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ARTIGO CIENTÍFICO - DA CIÊNCIA PARA VOCÊ

Apropriação pelos Futuros Professores de Matemática da abordagem do Ensino Exploratório em processo de Estudo de Aula

publicado: 20/10/2025 08h00, última modificação: 17/10/2025 15h08
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Autores: Aluska Macedo (professora da UFCG - Campus Cuité); Marisa Alexandra Ferreira Quaresma (professor no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa);  Regina da Silva Pina Neves (professora do Departamento de Matemática da UnB) e João Pedro Mendes da Ponte (professor de Didática da Matemática do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

A formação que o futuro professor (FP) de Matemática recebe na universidade compõe uma  das  etapas  da  formação  docente,  sendo  o  primeiro  processo  formal  e  sistematizado  de aprendizagem da docência, fundante para a sua constituição identitária do “ser professor(a)”,sendo um passo importante para o seu desenvolvimento profissional. A formação inicial deve integrar  formadores  de  professores,  FP  e  professores  da  educação  básica  na  construção  de conhecimento a partir de uma postura investigativa que seja capaz de interpretar e teorizar as diferentes práticas requeridas pela universidade e pela escola.

Nesse  ensejo,  o  Estudo  de  Aula  (EA)  pode  ser  integrado  na  formação  inicial  como processo  formativo  de  natureza  colaborativa  e  reflexiva,  vinculando  teoria  e  prática  com  o intuito  de  compreender,  de  modo  aprofundado,  tanto  a  aprendizagem  dos  alunos  quanto  o ensino e os programas curriculares, sendo realizado, coletivamente por professores em serviço, FP e formadores de professores (Lewis, Perry & Hurd, 2009). Sua pertinência para a formação inicial  de  FP  em  disciplinas  como  Iniciação  à  Prática  Profissional  e Estágio Curricular Supervisionado  tem  vindo  a  ser  discutida  (Ponte,  2017; Pina  Neves  &  Fiorentini,  2021; Quaresma  et  al.,  2022)  verificando-se  que  o  EA  promove  aprendizagens profissionais relevantes, especialmente, quanto às abordagens de ensino, à seleção, adaptação e construção de tarefas e à coordenação de discussões coletivas. Ademais, a participação em vários EA e/ou o desenvolvimento de  disciplinas  em  processo  de  EA  por  vários  semestres  amplia  a compreensão dos participantes sobre o processo em si, qualificando a participação, a gestão do tempo e o domínio do conhecimento do conteúdo (Pina Neve set al., 2022; Ponte, Quaresma & Mata-Pereira, 2023).

Todos  estes  resultados,  aliados  à  natureza  colaborativa  do  EA  e  às  possibilidades  de comunicação on-line via plataformas digitais motivou os autores deste artigo a iniciarem, em 2022, intercâmbios  acadêmicos integrando duas instituições brasileiras  e uma portuguesa na realização de aulas comuns no âmbito das disciplinas que ministram envolvendo EA. Assim, integram  FP  e  formadores  de  professores  em  ações  de  estudo,  planejamento  e  discussão  de aulas  tendo  o  currículo  da  educação  básica  de  ambos  os  países como referência.  As experiências  já  realizadas  se  mostraram valiosas  para  os  participantes  e  têm  promovido aprendizagens  para  os  FP  no  que  tange à realização  de  um  planejamento  minucioso, valorizando  a  escolha  das  tarefas  matemáticas  e  sua  influência  na  qualidade  da  atividade matemática vivenciada pelos alunos (Ponte et al., 2023).

No  seguimento  deste  intercâmbio,  temos  como  objetivo  neste  estudo  compreender como os FP desenvolvem o seu entendimento de uma aula, seguindo a abordagem exploratória, focando-se na natureza das tarefas, na estrutura da aula e discussão coletiva, no contexto das discussões  promovidas  no  intercâmbio  entre  FP  de  duas  universidades  brasileiras  e  uma portuguesa; o intercâmbio foi realizado em 2023. O estudo é de natureza qualitativa e interpretativa, desenvolvido em três aulas virtuais gravadas e degravadas. Os dados foram recolhidos, também, de formulários respondidos pelos futuros professores. Para fins de análise, optamos por assumir os pontos de maior discussão entre os futuros professores, entendendo-os como conflituosos ou de difícil compreensão sobre a abordagem exploratória. Como resultados, obteve-se que o intercâmbio contribuiu para melhor compreensão do ensino exploratório pelos futuros professores a partir das discussões realizadas.

Resumo do Currículo de Aluska Dias Ramos de Macedo Silva - Universidade Federal de Campina Grande

Natural da cidade de Campina Grande - PB. Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Estadual da Paraíba (2009). Mestrado em Educação na área de Didática da Matemática pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Doutora em Educação Matemática e Tecnológica na área de Didática da Matemática pela Universidade Federal de Pernambuco. Realizou Doutorado Sanduíche na University of Copenhagen. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Campina Grande - Campus Cuité. Investigadora dos seguintes temas: formação de professores de Matemática. Didática da Matemática. Desenvolvimento profissional do professor de Matemática. Lesson Study ou Jugyou Kenkyuu. Engenharia Didática. Grandezas e medidas. Pensamento algébrico. Representações. Currículo. Membro do Projeto "Lesson Study na Formação Inicial e Continuada do(a) Professor(a) de Matemática: reflexão e colaboração em prol do desenvolvimento profissional docente" UnB-UFCG (2023-2024). Participa do GIEM  Grupo de Investigação em Educação Matemática - UnB.

Resumo do Currículo de Marisa Quaresma - Universidade de Lisboa

Doutora em Educação, especialização em Educação Matemática, investigador e professor auxiliar no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Leciona disciplinas de matemática e métodos de investigação no Mestrado em Educação Matemática. Os seus principais interesses de investigação centram-se no desenvolvimento profissional de professores, com especial enfoque nos estudos de aula, no ensino de números racionais e no desenvolvimento do raciocínio matemático dos alunos.

Resumo do Currículo de Regina da Silva Pina Neves - Universidade de Brasília

Licenciada e Especialista em Matemática pela UFG. Mestre em Educação e Doutora em Psicologia pela UnB. Realizou estágio de pós-doutoramento em Educação em Ciências, Matemática e Tecnologias pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é professora associada do Departamento de Matemática da UnB. Docente do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Exatas, Mestrado Profissional em Matemática em Rede (PROFMat/IE/UnB); Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática no Tocantins (PPGEMaT/TO); Líder do Grupo de Investigação em Ensino de Matemática da UnB (GIEM) e Membro do Grupo de Pesquisa Prática Pedagógica em Matemática (PRAPEM/FE/Unicamp). 

Resumo do Currículo de João Pedro da Ponte - Universidade de Lisboa

Doutor em Educação Matemática pela Universidade da Georgia (EUA) (1984) sendo professor catedrático de Didática da Matemática do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Foi Diretor deste Instituto e professor visitante em Universidades no Brasil e Espanha. Coordenou projetos de investigação de Didática da Matemática, Formação de Professores e TIC. Dirigiu 48 teses de doutoramento e 91 trabalhos de mestrado. Tem investigado sobre a prática profissional, conhecimento e desenvolvimento profissional do professor, com especial atenção aos estudos de aula e ao ensino-aprendizagem dos números, álgebra e raciocínio matemático. Publicou livros, capítulos e artigos em revistas como Educational Studies in Mathematics, ZDM, Journal of Mathematics Teacher Education, RELIME, Acta Scientiae e BOLEMA. Foi autor da proposta de adaptação do Processo de Bolonha na formação inicial de professores. Coordenou a equipa que elaborou o programa de Matemática do ensino básico em 2007. Colabora com a Associação de Professores de Matemática (APM), sendo membro do Grupo de Trabalho de Investigação (GTI).

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