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Banco de dados vai reunir DNA de todas as espécies da flora da Amazônia

publicado: 06/03/2018 15h03, última modificação: 19/10/2018 09h55


Pesquisadores vão coletar a informação molecular (código genético no DNA) das espécies de árvores conhecidas na Amazônia e produzir um banco de dados. Isso significa melhorar a definição e a descrição, além de permitir o desenvolvimento de ferramentas para o conhecimento dessas espécies. A iniciativa é do Centro de Biodiversidade Naturais da Holanda em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Outras instituições da Colômbia, Europa e Estados Unidos que possuam coleções da flora Amazônia também vão participar.

O projeto “The DNA-mark” vai obter a informação genômica de amostras de todas as espécies de árvores da Amazônia presentes em museus e herbários ao redor do mundo. “O acúmulo de dados moleculares ao longo do tempo irá exigir um refinamento contínuo, porque a flora ainda é incompletamente conhecida, e muitas espécies ou são conhecidas de poucas amostras ou tão pouco estudadas que suas definições são frágeis”, explicou o pesquisador Alberto Vicentini, do Inpa.

Segundo ele, a definição de uma espécie é feita pelos taxonomistas e sistematas, que precisam, utilizando teoria evolutiva e dados, delimitar as espécies, ou seja, definir as amostras nos herbários que pertencem à mesma espécie. Os herbários são os repositórios da informação sobre a diversidade conhecida hoje na Amazônia.

“Não é um processo fácil, e, atualmente, a maioria das espécies foi delimitada apenas usando dados morfológicos. Dados genéticos (ou moleculares) trazem uma forte fonte de evidência para desvendar a biodiversidade amazônica”, acrescentou Vicentini.

O projeto propõe coletar apenas três amostras por espécie e, com isso, gerar a base sobre a qual uma nova taxonomia pode ser construída. É apenas o início de um processo.

Para Vicentini, a ferramenta inovaria o conhecimento adquirido ao longo das últimas três décadas. “A Amazônia, apesar da grande diversidade biológica, ainda é um lugar onde o conhecimento sobre a biodiversidade é muito incipiente. A iniciativa traz possibilidades de inovação tanto na forma como o conhecimento é produzido, quanto na aceleração do processo”, afirmou.

De acordo com o pesquisador Tom Gilbert, da Universidade de Copenhague, o projeto “The DNA-mark” visa a um sistema interativo que reúna os resultados e modelos detalhados das espécies amazônicas para toda comunidade científica. Segundo ele, uma das principais dificuldades que a comunidade cientifica enfrenta é o conhecimento incompleto sobre o grande número de espécies amazônicas. Na avaliação de Gilbert, o conhecimento é fragmentado, pois muitos dos dados são mantidos entre um pequeno número de especialistas. O pesquisador garante que o “The DNA-mark” vai eliminar essas barreiras ao fornecer o DNA de todas as espécies na Amazônia. “Começando com as 10 mil espécies de árvores que já se tem conhecimento”, disse.

MCTIC