centro Histórico de João Pessoa, incentivando uma série de outras ações. Embora a reforma da sede ainda esteja em andamento, algumas dessas ações já estão acontecendo.

Algumas ações são voltadas a chamar a atenção da cidade para o centro histórico, diagnosticas problemas e pensar soluções, por meio de projetos que podem vir a ter o apoio do Parque Tecnológico. Uma das ações é o edital do Concurso Ideias Inovadoras, que tem inscrições abertas até o dia 4 de novembro. O edital é uma iniciativa do governo do estado da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia (Seect) em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa (Fapesq).

Poderão participar a comunidade acadêmica e inventores independentes da Paraíba. Serão destinados R$ 250 mil, oriundos do Tesouro Estadual, sendo R$ 180 mil destinados ao pagamento dos prêmios e R$ 70 mil para despesas operacionais relacionadas ao julgamento das propostas e demais atividades relacionadas ao concurso.

“A ideia do concurso Ideias Inovadoras, com foco no centro histórico de João Pessoa, surgiu a partir da busca do Parque Tecnológico Horizontes de Inovação por projetos e iniciativas de diferentes atores da sociedade em geral, desde alunos de Ensino Médio, passando por alunos da graduação em instituições instaladas na Paraíba, alunos de pós-graduação, pesquisadores das nossas universidades, até inventores da economia criativa (que são aquelas pessoas que, de alguma maneira, se situam no campo artístico-cultural), até professores das escolas que tenham algum tipo de iniciativa na construção de ferramentas pedagógicas inovadoras”, explica Francilene Garcia, coordenadora do Parque Tecnológico. “A ideia é que essas pessoas possam associar os desafios que nós temos na região do centro histórico de João Pessoa, trazendo recomendações para diferentes problemáticas que afetam e que de alguma maneira causaram a degradação daquela área, no sentido de apropriação de conhecimento e ideia empreendedoras, considerando aí os atuais desafios”.

Francilene Procópio Garcia (1).jpgAssim, o Horizontes de Inovação se propõe a ouvir da comunidade quais são as iniciativas que ele poderia apoiar de forma empreendedora. “É importante que essas ideias possam, na medida em que elas tenham mérito, ser incentivadas a se materializar e se tornarem projetos – quem sabe? – de futuras startups que vão ser apoiadas pelo Parque Tecnológico”, afirma Francilene. “Então, no fundo, a mensagem do concurso Ideias Inovadoras é trazer a comunidade do estado a pensar sobre essa região, quem sabe ajudando os dirigentes públicos e alguns empreendedores do setor privado a transformarem essa região numa direção em que as pessoas voltem a habitar o centro? Esperamos, a partir daí, trazer a sociedade pra pensar junto com o Governo as iniciativas para o centro histórico de João Pessoa”.

Estudantes mapeiam a área para propor soluções

Outro projeto, este já em andamento na prática, é o Ouse Criar. O programa de inovação e empreendedorismo da Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia da Paraíba, que incentiva alunos da Rede Estadual de Ensino a pensar em soluções para os problemas de suas comunidades, ganhou uma edição voltada especialmente para o Centro Histórico.

“Tudo se congrega na ideia de criar projetos e experiências discentes com o objetivo de valorizar a região do centro histórico de João Pessoa. Sendo assim, foram lançados alguns editais para a seleção de pessoal, tanto para atuar na coordenação quanto para participarem enquanto executores do projeto”, conta Thiago Silveira, um dos coordenadores do Ouse Criar – Parque Tecnológico Horizontes de Inovação. “Temos a participação de algumas escolas estaduais, localizadas no Centro, representadas por um professor mentor e cinco estudantes em cada equipe. Temos a participação de um professor e um aluno mentor do Centro Estadual de Tecnologia (Inotech) para cada equipe. E, por fim, temos a participação de graduandos do curso de História da UFPB, sendo um para cada equipe”.

Ao todo são sete equipes distribuídas em sete eixos (segurança pública; mobilidade urbana; iluminação pública; patrimônio cultural; habitação; economia; e turismo sustentável). Elas têm o objetivo de desenvolver ideias que valorizem e promovam o centro histórico, sob a ótica de cada eixo, de uma forma inovadora e empreendedora.

Por enquanto, as equipes estão na fase de diagnóstico, em execução desde 1º de outubro e chamada de “Fase de imersão”. “É a fase em que as equipes analisarão o centro histórico e escolherão o lócus de seu projeto. Assim, farão um levantamento de todos os problemas existentes baseados em seu eixo temático”, diz Silveira. Elas devem enviar seu relatório sobre essa fase até o dia 3 de dezembro.

Na sequência entra a “Fase de ideação”. “A partir dos problemas encontrados, sob a ótica do seu eixo, as equipes terão que pensar em uma solução viável e criativa para o problema”, explica o coordenador. Esta fase vai até 21 de janeiro de 2022. A terceira e última é a “Fase de prototipagem”. “A partir da ideia desenvolvida, as equipes terão que construir um produto ou serviço, para solucionar a problemática encontrada”. A entrega do relatório final está prevista para 31 de março.

“Este projeto tem uma relevância imprescindível para a conscientização sobre a importância histórica e cultural daquela região em nossos jovens”, continua ele. “Eles serão protagonistas de um projeto que busca a valorização da região, voltando seus olhares para o uso de ideias inovadoras que solucionem os problemas relativos a cada eixo, mas que ao mesmo tempo busquem valorizar o centro histórico”.

Eventos irão de feirinhas a circuito de igrejas históricas

“Ambas as chamadas públicas não só têm como objetivo criar um diálogo de uma forma sistêmica com a sociedade para voltarmos a ter atenção sobre o centro histórico, mas, da mesma forma, premiar ideias interessantes com potencial criativo e empreendedor para serem apoiadas pela incubadora que será instalada dentro da área do parque”, conta Francilene Garcia. Mas além delas, outra iniciativa já aponta para o retorno do turismo pós-pandemia.

“Nós estamos organizando junto com o Sebrae e com a Arquidiocese da Paraíba, também com a área de turismo da Prefeitura de João Pessoa e do Governo do Estado – a nossa PBTur e a nossa Secretaria de Estado de Turismo – , um conjunto de atividades que visam voltar a estruturar eventos em áreas públicas da região do Centro, ali no entorno de onde se instalará o Parque Tecnológico”, conta ela. “Buscando, inclusive, estruturar um diálogo com alguns arranjos produtivos locais que temos apoiado – como é o caso de produtos ligados ao setor de leite – a produção de queijo – , produtos relacionados aos engenhos – a nossa produção de cachaça – e também a floricultura, que a gente desenvolve em algumas regiões aqui do Brejo”.

A ideia é organizar desde feirinhas em espaços públicos até revitalizar um turismo histórico-religioso em um circuito que percorra as antigas igrejas que ocupam o centro histórico. “Vamos iniciar, também com a Arquidiocese e os parceiros relacionados ao trade e as instituições que fazem apoio ao turismo local, a reorganização de um circuito de turismo religioso, que deve envolver aí uma caminhada de até duas horas em cinco das igrejas mais antigas”, diz a coordenadora do parque. “Nós estamos falando de igrejas que estão entre os ítens de patrimônio histórico mais antigos do nosso país”.

“Esse turismo deve reacender, inclusive para a nossa própria população, o conhecimento da presença desses imóveis”, prossegue. “Vamos contar com a ajuda dos nossos historiadores para contar um pouco da história do surgimento dessas igrejas. E obviamente vamos associar aí apresentações artístico-culturais, iniciando aí com os nossos grupos do Prima. Essas apresentações deverão incluir a própria capela que está lá, residente, no espaço do Parque Tecnológico Horizontes de Inovação”.

Também já está sendo preparada a instalação de um museu da eletricidade dentro do prédio do parque. “Esse museu vem sendo trabalhado com a perspectiva de ter uma dinâmica bem atual, com formas de apresentação de conteúdo que tenham uma forte interação com a sociedade”, conta Francilene Garcia. “Nós estamos vivendo até um certo momento de diálogo controverso e complexo. Enquanto uma boa parte da região brasileira vive, diante da escassez das hidroelétricas, uma certa reserva com relação a um possível apagão de energia, o Nordeste desponta como uma das áreas robustas para fornecimento de energia limpa, a exemplo da fonte eólica e solar”.

A expectativa é que a reforma possa ser concluída até abril de 2022. “É muito provável que a gente já inicie, até o final do ano, a captação de empreendimentos nascentes no modelo de incubação virtual até que a reforma seja concluída”, finaliza.

Renato Félix (Ascom SEC&T)