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Aumento da temperatura das águas do Atlântico reforça previsão de seca na região Nordeste

publicado: 29/03/2017 12h28, última modificação: 19/10/2018 09h51


As chuvas na região Nordeste devem ficar abaixo da média histórica entre os meses de abril e junho, agravando a seca no semiárido. A informação foi divulgada nesta terça-feira (28) pelo Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (GTPCS). O dado é preocupante uma vez que o próximo trimestre é considerado o período chuvoso na região.

Segundo a meteorologista Renata Tedeschi, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), a temperatura do Oceano Atlântico tem impacto direto na quantidade de chuva que atinge o Nordeste. Com o aquecimento das águas superficiais, a Zona de Convergência Intertropical (ZCI) se forma mais ao norte, carregando a umidade para outros locais.

"O que os modelos indicam é que as águas do Atlântico Tropical Norte vão aquecer e que a zona vai ficar, mais uma vez, ao norte. Por isso tem chovido menos no Nordeste", explicou. "Desde fevereiro há o indicativo de menos chuvas nessa região, e isso é alarmante, pois o período de chuvas nessa área segue até junho", completou.
Como consequência, a situação hídrica deve ficar ainda mais fragilizada na região. A equipe do GTPCS alerta para a redução dos volumes dos reservatórios, afetando as atividades agropecuárias no semiárido brasileiro, especialmente no norte do Espírito Santo e de Minas Gerais, centro-leste do Piauí, oeste de Pernambuco, nordeste da Bahia e leste de Alagoas e Sergipe. "Já estamos nos encaminhando para o sexto ano de seca no Nordeste, especialmente no semiárido. As atividades agropecuárias sofrem muito com essa condição. Há o risco de perda de safras, uma vez que o plantio começa agora em abril", afirmou Renata Tedeschi.

Norte

Já a região Norte pode ter uma das maiores cheias nos próximos meses. Embora os estados do Amapá e Roraima e as porções norte do Amazonas e do Pará tenham precipitações inferiores à média histórica, os modelos previstos pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) ainda indicam a possibilidade os rios amazônicos alcançarem volumes recorde neste ano.

"A curva do Cemaden está muito próxima das curvas das piores cheias da região. Sabemos que haverá uma grande vazão, mas, para ser recorde, depende do volume de chuvas. Não podemos prever o comportamento climático na região central da Amazônia, mas a tendência ainda é que haja uma cheia significativa lá", observou Renata.
Participam do GTPCS do MCTIC especialistas do Cemaden, Inpe e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). O relatório completo pode ser acessado aqui.

Fonte: MCTIC