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Bingo: contratos com a China estão prestes a serem fechados
O projeto do radiotelescópio Bingo, que será instalado na zona rural de Aguiar, município do Vale do Piancó, se aproxima de um momento importante, em que os contratos para o fornecimento da estrutura serão assinados com uma empresa chinesa. A previsão é de que isso ocorra ainda este mês, mas, enquanto isso, profissionais e estudantes da Universidade Federal de Campina Grande realizam atividades preparatórias para a instalação e também vão a escolas para conversar com crianças em um trabalho de divulgação científica. Interrompidas pela pandemia, essas visitas já estão sendo retomadas em Campina e na própria Aguiar.
A estrutura do Bingo será fornecida pela empresa CETC 54. “Ela construiu o maior radiotelescópio do mundo, o Fast, que fica na China”, explica Amilcar Rabelo de Queiroz, professor do Departamento de Física da UFCG que é também um dos coordenadores do Bingo. “O Bingo é uma colaboração internacional entre vários países, principalmente entre Brasil e China”.
Também está sendo adquirida com a mesma empresa uma usina de energia solar. Como será montado em região isolada, para não sofrer com interferência de sinais produzidos pelo ser humano, não há energia elétrica no local. A energia solar é que vai fazer tudo funcionar. O Uirapuru, laboratório auxiliar do Bingo já em funcionamento na UFCG, já opera com um regime misto. “Ele pode funcionar independente da rede elétrica ou junto com ela”, conta Queiroz.
“O Uirapuru está servindo para fazermos vários testes de procedimentos”, continua o professor. “A gente fez um pedido aos estudantes do curso de Engenharia Elétrica e eles implementaram esse sistema com painel solar”.
Também estão em testes os diversos sensores que vão acusar qualquer mau funcionamento do equipamento. Sensores de temperatura, voltagem, umidade, vibração, também implementados pelos estudantes. “Eles vão monitorar toda a saúde do equipamento”, explica, adicionando que são sensores que podem ser usados por qualquer pessoa. “E são baratos! As peças do ‘lego’ estão aí no mercado. É saber montar”.
Divulgação científica
Após a Semana Santa serão retomadas as ações de divulgação científica junto às escolas de Aguiar. “Com o apoio do Governo do Estado, um dos pontos que ficou como contrapartida foi justamente fazer esse trabalho com as escolas”, diz Queiroz. Em Campina, as visitas recomeçaram semana passada. Uma “turnê” passará também, a princípio, por unidades de ensino das cidades de Cajazeiras, São Vicente do Seridó e Taperoá.
Para Luciano Barosi, também professor do Departamento de Física da UFCG e coordenador do Bingo na Paraíba, a iniciativa não apenas leva noções de astronomia para crianças, mas pode ajudar a despertar nelas a vontade de trabalhar na área, no futuro. “As visitas são voltadas para o conhecimento da astronomia em geral. As crianças adoram”, conta, explicando que os cientistas levam sempre atividade práticas. “Falamos também sobre a importância da ciência básica e da tecnologia e sobre mulheres na ciência. Geralmente, o único nome que eles conhecem é o de Einstein”.
“Projetos dessa envergadura precisam ser motivadores”, completa Amílcar Queiroz. “As pessoas no local precisam saber o que é aquilo que está sendo construído. É um projeto da humanidade. Além disso, somos professores: então queremos que os estudantes se engajem e se motivem”.
Renato Félix (Assessoria SEC&T)