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diz novo presidente do CNPq Evaldo Ferreira Vilela
Coronavírus mostrou que Brasil precisa investir em ciência
Larissa Linder (Folha de São Paulo)
Crítico da postura do governo Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à pesquisa e aos cortes de verba para o setor, o recém-empossado presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Evaldo Ferreira Vilela, garante que assume o cargo para defender a ciência e que não haverá corte de bolsas neste ano. Não será tarefa fácil. Em agosto do ano passado, o Conselho chegou a suspender 4.500 bolsas de pesquisa por falta de dinheiro.
O Ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, disse, à época, ter “implorado” ao Ministério da Economia um crédito suplementar de 330 milhões de reais. Em outubro, acabaram sendo liberados 250 milhões, após pressão da comunidade científica. Entre 2011 e 2014, a verba destinada a bolsas via CNPq cresceu, impulsionada pelo programa Ciência sem Fronteiras, que tinha a meta de distribuir 100 mil bolsas até 2015.
O início da queda coincide com o fim do programa. O valor total, que atingiu um pico de 2,542 bilhões de reais em 2014, caiu gradativamente até chegar a 1,112 bilhão no ano passado.
Mas, independentemente do Ciência Sem Fronteiras, a queda é expressiva. O valor de 2010 —quando ainda não havia o programa—, atualizado pela IPCA, é de 1,683 bilhão de reais, ainda superior em mais meio milhão ao que foi concedido no ano passado. Em 2020, há 1 bilhão de reais orçado para cerca de 79 mil bolsistas.
Vilela assume no lugar de João Luiz Filgueiras de Azevedo, exonerado no dia 17 de abril, que estava à frente do órgão desde fevereiro de 2019. Antes, acumulava as funções de presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e da presidência do Conselho Nacional de Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap). Também foi reitor da Universidade Federal de Viçosa, entre 2000 e 2004, e é egresso da área de agronomia.
Em entrevista à DW Brasil, ele comenta os desafios da pasta e acredita que, com a pandemia de Covid-19, ficou evidente que é necessário que o país invista em pesquisa científica.
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