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I CECTI

CECTI 2024: evento de popularização da Ciência e Tecnologia conclui etapas em João Pessoa

publicado: 08/04/2024 10h38, última modificação: 08/04/2024 11h03
Relatório Final foi construído por relatores, em três cidades diferentes do Estado, e será apresentado na etapa Regional
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A Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação concluiu, nesta sexta-feira (5), o processo democrático de ouvir a sociedade para construir uma estratégia de ciência, tecnologia e inovação para a Paraíba e o Brasil. A terceira etapa, que aconteceu em João Pessoa, trouxe a consolidação do material que será apresentado durante a Conferência Regional, que acontece nos dias 2 e 3 de maio, em Recife. A Conferência é uma realização do Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties) e Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq) com o apoio de várias instituições parceiras.

Nas três etapas da estadual, que aconteceu em Sousa, Campina Grande e na Capital da Paraíba, os grupos de trabalho entraram em ação, após a apresentação dos painéis, com o desafio de fazer a relatoria de cada tema. Para cada eixo foi designado um relator cujo desafio será compilar as propostas e gerar um documento final descritivo. Esse trabalho deve seguir a metodologia usada nacionalmente, determinada pela Secretaria Geral da 5ª Conferência Nacional. Na Paraíba, são 12 relatores que compilarão os tópicos colocados pela comunidade científica, tecnológica e de inovação que participaram.

O secretário da Secties, Claudio Furtado, assegurou que este é um ano de grandes novidades na ciência, tecnologia e inovação na Paraíba, quando será requalificada a instituição do Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, e da lei que estabelece o fundo Paraíba Inova, o que deverá estar em funcionamento até o final deste ano. Além disso, será dada continuidade ao diálogo com a comunidade científica com as devolutivas a respeito das demandas apresentadas na Conferência Estadual de Ciência e Tecnologia.

“A ideia é que esse documento [o relatório final da CECTI] norteie, internamente, a construção de uma estratégia estadual de ciência, tecnologia e inovação. No segundo semestre nós retornaremos à comunidade com uma devolutiva para balizar essa estratégia com reuniões regionalizadas nos mesmos municípios, Sousa, Campina Grande e João Pessoa. Estamos escutando a comunidade e vamos devolver o que estamos compilando", esclareceu Claudio Furtado.

A construção da Conferência Estadual de Ciência e Tecnologia se deu em três etapas. A primeira em Sousa, a segunda em Campina Grande, e a final em João Pessoa. Cada etapa foi desenvolvida com base em quatro pilares temáticos: 1 - Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Regional; Eixo 2: Empreendedorismo Tecnológico e Reindustrialização; Painel Eixo 3: Tecnologia e Inovação para a saúde; Painel Eixo 4: Como a Ciência e a Tecnologia podem contribuir para a sustentabilidade ambiental.

A Conferência Estadual de Ciência e Tecnologia é um marco para a Paraíba, um estado que herda ações de pessoas dedicadas ao interesse coletivo como o professor Lynaldo Cavalcanti, que trabalhou pelo desenvolvimento da ciência e tecnologia.  Ricardo Padilha, coordenador geral substituto de Tecnologias Assistivas no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, ressaltou, em sua fala, a importância da contribuição do professor paraibano.

 “O conjunto de conferências de ciência, tecnologia e inovação visa ouvir a sociedade, elaborar estratégias nacionais e selecionar as prioridades. Entre elas eu destaco o desenvolvimento regional da ciência e tecnologia, e a Paraíba tem um grande exemplo. O professor Lynaldo Cavalcanti liderou um processo de inovação tecnológica no Brasil e o surgimento de grandes projetos científicos”, ressaltou Padilha.

Conselho Estadual de CT&I e Fundo Paraíba Inova serão instituídos

Comunidade de CT&I apresenta propostas

"Estamos aqui para discutir as políticas científicas, para nos unirmos como cientistas, tecnólogos e inovadores. Cada palestrante apresentou seu projeto e sabemos que não está tudo às mil maravilhas. Precisamos pensar coletivamente. Eu tenho dificuldades para executar o meu projeto e sei que todos têm reclamações. Esse é o momento em que o governo se coloca como parceiro, como ouvinte. E esse é o momento para pensarmos quais são os nossos problemas, fazer o diagnóstico para termos propostas para melhorar as nossas tarefas como pesquisadores, cientistas, empreendedores. Porque, fazer pesquisa nesse país é difícil."

A fala é de Amílcar Rabelo, um dos coordenadores do projeto para a construção do Bingo. O pronunciamento se deu no final da quinta-feira, (04), e alimentou a consciência crítica entre os participantes em direção aos propósitos maiores que norteiam as políticas em CT&I.

Os painelistas apresentaram pontos específicos, como na área das energias renováveis. Edmundo Coelho, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool-PB), destacou que a principal dificuldade nessa área, nesse momento, é o mercado. “Os investimentos não vão acontecer se não houver demanda para a energia. E hoje existe demanda para a produção de hidrogênio verde”, informou. Pele propôs a inclusão de políticas de análises específicas, como a medição de partículas geradas pela queima de combustíveis fósseis que respiramos, um fator extremamente prejudicial para a saúde e invisível como efeito causal.

Na área de inovação e empreendedorismo, o painel moderado pela gestora do Parque Tecnológico Horizontes de Inovação tratou, entre outros tópicos, da necessidade de reformulação da política de inovação na universidade para atender a falta de recursos humanos que tratem especificamente da inovação nas universidades e institutos de pesquisa. “As cargas horárias como professor em sala de aula se somam ao tempo em que os mesmos atuam em projetos de inovação provocando uma sobrecarga de trabalho. Precisa haver um equilíbrio da carga horária considerando que ele estará por um período de tempo ajudando a agência de inovação do IFPB [e das universidades em geral]. Em outras situações, é necessária a mudança da mentalidade institucional, mas tem que haver também a força da lei, como no caso  do reconhecimento por parte da instituição em considerar hora/aula o período em que os estudantes estiveram atuando em um projeto de inovação.  Não podemos trabalhar sempre com a pressão da falta do recurso financeiro, ressaltou o professor Valdecir Moreno (IFPB).

Ainda nesse tema, Kelly Cristiane Gomes da Silva (UFPB) ressaltou que falta comunicar para a comunidade o que é possível ser feito mediante o Marco Legal da Inovação, que oferece a possibilidade de os docentes participarem de startups. “Os Núcleos de Inovação, hoje Agências de Inovação nas universidades, são mais do que um setor responsável por fazer a proteção da tecnologia: a inovação é transversal ao ensino, à pesquisa, à extensão”, complementou Kelly Gomes.

No painel que abordou os rumos da pós-graduação o moderador Claudio Furtado, secretário da Secties, colocou como provocações os questionamentos: “Qual o modelo de pós-graduação que nós queremos e que possa instrumentar as universidades para cumprir seu papel de atender a questão da reindustrialização?” Uma solução que dialogue enquanto integrante da tríplice hélice dentro de um modelo de inovação que une a universidade, a indústria e o governo. “E qual o modelo de pós-graduação que possa atender a produção de conhecimentos baseados nesse novo mundo que vivemos?”

Francisco Jaime Bezerra Mendonça Júnior, Pró-reitor na Universidade Estadual da Paraíba, colocou que o modelo vigente precisa de ajustes: “Associar os estados ao Plano Nacional de Pós-graduação (PNPG), que terá vigência entre 2024 e 2028, é uma orientação importante. Dentre os desafios do PNPG, vou elencar três: como ampliar as interações com o mundo do trabalho? Como fazer com que os estudantes que terminam a graduação tenham interesse pela pós-graduação? Um dos problemas era o valor das bolsas de estudo, extremamente defasados, os quais foram corrigidos em 2023, porém ainda não suprem as necessidades para o estudante se dedicar exclusivamente à pesquisa. Outro gargalo é que o tempo empregado para fazer o mestrado ou o doutorado não é contado como tempo previdenciário, isso deve ser corrigido”, propôs Francisco Jaime.

Juntamente com os demais painelistas representantes da UFPB, IFPB, UFCG e Unipê, Claudio Furtado concluiu: “Precisamos refletir se a concentração de determinadas áreas de pós-graduação responde ao interesse da sociedade ou da universidade?” É preciso abrir novos locais de trabalho para que essas pessoas qualificadas com mestrado e doutorado atuem na indústria. Enfim, é preciso fazer com que a sociedade perceba os impactos positivos que a pós-graduação está exercendo sobre ela.

Projeto Limite do Visível - Durante a solenidade de abertura da última etapa estadual, em João Pessoa, na quinta-feira (4), o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, Claudio Furtado, anunciou o edital que vai selecionar 400 estudantes para o Projeto Limite do Visível.

O Projeto Limite do Visível é uma iniciativa do Governo da Paraíba e contempla um dos gargalos apontados durante a conferência, que é a profissionalização do estudante. O tema é amplificado pela problemática da continuidade do estudante de graduação na carreira científica e a inserção do estudante de pós-graduação no mercado de trabalho, entre outras, e foi debatido durante o painel “Novos rumos da pós-graduação para o desenvolvimento regional”, na sexta-feira.

Por meio do Limite do Visível, os estudantes egressos da rede estadual de ensino têm a oportunidade de ingressar em dois cursos tecnólogos: Análise e Desenvolvimento de Sistemas e de Ciência de Dados. No curso eles irão se deparar com problemas reais da sociedade e serão incentivados a apresentar soluções. “Essa é uma iniciativa inovadora, apoiada pelo nosso governador João Azevêdo, que tem mostrado a importância da área de ciência e tecnologia e inovação com os aportes financeiros das mais diversas áreas”, disse Claudio Furtado.

Texto: Márcia Dementshuk (Ascom Secties)

Fotos: Mateus de Medeiros