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Cerca de 15 mil alunos de Campina Grande participam de gincana que visa eliminar criadouros
Projeto Zikamob propõe combate ao Aedes Aegypti usando o celular
A Secretaria Estadual de Saúde (SES, 05/2019) alerta para o risco de infestação do mosquito Aedes Aegypti em quase todos os municípios paraibanos. A atenção exige um posicionamento sério para combater o transmissor de doenças fatais como dengue, zika e chikungunya. Contudo, as pessoas ainda brincam diante da situação, como os estudantes do Ensino Médio da rede Estadual de Ensino em Campina Grande. Isso mesmo, cerca de 15 mil alunos poderão participar na próxima semana uma gincana cujas missões propõem mais do que diversão: a mudança de comportamento para eliminar os criadouros do mosquito.
A Gincana Zikamob é uma brincadeira séria. Começa dia 13 de maio e faz parte de um projeto mais amplo coordenado pela professora Silvana Cristina dos Santos e desenvolvida por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública (PPGSP) e da área de Ensino de Ciências da UEPB. É feita em colaboração com pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Reino Unido, e recursos são financiados sendo 50% proveniente do British Council e 50% do Governo do Estado da Paraíba, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa (FAPESQ).
O Projeto Zikamob propõe o combate ao Aedes Aegypti usando um instrumento que está na palma da mão, o celular. “O mobile é uma ferramenta importante da modernidade para envolver um número maior de pessoas. Deve ser incluído para o aprendizado, e não evitado. É o normal para os estudantes”, considera a professora Silvana.
A cada semana será publicada uma “missão” da gincana no site zikamob.org. Os participantes precisam cumprir a proposta, fazer um vídeo mostrando como realizaram a missão e compartilhar em suas redes sociais. A equipe organizadora da gincana e votações pelas redes sociais irão avaliar os resultados através do vídeo mais criativo, número de curtidas e compartilhamentos. Assim, até 15 julho, novas tarefas serão lançadas e em agosto serão reveladas as escolas que conseguiram envolver o maior número de pessoas em prol das medidas de prevenção e combate. Prêmios? Celulares, pacotes de dados de Internet e computadores.
Projeto envolve agentes de saúde e catadores
Comparando-se ao mesmo período do ano passado, de janeiro a até 20 de abril, o número de infectados pela dengue aumentou 20% neste ano. A SES registra 2.981 casos prováveis de dengue, 310 casos prováveis de chikungunya e 79 casos prováveis de zika. “Se temos um problema de saúde pública nesse nível, precisamos pensar no combate em diversas frentes”, salienta Silvana dos Santos. O Projeto Zikamob envolve também os profissionais da vigilância em saúde e os catadores de resíduos sólidos.
Os agentes de combate às endemias serão os Agentes Amigos da Escola. Agirão conjuntamente com as escolas, em contato com os professores líderes do Zikamob, orientando os alunos através de palestras acerca do Zikamob, como evitar focos criadouros do mosquito, esclarecendo quanto aos sintomas das doenças, tirando dúvidas. A intenção é estreitar o relacionamento entre os agentes e a escola. Eles já passaram por uma fase de treinamento para se alinharem às ações do projeto.
Por outro lado, o acúmulo de resíduos sólidos representa outra ameaça à proliferação de criadouros. Potes jogados juntam água e se tornam propícios para a multiplicação de larvas. Por isso, o Zikamob fez uma parceria com a organização não-governamental “Pimp My Carroça” para implementar o uso do aplicativo “Cataki”. Pelo celular, as pessoas informam aos catadores que têm resíduos para serem recolhidos. O app faz essa “ponte” informando o local e quando os recicláveis podem ser recolhidos.
Os Agentes de Saúde também irão auxiliar com o cadastro dos catadores no Cataki.
Telefone celular: amigo ou inimigo?
Segundo Silvana dos Santos, a “aprendizagem móvel” é um “conceito-chave em intervenções que visem a mobilização da população para prevenção de doenças transmissíveis”, no qual o Zikamob está fundamentado. O mestrando Victor Albino, que integra o projeto, conta que a ideia surgiu em 2016, em plena epidemia de dengue e a descoberta da ocorrência das outras doenças transmitidas pelo mesmo mosquito.
“Eu fazia o estágio em uma escola para a graduação em Licenciatura em Biologia, sob a supervisão da professora Silvana. A dengue se proliferava e nós conversávamos buscando encontrar um meio de conscientizar as pessoas. E sabíamos que teríamos maior resultado se conseguíssemos aliar o celular, as redes sociais às pessoas”, fala Victor.
“Hoje entendemos perfeitamente que os celulares são a grande ferramenta de formação desse século. Os professores às vezes veem os celulares como grandes inimigos dentro da sala de aula… Mas estamos aprendendo a lidar com essa ferramenta porque a geração dos professores não nasceu nessa inovação digital e tem dificuldade de lidar com a ferramenta. Mas os alunos já trazem essa outra visão de mundo”, argumenta a professora Silvana.
Ascom SEECT/Fapesq
Foto: Divulgação